O candidato Nasry Asfura, que representa o partido de direita que governa Honduras, admitiu nesta terça-feira (30) a derrota nas eleições presidenciais hondurenhas. No discurso, ele parabenizou a provável presidente eleita, a esquerdista Xiomara Castro, esposa do ex-presidente Manuel Zelaya (que governou o país entre 2006 e 2009, quando foi destituído).
Tudo indica, portanto, que Xiomara será, aos 62 anos, a primeira mulher a governar o país. Falta a confirmação oficial: com 52% das urnas apuradas, ela tinha 53,4% dos votos contra 34,1% de Asfura. O rival da presidente eleita, inclusive, pertencia ao Partido Nacional (PN) — que governava o país justamente desde a queda de Zelaya.
Leia também
Xiomara recebeu os parabéns também do governo dos Estados Unidos: momentos depois de Asfura admitir a derrota, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, chamou a vitória da candidata da esquerda de "histórica".
Na noite de domingo, Xiomara já havia adotado um discurso de vitória: "Boa noite, ganhamos". Na ocasião, ela prometeu um "governo de reconciliação". "Estendo a mão a meus opositores porque não tenho inimigos", disse a candidata. "Vou convocar um diálogo com todos os setores de Honduras".
Escândalo de tráfico internacional
Oficializando a vitória, Xiomara substituirá o atual presidente, Juan Orlando Hernández, que governou Honduras por dois mandatos e encerra o governo em meio a denúncias de tráfico de drogas nos Estados Unidos.
Tony, irmão do presidente, está cumprindo uma pena por prisão perpétua nos EUA por tráfico de drogas. Asfura, o candidato governista, foi acusado em 2020 de desvio de dinheiro público e foi mencionados nos Pandora Papers.
Já o terceiro colocado na apuração, Yani Rosenthal, passou três anos em uma prisão, também nos EUA, por lavagem de dinheiro do tráfico de drogas.
Desafios de Honduras
Quem vencer a eleição assumirá um país afetado pela violência de grupos criminosos e do narcotráfico e pelos efeitos de dois furacões que devastaram o país em 2020.
A taxa de desemprego subiu de 5,7% em 2019 para 10,9% em 2020, em grande parte devido à pandemia, e 59% dos 10 milhões de habitantes vivem na pobreza — o que empurra milhares de hondurenhos a tentar a migração ilegal nos EUA, em busca de trabalho.
"Nosso compromisso é garantir aos jovens que aqui em sua terra natal eles encontrarão o que precisam para gerar oportunidades e bem-estar para sua família. É uma garantia e uma promessa que fizemos", afirmou Castro em seu discurso.
A candidata consolidou seu favoritismo na reta final da campanha, com uma agenda que também inclui a legalização do aborto em casos de estupro e abrir a discussão sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo.