
Arqueólogos espanhóis anunciaram a descoberta de um dos mais bem preservados lotes de artefato do Egito Antigo, incluindo um conjunto de 13 múmias que tinham línguas de ouro. As peças foram encontradas em túmulos subterrâneos descobertos próximos à cidade de Al-Bahansa.
Entre os objetos recuperados estão outras 339 múmias, sendo que uma delas tinha, além da língua, as unhas de ouro. Outros amuletos e estátuas também estavam no local. As paredes da tumba preservavam ilustrações elaboradas e coloridas, retratando deuses, estrelas e o processo de embalsamamento.
Leia também
Línguas de ouro e sua função ritual
Os pesquisadores sugerem que os amuletos de língua dourada eram inseridos nas bocas dos mortos para garantir comunicação com Osíris, deus do submundo. A prática, rara em achados arqueológicos, simbolizava a preparação espiritual para o julgamento na vida após a morte.
A prática ficou famosa na chamada Era Ptolomaica, a última do chamado Egito Antigo, que terminou com a morte de Cleópatra e a conquista do Egito por Roma. Apesar do uso comum, as línguas de ouro raramente foram encontradas em tumbas: os historiadores acreditam que os itens foram saqueados ao longo da história.
Além das línguas, unhas de ouro também foram encontradas, indicando o status elevado dos indivíduos. Segundo os especialistas, acreditava-se que essas peças davam aos mortos a capacidade de lutar contra ameaças espirituais.
Uma das múmias de nobres foi encontrada preservada em sua posição original, com uma língua dourada e um escaravelho sobre o coração. O inseto era colocado no corpo para ajudar a guiar o morto em sua jornada.
Câmaras repletas de múmias
Os arqueólogos encontraram um poço de sepultamento retangular que levava a uma tumba abobadada contendo três câmaras. Elas continham 300 múmias colocadas em um ambiente comunitário, enquanto um poço adjacente levava a mais câmaras com inscrições hieroglíficas e pinturas murais ricamente decoradas. Como a primeira câmara tinha uma quantidade grande de pessoas, acredita-se que eram servos destinados a servir aos nobres sepultados no mundo posterior.
As câmaras seguintes mostravam múmias em sarcófagos individuais e estavam mais ricamente decoradas, incluindo as com línguas de ouro. A última câmara foi descoberta ainda selada, contendo apenas um corpo acompanhado de jarros canópicos contendo os órgãos embalsamados do falecido e 400 peças de cerâmica funerária. Acredita-se que seja Wen Nefer, possivelmente o proprietário do túmulo.
O secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, órgão que acompanha todas as escavações no país, destacou a importância da descoberta: “É a primeira vez que é feita uma descoberta tão volumosa na região arqueológica de Al-Bahansa. Esses achados revelam detalhes fascinantes sobre as tradições religiosas da era ptolomaica”, afirmou em nota.
Murais e objetos encontrados na tumba
Além dos objetos de ouro, as paredes da tumba também foram consideradas muito importantes do ponto de vista arqueológico. Chamou a atenção a representação de Nut, deusa do céu, surgindo contra um fundo azul estrelado, que cobria todo o teto da tumba. Também foram encontradas estatuetas de deuses como Ísis, Hórus, Thoth, Osíris, Atum e Anúbis.
Foram vistoriadas três câmaras funerárias e encontrados importantes objetos sagrados como os pilares Djed e os olhos de de Hórus. Uma das câmaras continha 52 múmias e quatro sarcófagos intactos, incluindo o de um homem com língua dourada e escaravelho em posição original.