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MPE pede a cassação do registro de candidato a prefeito de Mata Grande

Luiz Pedro (PMDB) é acusado de abuso de poder político e econômico; ele é filho do prefeito de Canapi, Celso Luiz, investigado por atos de improbidade

O Ministério Público Estadual (MPE) ingressou com uma ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) pedindo a cassação do registro de candidatura de Luiz Pedro Bezerra Brandão (PMDB) e do vice dele, Jean Gomes (DEM), além da inelegibilidade de ambos. Os dois disputam a Prefeitura de Mata Grande, município do Sertão alagoano, pela coligação "O Povo Quer! Mata Grande Precisa!", composta pelos partidos PMDB, DEM, PSD, PT, PSDC, PSDB e PRP. APromotoria Eleitoral da 27ª Zona alega que o prefeito de Canapi, Celso Luiz, tem praticado abuso de poder político e econômico naquela cidade, beneficiando a candidatura do seu filho, Luiz Pedro.

A AIJE foi ajuizada na semana passada pelo promotor de Justiça Cláudio José Moreira Teles e teve como lastro as investigações do Núcleo de Defesa do Patrimônio Público do MPE, que descobriram um desvio de quase R$ 10 milhões dos cofres da Prefeitura de Canapi. Segundo tal apuração, ficou constatado que contratos foram forjados para se justificar pagamentos a pessoas que teriam alugado tratores e caminhões ao Município. Elas funcionaram como laranjas de Celso Luiz e não sabiam sequer que seus nomes estavam envolvidos em atos ilegais. Grande parte deste dinheiro desviado, segundo as investigações, estava sendo destinada à campanha de Luiz Pedro.

Os crimes praticados

Na ação, o promotor Cláudio José Moreira Teles argumentou que Luiz Pedro não era uma pessoa conhecida na cidade e que ele começou a se tornar popular, coincidentemente, no mesmo período em que ficou comprovado o desvio de recursos na prefeitura em que seu pai, Celso Luiz, é o gestor.

Inclusive, segundo a Promotoria Eleitoral da 27ª Zona, consta nos documentos enviados pelo Núcleo de Defesa do Patrimônio Público que dois dos laranjas que aparecem nos falsos contratos firmados com a Prefeitura de Canapi, Cícero Inácio de Lima e Pedro Alves da Silva, podem ser vistos nos comícios, caminhadas e carreatas de Luiz Pedro, o que aumenta os indícios de que o dinheiro desviado e depositado na conta dessas duas pessoas deve estar servindo para abastecer a campanha do filho de Celso Luiz.

Nas investigações, constatou-se, por exemplo, que Cícero Inácio de Lima teria sido beneficiado com mais de R$ 1,1 milhão. Para receber este valor, ele deveria ter locado ao Poder Executivo um trator de esteira, um caminhão Mercedes Benz 710 e outro caminhão Mercedes Benz l1620. No entanto, Cícero, conhecido como "Moqueca" e morador da cidade de Mata Grande, tem como atividade principal apenas o trabalho como vigilante noturno do Posto Oásis, localizado naquele município. Cidadão pobre e morador de casa humilde, ele jamais foi identificado como proprietário de veículos automotores.

Já Pedro Alves da Silva teria recebido a quantia de R$ 1.723.427,06 somente no período compreendido entre janeiro de 2015 e fevereiro de 2016. E para ter sido agraciado com este pagamento, precisaria ser dono de dois tratores de esteira 7D, dois caminhões Volvo FG440 e um caminhão Mercedes Benz 1418, veículos que constam nos contratos. Porém, o Ministério Público descobriu que Pedro Alves, apelidado de "Pedro Galvão", em verdade, possui como atividade profissional a singela comercialização de picolés caseiros.

"A ação tem como objetivo impedir e apurar a prática de atos que possam afetar a igualdade dos candidatos numa eleição, nos casos de abuso de poder econômico, abuso de poder político ou de autoridade, além dos casos em que há a utilização indevida dos meios de comunicação social. Estamos convencidos de que os recursos desviados da Prefeitura de Canapi estão servindo para municiar a candidatura de Luiz Pedre. Exatamente por isso, pedimos a cassação dos registros, além da inelegibilidade dos candidatos a prefeito e vice, extensiva ao prefeito Celso Luiz", explicou Cláudio José Moreira Teles.

Atropelamento coletivo

A Promotoria de Justiça de Mata Grande também acompanha de perto o caso do atropelamento coletivo ocorrido nessa quarta-feira (7), durante uma atividade política na cidade. Plínio Barbosa passava pela carreata do candidato que faz oposição ao grupo ao qual ele é ligado, quando teria se envolvido numa discussão. Após a confusão, o condutor saiu do cortejo, deu ré em seu veículo e acabou atropelando seis pessoas que participavam do ato.

"Já conversamos com o delegado regional Rodrigo Cavalcante, que deu início à apuração do fato. O inquérito, porém, será presidido pela delegada titular de Mata Grande, Graciele Marques. Posso garantir que o Ministério Público vai monitorar essa situação e aguardar que as investigações possam ser concluídas no menor espaço de tempo. E após recebermos as peças de investigação, vamos adotar as medidas cabíveis, com a rapidez que o caso requer", informou Cláudio José Moreira Teles.

Ainda segundo o promotor de Justiça, uma portaria assinada nesta quinta-feira (08) pelo juiz da cidade, João Dirceu Soares Moraes, suspendendo caminhadas, carreatas  e atos de campanha similares na cidade, conta com o aval do Ministério Público. "Quando fomos consultados pelo Juízo local, nós nos manifestamos pela suspensão dessas atividades. Os ânimos aqui em Mata Grande estão bastante acirrados e precisamos encontrar alternativas para fazer com que as eleições possam transcorrer com o mínimo de incidentes", declarou.

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