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Plus size: O orgulho das mulheres que estão fora do "padrão"

Apesar de as curvas já estarem conquistando o mundo, encontrar numeração a partir do 44 ainda é uma tarefa difícil

Tema presente na música, nas novelas, livros e filmes. A moda já abriu espaço, um dos estilistas mais renomados, Alexandre Herchcovitch assinou a primeira linha plus size. Modelos como Ashley Graham estampam ensaios de biquíni e lingerie, enquanto isso, a brasileira Mayara Russi realizou o sonho e riscou as passarelas da SPFW. Mas, apesar de as curvas já estarem conquistando o mundo, ainda não é tarefa fácil encontrar um tamanho 44 em uma loja de fast fashion.

Seguindo a tentativa da sociedade de categorizar as pessoas, a mulher plus size seria aquela que é gorda. Mas a empresária e Miss Alagoas Plus Size 2015, Taiane Celice, explica que a definição é diferente.

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"O plus size é o tamanho grande, o tamanho maior. Uma mulher que veste a partir do tamanho 44, que usa aquela roupa que a gente não encontra em qualquer loja, já é considerada uma mulher maior. O plus size não é a mulher que é gorda, é a mulher que tem curvas, que veste acima do 44, que é grande", define Taiane.

Para vencer os padrões de beleza impostos pela indústria da moda e pela mídia, as mulheres que vestem a partir do tamanho 44 precisam de uma boa dose de autoestima e muita motivação. "As mulheres já têm noção de seus corpos, mas falta incentivo. Se ela não tiver uma condição financeira boa, vai ser difícil conseguir se vestir bem. Hoje em Alagoas o cenário para o plus size, em questão de tudo, é péssimo. Você vai em uma loja especializada e é tudo muito caro", diz Taiane.

Imagem ilustrativa da imagem Plus size: O orgulho das mulheres que estão fora do "padrão"
| Foto: FOTO: Arquivo Pessoal

A Miss Alagoas Plus Size 2015 diz ainda sobre o preconceito com as gordinhas. Os comentários não chegam apenas dos desconhecidos, eles vêm da própria família, dos companheiros, dos amigos. Além disso, pela dificuldade em encontrar roupas nos tamanhos adequados, as mulheres grandes ainda recebem comentários de desleixadas. "Se eu não tenho dinheiro para comprar roupas em lojas especializadas, eu vou sempre usar aquilo que eu tenho. E quando a gente abre o nosso guarda-roupa e vê que a roupa não serve, que a roupa não cai bem, a gente já fica péssima. Quem tem outras prioridades, quem tem filho, tem escola pra pagar, não tem condições de investir em uma peça pensada para a mulher grande e acaba saindo com a imagem de 'descuidada'".

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| Foto: FOTO: Arquivo Pessoal

A publicitária Ayara Cinthia, de 30 anos, relembra uma experiência uma tanto traumática. "Uma vez entrei em uma loja, de uma marca que sempre tive muita admiração, e quando a atendente veio me cumprimentar, antes mesmo que eu pudesse dizer o que estava procurando, ela me perguntou se eu "estava procurando algo para presente". Quando respondi que sim, mas que também estava procurando algo para mim, ela me 'cortou' e falou que a loja só trabalhava com numerações até 44. Depois disso, nem para presente, eu compro da marca".

A publicitária destaca que apoia as marcas que pensam em roupas para mulheres grandes. "Nós também queremos, por exemplo, usar uma linda lingerie que se ajusta ao nosso corpo, que se modele a nossas curvas. Um lindo vestido que seja acinturado no próprio molde, ou estampas atuais".

No meio de tantos conceitos e preconceitos, Taiane explica que as mulheres plus size ainda precisam lidar com os boicotes da própria mente. "Quando vou para uma loja e não encontro nada para o meu tamanho, saio decepcionada. Entre tantas outras dificuldades. Às vezes, não é nem a outra pessoa que está te olhando, é você que não está se aceitando e acha que é o outro. Muitas meninas que me procuram, algumas que participaram da outra edição do Concurso Miss Alagoas Plus Size, falam que não iam para uma praia, não achavam que conseguiriam um namorado. Mas tudo começa a mudar a partir do amor próprio", diz Taiane.

