Movimentos sociais fecharam, ao longo de toda a manhã desta sexta-feira (15), 20 trechos de rodovias federais e estaduais em Alagoas. Os bloqueios dos sem-terra começaram logo cedo e tiveram como objetivo chamar a atenção para a violência no campo e levantar a bandeira em defesa da democracia.
As barreiras foram montadas nos municípios de Teotônio Vilela, Junqueiro, Atalaia, Flexeiras, Joaquim Gomes, Delmiro Gouveia, Olho d'Água do Casado, Piranhas, Girau do Ponciano, Cajueiro, Novo Lino, União dos Palmares, Murici, Campo Alegre, Maragogi, Matriz do Camaragibe, São Luiz do Quitunde e Porto Calvo.
Em alguns dos pontos, apenas condutores ambulâncias foram autorizados a passar. Mais de cinco mil trabalhadores participaram da mobilização, que, segundo José Roberto Silva, da Direção Nacional do Movimento Sem Terra, também buscou relembrar os 20 anos do massacre de Eldorado dos Carajás.
"Nossa luta também é em memória aos 20 anos de impunidade do assassinato dos trabalhadores rurais sem-terra em Eldorado dos Carajás, no Pará. Esta impunidade reaviva cada vez mais a violência no campo, que está presente em todas as nossas regiões, onde o agronegócio continua massacrando os sem-terra", disse.
Além do massacre, ele destacou o recente assassinato de dois trabalhadores rurais no Paraná, onde a violência supostamente motivada pelo agronegócio fez duas vítimas fatais no último dia 7. De acordo com José Roberto, famílias do MST no acampamento Dom Tomas Balduíno, em Quedas do Iguaçu, foram vítimas de uma emboscada protagonizada pela Polícia Militar daquele estado e por seguranças contratados pela empresa Araupel.
Durante o bloqueio das rodovias, os sem-terra também se posicionaram em defesa da democracia e contra o "golpe".
"Parte dos que conduzem o golpe dentro do parlamento tiveram suas campanhas financiadas pelo agronegócio, o mesmo que continua matando trabalhadores e trabalhadoras rurais em todo o país", destacou Débora Nunes, da Coordenação Nacional do MST.
Eldorado dos Carajás
O Massacre de Eldorado dos Carajás completa 20 anos no dia 17 de abril. Na ocasião, 21 trabalhadores rurais sem terra foram assassinados durante uma manifestação em Eldorados dos Carajás (PA). O coronel Mario Colares Pantoja e o major José Maria Pereira, que comandaram o massacre, foram presos 16 anos após o massacre, em maio de 2012.
Os demais 155 policiais militares envolvidos diretamente no massacre foram absolvidos - alguns deles, inclusive, foram promovidos. O então governador do estado do Pará, Almir Gabriel (que morreu em fevereiro de 2013), e o ex-secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara, não foram indiciados.