O Ministério Público do Rio investiga mais uma quadrilha que desviava dinheiro público da saúde. Dessa vez, a investigação indica que o dinheiro era de clínicas conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS) em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio. Como mostrou o RJTV desta quinta-feira (25), as clínicas geravam um registro de consultas que nunca aconteceram e políticos que estavam envolvidos no esquema embolsavam o dinheiro. Entre os suspeitos de participarem do esquema estão três secretários de Saúde de São Gonçalo.Pelos cálculos do Ministério Público, a fraude chegou a R$ 35 milhões.
A Clínica Porto da Pedra, em São Gonçalo, atualmente, é um prédio abandonado. A unidade foi descredenciada do SUS depois que investigadores descobriram que ela recebia por atendimentos que nunca foram feitos.
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Um morador, que tem medo de mostrar o rosto, foi uma das vítimas de fraude. Nos arquivos da Clínica, há registros de que ele foi atendido mais uma vez por um ortopedista, mas a consulta só existiu no papel.
Ele alega que nunca frequentou a Clínica Porto da Pedra para fazer exames ortopédicos, mas havia registro em seu nome, inclusive, de um exame de Raio-X.
Também foram descredenciados a Clínica Médica e Oftalmológica Veja Bem, a Clínica Médica Odontológica Barro Vermelho e o Laboratório de Análises Clínicas Dr. Nívio Pedro Martini.
Pelos cálculos do Ministério Público, a fraude chegou a R$ 35 milhões. O esquema funcionava da seguinte forma: funcionários copiavam a assinatura dos pacientes atendidos em clínicas conveniadas ao SUS e, com essas assinaturas falsas, eles lançavam no sistema consultas que nunca foram feitas, mas que eram pagas às clínicas, com o dinheiro do SUS. O grupo também fazia pedidos falsos de exames e o dinheiro pago aos laboratórios ficava com a quadrilha.
As fraudes também incluíam o escritório de advogados Oliveira e Prates, assessoria jurídica. Ele seria responsável por organizar a papelada que era enviada ao SUS. A sede deveria ficar no bairro Jardim Alcântara, na Rua Jovelino de Oliveira Viana, 200, só que o endereço do escritório não existe. A empresa de fachada foi criada pra facilitar a captação de dinheiro. Os registros mostram que mesmo sem sede nem funcionário, a conta bancária do escritório recebeu R$ 640 mil em três anos.
Dinheiro desviado serviu para campanhas políticas
O Ministério Público constatou que o dinheiro desviado do SUS serviu pra financiar campanhas políticas do ex-vereador de São Gonçalo Aristeo Eduardo Teixeira da Silveira, o Eduardo Gordo; que chegou a ser presidente da Câmara, e também na campanha do filho dele, o deputado estadual Aristeu Raphael Lima da Silveira, o Rafael do Gordo, do PMDB.
Os investigadores dizem que Eduardo Gordo comprou imóveis com o dinheiro desviado da saúde. Um deles é um terreno que fica em Cachoreiras de Macacu.
Entre os acusados ainda estão Ana Maria Viegas de Lima; que é mãe do deputado Rafael do Gordo; o ex- procurador do município e ex-secretário de habitação de São Gonçalo, Alberto Carlos Porto Diaz André; e três ex-secretários de saúde do município: Paulo César de Castro, Einars Wilis Sturms e Marcio Panisset.