Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > POLÍTICA

Voto já estaria sendo negociado em Alagoas a mais de R$ 200

Aumento da pobreza no Estado inflacionou a negociação; Justiça eleitoral pede que cidadãos denunciem aliciadores e cabos

Nesta reta final da campanha política das eleições gerais, uma das preocupações da justiça eleitoral são os “cabos eleitorais” que dizem possuir o controle de votos em regiões pobres e de favelas. Com o aumento da miséria no Estado [1,8 milhão de alagoanos inscritos no CadÚnico], a compra de voto ficou inflacionada. Os eleitores não querem mais saber de “presentinho”, dentadura, cerveja... O negócio agora é com dinheiro vivo.

De acordo com o analista político Marcelo Bastos, o voto, que custava entre R$ 30 e R$ 50, estaria sendo negociado pelos “cabos eleitorais” por preços que variam de R$ 200 até R$ 300. Além de assediar eleitores, os supostos cabos eleitorais abordam também candidatos com promessas de quantitativos invejáveis de votos. Não há como provar o negócio clandestino de compra e venda de votos nas áreas pobres sem denúncia formalizada.

Leia também

Porém, o assunto é voz corrente nas comunidades e já chegou aos ouvidos até de analistas políticos. Os supostos aliciadores voltaram a frequentar as regiões de miséria extrema e prometem aos que se submetem ao cadastro deles: cestas básicas, material de construção, transportes para eleitores tirarem documentos em órgãos públicos, pagar contas atrasadas de energia elétrica, comprar remédios mediante apresentação de receitas e empregos. Todavia, muitos que admitem, no anonimato, a transação por conta da miséria, preferem dinheiro vivo. As ações são clandestinas e a Polícia tem dificuldade de flagrar.

CESTAS

Os analistas políticos avaliam que nesta reta final de campanha eleitoral alguns candidatos vão “para o tudo ou nada” na tentativa de conquistar eleitores e estão sujeitos a golpes. Uma das denúncias concretas partiu do candidato ao governo de Alagoas, senador Rodrigo Cunha (UB).

O candidato entrou na justiça, no último dia 17, para proibir o governo do Estado de distribuir cestas básicas praticamente em cima das eleições. O fato chamou a atenção das entidades assistencialistas. No período crítico da pandemia do coronavírus [entre 2020 e 2021], mais de 100 entidades de favelados, moradores de rua, trabalhadores rurais, abrigos, ingressaram na justiça com uma ação via Centro de Defesa de Direitos Humanos Zumbi dos Palmares, a fim de conseguir cestas básicas e parcelas do Fundo de Combate a Pobreza.

A ação não prosperou na justiça. Apesar das promessas das autoridades, até hoje as entidades afirmam que nunca chegaram ações concretas e perenes de socorro alimentar ou programas de Estado de combate à miséria. O governador-tampão, Paulo Dantas (MDB), candidato à reeleição, através da assessoria de comunicação, rebateu as críticas do adversário político. Segundo o governador, as cestas básicas fazem parte do “Pacto contra a Fome”.

O programa consiste no conjunto de ações com o objetivo de mudar a realidade de centenas de alagoanos que vivem na extrema pobreza e é divulgado também no horário da propaganda política.

Além das 109 mil cestas básicas mensais, o pacto conta com dois restaurantes populares, que servem mais de cinco mil refeições por dia ao preço de R$ 2 cada uma. Também prevê a continuidade do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), beneficiando aproximadamente seis mil agricultores familiares de forma direta e mais de 28 mil famílias de forma indireta, compreendendo produtores e consumidores; e a oferta de microcrédito de R$ 1.000,00 para iniciar um pequeno negócio.

O MDB também atacou o candidato do UB ao considerar a ação para barrar a distribuição de cestas básicas como “desumana” e afirmou que “o candidato que nada fez por alagoanos agora quer atrapalhar”. Alagoas tem 3,3 milhões de habitantes. Segundo o CadÚnico, cerca de 1,8 milhão de pessoas está em situação de insegurança alimentar.

Desse total, mais de 500 mil recebem o Auxílio Brasil (antigo Bolsa Família] e mais de R$ 1,2 milhão de alagoanos sobrevive com renda inferior a R$ 85/mês. Nas áreas pobres, os eleitores que não querem ser identificados não escondem que se forem procurados pelos “aliciadores” com dinheiro vivo vão pegar. “Voto é secreto”, disse uma moradora da favela Sururu de Capote, no bairro do Vergel do Lago, zona sul de Maceió.

