Aos 73 anos, o pecuarista Roberto Ferreira Wanderley, filiado ao MDB, foi o responsável por derrotar um grupo político que comandava, havia três décadas, Estrela de Alagoas, a 150 km da capital. Ele obteve 5.538 votos válidos (57,72%) e foi eleito prefeito do município, que, segundo o Censo Demográfico de 2022, tem pouco mais de 15 mil habitantes.
Roberto já é uma figura conhecida no meio político e já foi prefeito, por dois mandatos, de Cacimbinhas, ao lado de Estrela de Alagoas (entre 2009 e 2016).
Leia também
Ele é irmão do deputado estadual Dr. Wanderley (MDB) – que é cardiologista renomado e já foi vice-governador na gestão Teotônio Vilela Filho (PSDB) – e tio do atual prefeito do município de Cacimbinhas e presidente da Associação Alagoana dos Municípios (AMA), Hugo Wanderley (MDB).
Aliás, os familiares dele foram peças fundamentais na campanha. Hugo, por exemplo, gravou uma série de vídeos para as redes sociais e participou de visitas, carreatas e caminhadas pela cidade.
Por ter forte influência no município vizinho, Roberto conseguiu emplacar o filho, Vaval Wanderley (MDB), como candidato único a prefeito, vencendo, portanto, sem concorrência. Vaval é primo de Hugo Wanderley.
Porém, a comemoração maior de Roberto Wanderley é por ter derrotado a família Garrote nas eleições municipais deste ano. Ele enfrentou nas urnas o ex-prefeito por dois mandatos Arlindo Garrote (PP), filho da suplente de deputada estadual e líder dos parentes, Ângela Garrote (PP). A campanha entre os dois foi marcada por troca de farpas e acirramento político, motivando o envio de tropas federais para acompanhar o dia da votação no município.
“Foi a vitória do trabalho e das propostas. Priorizamos o debate de ideias e a comparação do que fizemos e do que somos capazes de realizar para melhorar a qualidade de vida das pessoas de Estrela de Alagoas”, destacou o agora prefeito eleito, em entrevista à Gazeta.
Arlindo Garrote terminou com 4.057 votos válidos, o que representou 42,28% dos votos. Chamou a atenção, ainda, o percentual de abstenção. Lá, após a totalização, ficou evidenciado que 3.128 eleitores deixaram de votar, chegando a 23,94% de faltosos.
Apesar do tensionamento, os eleitores conseguiram ir às urnas com tranquilidade e proteção, e o pleito foi concluído com sucesso, sem incidentes policiais de grande repercussão. O desafio da futura administração é alavancar o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Estrela de Alagoas, que é 0,53, considerado baixo.
TRANSIÇÃO
Outra dificuldade já se apresentou ao prefeito eleito antes mesmo da posse. Ele disse que precisou protocolar um pedido formal à atual administração do município, no último dia 15, para que a transição de governo seja iniciada imediatamente. O processo é obrigatório e, pelas regras constitucionais e eleitorais, precisa ser feito de maneira transparente, compartilhando todas as informações necessárias para a equipe novata.
“Protocolamos, nos termos da lei, o pedido para que se inicie imediatamente a transição, indicando os nomes dos técnicos que ficarão à frente da coleta de dados. Até o momento [sexta-feira, 25), não recebemos retorno formal da gestão. Esperamos que a transição seja realizada de forma amigável e republicana, colocando em primeiro lugar os interesses da população de Estrela de Alagoas”.
Roberto Wanderley adiantou que as prioridades da futura gestão são a manutenção dos serviços essenciais e o cumprimento das bandeiras de campanha: construção de creches, novas escolas, centro de saúde 24 horas e programas sociais.
“Nosso compromisso é cuidar das pessoas. É natural e fundamental que o gestor tenha conhecimento detalhado das informações de todas as áreas da administração. Nesse primeiro momento, vamos nos debruçar em colher as informações e planejar o início da nova gestão”, informou.