Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > esportes > INTERNACIONAL

Ricardo Teixeira é banido do futebol e recebe multa de R$ 4,2 milhões

Investigação se refere a esquemas de corrupção e pagamentos de propinas em contratos de televisionamento para torneios da CBF, Conmebol e Concacaf

A Fifa anunciou nesta sexta-feira (29) que o ex-presidente da CBF Ricardo Teixeira está banido pelo resto da vida de qualquer atividade ligada ao futebol. Ele também foi multado em 1 milhão de francos suíços (R$ 4,25 milhões).

A decisão foi tomada pelo comitê de ética da entidade. Teixeira comandou a CBF de 1989 a 2012. Ele também foi integrante do comitê executivo da Conmebol (Confederação Sul-Americana) e da própria Fifa.

Leia também

A investigação contra o brasileiro se refere a esquemas de corrupção e pagamentos de propinas em contratos de televisionamento para torneios da CBF, Conmebol e Concacaf (Confederação da América do Norte, Central e do Caribe).

Outros dirigentes já receberam banimentos da Fifa, como Michel Platini, ex-presidente da Uefa, e Joseph Blatter, ex-presidente da Fifa, mas com penas mais brandas: ambos receberam seis anos de afastamento de qualquer atividade relacionada ao futebol.

Trata-se de uma resposta da entidade máxima do esporte aos processos abertos pelo FBI nos Estados Unidos contra seus dirigentes. O sucessor de Teixeira na CBF, José Maria Marin, está preso na Pensilvânia, condenado por corrupção.

O comitê de ética chegou à conclusão de que Teixeira feriu o código de conduta da associação. Ele não poderá mais estar envolvido em qualquer aspecto do futebol profissional, seja esportivo ou administrativo.

O relatório da Fifa não cita nomes de testemunhas ou empresas que pagaram suborno. Um dos depoimentos diz que Ricardo Teixeira tinha instruções "pouco usuais e estranhas" para receber as propinas.Segundo a testemunha, o dirigente pedia que o dinheiro fosse depositado "em destinos como o Oriente Médio, na Ásia, em Andorra e sempre em benefício de pessoas que tinham nomes muito comuns em chinês ou em regiões em que era impossível saber quem era realmente [o beneficiário]".

"Nós tivemos muitos problemas com bancos que não queriam mandar dinheiro de tempos em tempos para destinos exóticos", afirmou a testemunha.Ainda de acordo com a entidade, quando deixou a CBF, em 2012, Ricardo Teixeira recebia US$ 600 mil (cerca de R$ 2,4 milhões em valores atuais) por ano pelo contrato de televisionamento da Copa Libertadores.

"Pelo esquema relativo à Copa Libertadores, o senhor Teixeira aceitou receber um total de US$ 4,2 milhões (R$ 16,8 milhões) entre 2006 e 2012", divulgou a Fifa.

O relatório também cita pagamentos de US$ 1 milhão (R$ 4 milhões) por votos para que o Qatar fosse escolhido como sede da Copa do Mundo de 2022 e subornos pelos contratos de direitos de transmissão da Copa do Brasil.

A conclusão da Fifa é que Teixeira, Marin e Marco Polo del Nero (também ex-presidente da CBF) "solicitaram e receberam" subornos em conexão com contratos da Copa do Brasil de 2013 a 2022 por R$ 2 milhões ao ano [...] Do total, a parte de Teixeira era R$ 1 milhão por ano".

Em carta enviada à Fifa, o escritório de advocacia que defende Ricardo Teixeira disse que o ex-dirigente jamais foi processado ou julgado, "apesar do indiciamento sem evidência", e que não teve permissão para analisar as evidências, interrogar testemunhas e se defender quando os depoimentos foram coletados.Teixeira nega todas as acusações, e seus advogados as definem como "suposições feitas por advogados dos Estados Unidos".

"O senhor Teixeira jamais recebeu propinas ou praticou corrupção em relação aos fatos apresentados nesse caso", escreve a defesa do ex-cartola.Ricardo Teixeira chegou à presidência da Confederação Brasileira em 1989, apoiado por seu sogro e então presidente da Fifa, João Havelange. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo publicada em 1991, o dirigente gastou 2 milhões de dólares na campanha (R$ 8,4 milhões em números atuais).

Durante sua gestão, a seleção brasileira conquistou os títulos mundiais de 1994, nos Estados Unidos, e de 2002, na Coreia e Japão.Em 2000, Teixeira enfrentou uma CPI instalada na Câmara para investigar supostas irregularidades no contrato entre a CBF e a Nike, empresa de material esportivo patrocinadora da CBF. O presidente da entidade também deporia na CPI do Senado, na qual fora acusado de apropriação indébita dos recursos da confederação, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, entre outros crimes.

Em 2001, a CBF assinou novo acordo de patrocínio com a AmBev por cerca de 180 milhões de dólares por 18 anos. O presidente da entidade disse que o acordo não tinha intermediários, mas a Folha de S.Paulo revelou em junho do mesmo ano que uma empresa do economista Renato Tiraboschi, ex-sócio e amigo do cartola, recebeu US$ 8 milhões.

O presidente da entidade também deporia na CPI do Senado, na qual fora acusado de apropriação indébita dos recursos da confederação, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, entre outros crimes.

Apontada como a possível grande vitória de sua era no comando da CBF, o Brasil foi escolhido em 2007 para sediar a Copa do Mundo de 2014.Reportagem da Folha de S.Paulo publicada em janeiro de 2012 apresentou documento que revelava que uma fazenda do cartola era o elo entre ele e a Ailanto Marketing, empresa investigada por superfaturar o amistoso da seleção brasileira contra Portugal, em 2008.

A Ailanto foi fundada por Sandro Rosell, ex-executivo da Nike e ex-presidente do Barcelona. Preso em 2017, o catalão repassou pelo menos R$ 23,8 milhões a Teixeira e seus familiares. Ambos se conheceram no fim da década de 1990, quando Rosell veio ao Brasil como funcionário da Nike, patrocinadora da CBF.

Somado ao caso da Ailanto, o dirigente enfrentou a ameaça do então presidente da Fifa, Joseph Blatter, de revelar que Teixeira recebeu suborno da ISL, antiga agência da Fifa para as Copas do Mundo e que faliu em 2001. Blatter e a Fifa, porém, não levaram adiante a ameaça.

Em março de 2012, dias após pedir licença por problemas de saúde, Ricardo Teixeira renuncia à presidência da CBF. José Maria Marin e Marco Polo Del Nero, sucessores do genro de João Havelange, também terminaram envolvidos no Fifagate.

Acusado por delatores na Justiça dos Estados Unidos, entre eles o ex-amigo e empresário J. Hawilla (1943-2018), de ter recebido propina na venda de direitos comerciais da CBF, Teixeira passou a ser investigado em pelo menos quatro países (EUA, Espanha, Uruguai e Suíça).

Em entrevista à Folha de S.Paulo em 2017, ele negou o recebimento de propinas e descartou seguir o exemplo de outros cartolas e fazer delação premiada nos Estados Unidos."Tem lugar mais seguro que o Brasil? Qual é o lugar? Vou fugir de quê, se aqui não sou acusado de nada? Você sabe que tudo que me acusam no exterior não é crime no Brasil. Não estou dizendo se fiz ou não", afirmou o ex-presidente da CBF.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Tags

Relacionadas