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Inquérito sobre fraude em concursos da PC, PM e Bombeiros de AL indicia 77 pessoas; 61 foram afastadas

Polícia explicou como funcionava o esquema; candidatos chegaram a pagar até R$ 100 mil por respostas corretas

Setenta e sete pessoas indiciadas e o pedido de afastamento de 61 pessoas de concursos públicos. Os números fazem parte de um balanço divulgado pela cúpula da Segurança Pública nesta quarta-feira (18), referente às investigações das fraudes em três certames realizados em Alagoas: o de soldado da PM, oficial da PM, soldado do Corpo de Bombeiros e agente da Polícia Civil. Segundo os investigadores, os suspeitos conseguiam colocar a prova presa ao corpo e pediam para ir ao banheiro afim de contatar pessoas em ambiente externo para pegar respostas.

Em regra, era cobrado o valor de R$ 5 mil para participar do esquema e ter acesso às respostas corretas das questões referentes às provas de cargos que exigiam o Ensino Médio. Para as questões de nível superior, esse valor dobrava e subia para R$ 10 mil.

Além desses valores, que eram considerados uma "entrada", os aprovados se comprometiam a repassar uma quantia no valor da margem do consignado, assim que assumissem os cargos. As investigações apontaram que alguns candidatos chegaram a pagar até R$ 100 mil. Os pagamentos eram feitos, em sua maioria, em espécie, mas também foram encontrados depósitos com esse fim.

No total, foram afastados 20 candidatos que fizeram o concurso da Polícia Civil de AL, 37 para soldado da Polícia Militar de AL, 10 para oficial da PM e 6 do Corpo de Bombeiros Militar de AL. Os números correspondem, também, aos candidatos que foram eliminados pelo próprio certame, independentemente da fraude. Um detalhe que é que teve candidatos que se inscreveram em mais de um concurso público.

Entre os indiciados, estão professores de cursinhos situados em Pernambuco, intermediadores, chefes de quadrilha e os próprios participantes. No total, 17 pessoas foram presas até o momento, nos estados de Sergipe, Pernambuco, Alagoas e Paraíba.

Como funcionava a fraude

Durante coletiva de imprensa, a cúpula da SSP explicou como funcionava o esquema. Uma pessoa que integrava o grupo se inscrevia no certame e, com pouco tempo de prova, saía da sala levando o caderno de questões preso ao corpo para o ambiente externo, com o argumento de que precisava ir ao banheiro.

Lá, enviava imagens - fazendo uso de minúsculos aparelhos - das questões para professores que estavam no ambiente externo. Eles recebiam e respondiam, informando apenas as alternativas corretas e transcrevendo o início das questões, para o caso de modelos diferentes de provas. Os fraudadores levavam de 30 minutos a 1h30 para receber as respostas fraudadas.

Os candidatos que tinham pago para receber as respostas, por sua vez, faziam uso de aparelhos capazes de receber SMS e chamadas, além de pontos eletrônicos nos ouvidos. Era por lá que eles recebiam as respostas que deveriam ser marcadas no exame. Os candidatos eram divididos em grupos e cada um desses grupos contava com o apoio de um guia, que orientava na hora do certame.

Os trabalhos investigativos apontaram para erros absurdos de Português na redação e prova discursiva.

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Investigações

As investigações envolveram quase 200 profissionais da Polícia Civil e foram iniciadas no ano passado, após recebimento de denúncia de fraude por meio do 181 em três concursos realizados em Alagoas, com a participação de fraudadores de diversos estados. Durante os trabalhos da Operação Loki, foram analisados mais de 180 dispositivos e encontrados indícios de fraudes em outros sete concursos públicos, sendo mais um em Alagoas e os demais em outras unidades da federação.

Pontos eletrônicos e aparelhos celulares foram apreendidos e foi realizada a perícia e extração de dados nos locais onde foram obtidos elementos que materializaram o início da operação. De acordo com a polícia, também foram descobertos possíveis crimes que também teriam sido praticados pelos suspeitos, tais como tráfico de drogas, pedofilia, falsidade ideológica, falsidade documental, porte ilegal de arma de fogo e agiotagem.

Bancas

As bancas fraudadas são as mais variadas e não só de concurso público, mas também de Exames da Ordem. A polícia encontrou indícios do crime em certames da Cebraspe, Cesgranrio, FGV e bancas regionais.

Segundo a polícia, com esse balanço, as investigações estão encerradas, mas caso surjam outras informações, serão solicitadas medidas cautelares à Justiça.