Apontada pela Polícia Federal como a terceira maior facção do País, a Família do Norte (FDN) se infiltrou no Distrito Federal para disputar o controle do tráfico de drogas na região. A quadrilha opera tanto no atacado, comercialização e transporte, como no varejo da venda de drogas. Nesta terça-feira (10), o grupo está sendo alvo de uma megaoperação deflagrada pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), com cumprimento de mandados em vários estados, inclusive, em Alagoas.
Resultado da união de dois traficantes, Gelson Lima Carnaúba, o Gê, e José Roberto Barbosa, o Zé Roberto da Compensa, a FDN foi estruturada em Manaus (AM), em 2006, e tenta chegar ao controle do tráfico de drogas na região amazônica.
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Chegada no Centro-Oeste desde meados de 2019, naquele ano cerca de 260 policiais civis do DF fizeram parte da Operação Gomorra para desarticular uma organização que funcionava como um braço da FDN na capital federal.
O grupo era acusado de tráfico de drogas, comércio ilegal de armas e furtos de celulares em grandes eventos e roubos.
Hudson Maldonado, então delegado-chefe da 13ª DP (Sobradinho), confirmou, na época, a vinda de faccionados da FDN para criar uma célula criminosa. As apurações policiais flagraram ainda o acordo firmado entre integrantes da quadrilha para matar desafetos.
Aliada ao CV
Em 2015, uma operação da PF, a La Muralla, flagrou o grupo movimentando milhões por mês com o domínio da “rota Solimões” – usada para escoar a cocaína produzida na Bolívia e no Peru por meio dos rios da região amazônica. A FDN era, segundo investigações, aliada do Comando Vermelho (CV).
Em 2017, as mortes no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) – 56 detentos foram assassinados – foram atribuídas a uma disputa entre a FDN e o Primeiro Comando da Capital (PCC), que tentava ampliar a presença da facção paulista no estado amazonense. Investigadores acreditam que integrantes do CV pediram à FDN que executasse integrantes do PCC em Manaus.
Já as execuções em maio de 2019, totalizaram 55 mortes, ocorreram em meio, segundo o governo do Amazonas, a uma disputa entre os atuais líderes da FDN Zé Roberto da Compensa e João Pinto Carioca, o João Branco, pelo comando do grupo.
Megaoperação
Na megaoperação deflagrada hoje, a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) visa desmantelar a organização criminosa especializada no tráfico de drogas interestadual e lavagem de dinheiro, com atuação no Distrito Federal e ramificações em outras unidades da Federação.
Os alvos são ex-integrantes da facção Família do Norte (FDN) que teriam movimentado R$ 200 milhões por meio de empresas de fachada para lavar o dinheiro do tráfico.
A Operação Dog Head, da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, vinculada ao Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor), cumpre 127 medidas judiciais, sendo 25 de prisão temporária, 51 de busca e apreensão, 27 sequestros de bens móveis e imóveis, além de 25 bloqueios de contas bancárias.
De acordo com as investigações, a quadrilha opera tanto no atacado, comercialização e transporte, como no varejo da venda de drogas.
Foram também executados mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e pessoas jurídicas associadas aos membros do grupo criminoso, buscando a arrecadação de provas e apreensão de drogas, armas e outros objetos vinculados aos crimes.
Em outros estados, foram cumpridas ordens judiciais em Goiânia, Senador Canedo e Trindade-GO, todas em Goiás.
Também houve cumprimento de mandados em Maceió (AL), Timbau do Sul (RN), Manaus (AM), Boa Vista (RR) e Tabatinga (AM). Em consequência da investigação, foi decretado o sequestro judicial de um imóvel, veículos e valores de inúmeras contas bancárias vinculadas aos investigados, laranjas e empresas fictícias utilizadas no esquema.
O principal objetivo é estancar o fluxo financeiro e enfraquecer a estrutura econômica da organização. Isso porque a investigação revelou um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro por meio de empresas de fachada, que movimentavam R$ 200 milhões destinados à compra de entorpecentes e manutenção das operações criminosas.
Na operação, foram empenhados 196 policiais civis do Distrito Federal, incluindo agentes de diversas unidades especializadas, e 117 policiais das polícias civis de Goiás (PCGO), Rio Grande do Norte (PCRN), Amazonas (PCAM), Roraima (PCRR) e Alagoas (PCAL).
Com Metrópoles*