Nas favelas da Torre e do Ponto Final, na mesma região, mais de 300 famílias de pescadores e marisqueiras desempregados querem saber como fazer para ganhar uma das cestas básicas prometidas pelo governo estadual e anunciadas até no horário da propaganda eleitoral.

PREÇO

A distribuição de renda neste período eleitoral ocorre via programas oficiais de transferência de recursos, contratação de carregadores de bandeiras e de distribuidores de panfletos. Nos bastidores das comunidades pobres, “cabos eleitorais” fazem promessas de empregos em nome de supostos candidatos e tentam comprar votos. Um dos mais conhecidos analistas dos bastidores políticos de Alagoas, professor Marcelo Bastos, ao participar do Programa Conjuntura, da TV Mar, lamentou que alguns eleitores brasileiros e particularmente de Alagoas ainda não estão cientes do valor do voto.

“Infelizmente ainda tem as coisas nocivas do período eleitoral, uma delas é o cadastro de eleitores. Os cadastros são feitos por alguns políticos que prometem e não fazem o que prometem. Por isso, em cada eleição o voto fica inflacionado”. Ao ser questionado quanto vale um voto no Estado, Bastos respondeu que “o voto que custava R$ 30 hoje vale R$ 200…. 300. Infelizmente é esta a realidade”. O analista não revelou detalhes desta transação e muito menos os locais onde ocorrem. Observou, porém, que quem vende o voto depois não pode cobrar nada do candidato que pagou.

Com relação à troca de votos por cerveja, dentaduras e outros “presentinhos”, o professor Marcelo Bastos confirmou os boatos que ocorrem em áreas de baixa renda e o que os cabos eleitorais andam reclamando: “hoje as pessoas não querem donativos, dentaduras, preferem dinheiro vivo”. Isso ocorre porque, segundo o analista, o Estado tem alguns dos piores indicadores sociais de desemprego, fome, analfabetismo entre outros.

TRE

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, Alagoas tem 2.325.656 eleitores aptos a votar. De 2020 até julho deste ano, o colégio eleitoral do estado registrou crescimento de 4,79%. Nos 102 municípios alagoanos, 473 eleitores solicitaram a inclusão do nome social e 15.353 informaram possuir algum tipo de deficiência física.

O Tribunal Superior Eleitoral está atento e cobra que os Tribunais Regionais Eleitorais mantenham todos os canais de combate às tentativas de aliciamento e fraudes contra eleitores. O pleno do TRE/AL está vigilante e trabalha com as forças de segurança, com a OAB, Ministério Público e Polícia Federal.

Nas reuniões plenárias os desembargadores demonstram firmeza no combate aos aliciadores e fraudadores. O presidente da Corte, desembargador Otávio Leão Praxedes, revelou Gazeta que já fez reunião com as forças de segurança, em especial com a Polícia Federal e Exército para garantir a lisura e a tranquilidade do pleito.

“Os serviços de inteligência das policiais estão trabalhando e a corte tem tomado decisões firmes no sentido de que haja eleições limpas e com segurança”. Observou ainda que neste momento os mais de 2,3 milhões de eleitores tem uma participação importante neste objetivo de resguardar a vontade soberana e democrática do voto.

“Estamos trabalhando com a OAB, com o Ministério Público, tem sistemas eletrônicos como o Pardal, onde o cidadão pode e deve denunciar qualquer tentativa de fraude no processo eleitoral”.

Destacou também que é importante que as denúncias sejam munidas com algum tipo de prova: fotografia, imagens de vídeo ou documentos que fundamentam o ilícito. Isto facilitará e agilizará a ação da justiça eleitoral, assegurou o presidente do TRE.

Conforme divulgou a Gazeta na edição digital de sexta-feira (23), o TRE recebeu 248 denúncias pelo aplicativo Pardal. Todas referentes a propaganda antecipada e outros ilícitos eleitorais, a maioria dos casos está concentrada em Maceió. Porém, há denúncias de 31 municípios. Segundo a reportagem assinada pelo jornalista Thiago Gomes, há 26 relatos de irregularidades em Arapiraca. O aplicativo Pardal, lançado em 2016, tem se consolidado como uma importante ferramenta para denúncia de crimes eleitorais.

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Relacionadas