Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
HOME > blogs > LETRAS DE ALAGOAS
Imagem ilustrativa da imagem NUVENS | Miguel Gustavo de Paiva Torres

BLOG DO
Letras de Alagoas

Sobre o autor

Letras de Alagoas O blog Letras de Alagoas é um espaço alinhado a Academia Alagoana de Letras voltado a divulgação da literatura contemporânea, seus autores, a produção literária em prosa, verso, história e crítica. Aberto ao debate de temas da atualidade, o blog também explora as curiosidades etimológicas da língua portuguesa o neologismo cibernético e preciosidades da língua vulgar nordestina.

NUVENS | Miguel Gustavo de Paiva Torres

Na infância e na velhice, inicio e final da viagem.Na luz e na sombra, quando ainda existia verão e céu, deitado em redes, absorto em brancas nuvens.Era possível sentir o cheiro das cores, pingando em arco íris.O sabor do som transistorizado no radinho de pilhas japonês.Lembro bem a primeira vez em que vi cavalos galopando no céu de Maceió.
Nuvens esculpidas pela ventania viajando para o leste, dissipando cavalos formando dragões.Barcos cinza e negro navegando sobre os mares, cobrindo o sol, trovão, raios, temporal, carnaval chegando, pura emoção.
A ereção instantânea na imaginação do pássaro mergulhando no mar. Mar e Sol.Alimento e acasalamento, cavalo marinho, corais.O olho do peixe olhando em volta, deslizando no bico da gaivota, sabendo mais do que jamais saberemos sobre o movimento da lua e das marés, no vai e vem da vida e da morte.
A primeira vez e a última vez em que escutei Mar e Céu, bolero clássico de Júlio Rodriguez imortalizado pelo Trio Los Panchos, em um restaurante na Cidade do México, fiquei encantado pela música, letra e harmonia, simples e leves como brisa de verão.O mar, por mais que queira, nunca se encontrará com o céu.
Ao longe, no horizonte, parece tocar o céu.Mas nunca o tocará.Assim é o amor absoluto e a verdade universal.Assim como o mar nunca tocaremos o céu.

Só nos resta deitar em redes e observar as nuvens viajando no som e na luz eterna; batidas do coração e movimento perpétuo nas cordas do piano, nas cordas do violão.

Uma única música repartida em milhões de possibilidades, talvez infinitas melodias na dança das esferas, cálculos e ritmos precisos como a perfeição inatingível do encontro entre o céu e o mar.
.
Miguel Gustavo de Paiva Torres

Sou alagoano de Maceió, cursei direito na UFAL, trabalhei como jornalista e tomei posse como diplomata de carreira em fevereiro de 1976, no Rio de Janeiro, servi por diversas vezes em Brasília, na sede do MRE, na Costa do Marfim, Alemanha Federal, México, Lisboa, Praga, Jakarta, Havana, Panamá e Santa Lúcia. Embaixador na República do Togo, aposentado em 2018.

Continuar Lendo
Mais Posts