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Sargento vítima de racismo diz que ordenou que suspeito não fosse algemado

Sargento Cícero Ocrécio foi agredido e injuriado racialmente por homem acusado de cometer furto

O sargento Cícero de Lima Ocrecio, da Polícia Militar de Alagoas (PM/AL), que foivítima de racismo durante uma ação policial no bairro Ponta Verde, nesse último domingo (7), relatou que ordenou que o suspeito de 57 anos não fosse algemado. No momento, o militar levou um tapa no rosto e foi chamado de "negro safado".

"Pedi para não colocar algema e levei um tapa, é o que acontece. Depois disso, ele foi algemado e levado para a Central [de Flagrantes, no bairro do Farol]", contou. Ocrecio prestou queixa contra o homem, que, além de furto, também responderá por resistência e injúria racial - crime inafiançável e imprescritível.

Com quase 30 anos na força policial, o sargento disse que somente uma vez, além desse domingo (7), foi agredido diretamente devido à cor da pele. "Muitos anos atrás, por um professor da UFAL [Universidade Federal de Alagoas], mas foi resolvido", disse, dispensando comentar mais sobre o ocorrido.

A indignação do episódio foi potencializada por um histórico que, segundo o sargento, sempre foi cordial. "Da mesma forma que trato o pessoal no Vergel, trato na Ponta Verde", diz.

Na favela da lagoa Mundaú, ele é conhecido como "Pajé", por motivos que desconhece. "Quando fui afastado por Covid-19, o pessoal de lá da Mundaú foi no batalhão perguntar por mim, para você ver o quão não-querido eu sou", ironizou.

Ele ainda completou lembrando que, em manifestações no Brasil e ao redor do mundo, a Polícia é normalmente vinculada ao racismo institucional. "Quando eu entrei [na PM], era bem pior. Somente cabo e soldado ia para a rua. Desde que oficial começou a fazer trabalho com o povo, a coisa melhorou muito", afirmou.

Para o sargento, o racismo é um problema generalizado, fazendo necessário que as pessoas entendem que o negro "também é gente". "Somente meu comandante e subcomandante se pronunciaram em solidariedade", disse Ocrecio de forma contida, quando questionado pela posição oficial da Polícia Militar.

Quando há ocorrências envolvendo populações mais carentes, Ocrecio é normalmente chamado pelos colegas para ajudar em razão da boa relação que desenvolveu com a comunidade. "Sempre fui muito bem tratado e respeitado, aí vem o outro achando que porque mora na Ponta Verde tem o direito de me desacatar", desabafou.

Até esta segunda (8), apenasa Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) se pronunciou sobre o caso. "Qualquer atitude de preconceito e racismo deve ser repudiada, não importa o contexto. É lamentável nos depararmos com situações como a do caso em análise, ao passo em que nos revela o quanto o racismo é estrutural e persiste, ainda que a vítima tenha uma posição social privilegiada ou de poder", disse a presidente da Comissão de Direitos Humanos, Anne Caroline Fidélis.

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