Em solenidade concorrida, no Palácio do Planalto, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, de 75 anos, assumiu nesta quinta-feira (1º) o Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ele foi empossado pelo presidente Lula (PT). O ex-presidente da República Fernando Collor foi convidado pelo ministro e marcou presença na cerimônia.
Em seu discurso de posse, Lewandowski afirmou estar “profundamente honrado” pelo cargo e lembrou que a Justiça foi o primeiro ministério criado no Brasil, antes mesmo da instituição da República ou da Presidência. O ministro falou sobre o combate às milícias. Que, segundo ele, constroem um verdadeiro “apartheid social”. Lewandowski fez um pronunciamento sobre a história e as funções da pasta, como a segurança pública, digital, proteção de terras indígenas e combate às drogas. E reafirmou que o trabalho dele será uma continuação de Flávio Dino.
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“O combate à criminalidade e à violência precisa de uma permanente intervenção policial, com políticas públicas para superar esse apartheid social que continua segregando boa parte da população. O mundo enfrenta o novo e terrível desafio da criminalidade organizada, as milícias divididas em subfacções, aliadas e rivais. Não há soluções fáceis, não basta exacerbar as penas, promover encarceramento em massa, dificultar o regime prisional”, apontou.
Lula agradece Dino e Lewandowski
Durante a solenidade, o presidente Lula agradeceu a Flávio Dino e a Lewandowski pela dedicação a uma pasta complicada, em um momento em que eles poderiam assumir outros postos.
“Tive a alegria de convidar o Flávio Dino para ser ministro quando ele sonhava ser senador. Dizem que a chegada ao Senado é o céu da política. Para outros cargos sofre muito, mas o Senado é lugar extraordinário, não tem que ficar a cada quatro anos pedindo voto, sendo xingado”, argumentou.
Da mesma forma, falou sobre o ex-ministro do STF. “Ele tinha deixado a Suprema Corte e ia viver a vida com a esposa”, apontou.
Lula também afirmou que não interferir no trabalho de Lewandowski: “Sua equipe você que monta. Qualquer coisa que dê errado, a responsabilidade é sua. Não vou interferir no seu time, você que vai responder pelas glórias, acertos e sofrimentos”.
Por fim, deu um recado aos adversários sobre as acusações de perseguições políticas a partir de operações da Polícia Federal. “Você [Lewandowski] vai, com Flávio Dino, passar para a história normatizando a atividade do MJ. A PF não persegue ninguém. O governo não quer se meter. Queremos é construir, com governadores e estados, a parceria necessária para combater o crime”, concluiu Lula.
Saída de Dino
Antes de Lewandowski, quem falou foi Flávio Dino, saindo do cargo. Ele agradeceu aos servidores, aos maranhenses e a Lula, entre outros. Afirmou que viveu meses “desafiadores e felizes” à frente do ministério. E lembrou do técnico Mário Jorge Lobo Zagallo, ao falar do número 13.
“Zagallo tinha uma fixação pelo numero 13, mas despertei para coincidências. Uma é demasiado óbvia [pelo número do PT]. Outra: minha sabatina foi 13/12. Fiquei 13 meses no seu governo, presidente. E uma passagem da Bíblia: Coríntios 13/13: fé, esperança e amor”, discursou.
Ainda em sua despedida, Flávio Dino - que volta a assumir um assento no Senado antes de ser empossado como ministro do STF -, agradeceu ao presidente Lula por ter lhe convidado para fazer parte da sua fileira de ministros, e fez elogios a seu sucessor. Sobre Lewandowski, Dino desejou sorte, sucesso e proteção de Deus ao colega. "E garanto que o senhor vai precisar das três coisas todos os dias", brincou. Dino também pontuou que a pauta sindical está equacionada, e que caberá a seu sucessor concretizar as conquistas da pauta.
Na sua conclusão, Dino comparou a administração pública com uma grande orquestra, onde ele e Lewandowski podem preferir instrumentos diferentes, mas que ambos estão sob a regência do mesmo maestro, "o povo brasileiro" e lendo a mesma partitura, "que é a Constituição Federal", disse. "Não sei bem onde o senhor estará na orquestra, mas garanto ao senhor que o senhor estará em uma ótima orquestra, que são eles colegas de governo e sob a coordenação do presidente Lula e do presidente Alckmin", afirmou.