De bem com o corpo

A publicitária Ayara Cinthia costuma definir que é fora do padrão desde o dia que nasceu. "Nasci com 4,7kg e sempre me mantive acima da média no que diz respeito a peso e medidas", disse.

Mas ela conta que isso nunca foi impedimento para uma vida bem esportiva. "Por três anos, durante a adolescência, atuei no time principal da escola como titular de handebol. Além disso, praticava outros esportes. Hoje em dia não me preocupo tanto com os números que aparecem nessa temível balança. Tenho mais atenção em manter uma alimentação equilibrada e manter o corpo ativo com exercícios físicos".

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| Foto: FOTO: Arquivo Pessoal / Adriana Lima

Mãe de três, Ayara conta que na primeira gravidez, conseguiu retornar ao peso antigo mais rápido. Já nas outras duas gestações, a batalha para voltar ao corpo anterior tem sido árdua e intensa. "Antes de perseguir com unhas e dentes um número padrão da balança, hoje eu respeito o meu corpo e mantenho o foco na minha saúde".

Em um momento muito agitado, a publicitária resolveu tirar um tempo para si e, por uma tarde, abrir mão do trabalho intenso e da rotina de mãe, esposa e dona de casa. Ayara escolheu fazer um ensaio sensual e, ao receber a prévia das fotos, constatou a bela relação que tem com o próprio corpo.

"Senti vontade de reservar alguns minutos, que no fim se tornou quase uma tarde inteira, exclusivamente para mim. E queria fazer algo que no final eu tivesse orgulho de olhar e compartilhar com pessoas próximas. O resultado das fotos foi maravilhoso. Quando recebi a prévia para selecionar as melhores, tive muita dificuldade. Ficaram todas excelentes. E o primeiro impacto, lógico, foi: 'Uauuu! Sou eu mesma?! Eu arraso! Que sorte meu marido tem!'", relembra.

A publicitária conta que, com o resultado do primeiro ensaio, o marido tem incentivado a repetir a experiência. "Quando eu decidi fazer o ensaio, não comentei com ninguém. Queria que fosse algo meu, feito pra mim. Mas gostei tanto que assim que o material foi entregue mostrei para o meu marido. Ele ficou impressionado com o resultado e inclusive é o meu grande incentivador a repetir o ensaio. Está nos planos".

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| Foto: FOTO: Arquivo Pessoal / Adriana Lima

Ayara incentiva que o mais importante é valorizar o próprio corpo. Para quem quer mudar o corpo para se adequar ao "modelo padrão", a publicitária recomenda cautela. "Existe algo melhor do que você vestir uma roupa que se ajusta ao corpo, que seja confortável e que seja linda? Não. Acredito muito que pessoas felizes consigo mesmas são pessoas felizes com os outros. Se você acha que é importante para sua autoestima diminuir os números da balança, faça isso! Todas nós precisamos de objetivos e desafios. Ninguém ama mais você do que você mesma deveria se amar e admirar".

E se ainda restar alguma insegurança, Ayra aconselha "comece fazendo um ensaio fotográfico seu, para você! Há muita beleza em você que talvez precise ser revelada através de outros olhos. Somos Plus Size! Somos lindas mulheres!".

Processo de aceitação

A má aceitação do corpo implica numa jornada de sofrimento e baixa estima, que pode durar a vida inteira de uma mulher. De acordo com a psicóloga e coaching de emagrecimento saudável, Madalena Freitas, quando ocorre a insatisfação física, a pessoa acima do peso tende a iniciar um conflito interno, externando uma baixa estima para as outras pessoas, o que pode gerar ainda mais preconceito.

"Quando a pessoa não gosta de si mesma, transparece esse sentimento. Existe bullying, dificuldades e exclusão. Mas a baixa estima é o fator mais complicado no psicológico de uma mulher plus size", explica.

A especialista afirma que a primeira experiência com o preconceito é dentro da próprias casa. Segundo ela, estar magro é um fator de extrema importância no ambiente familiar, onde ocorrem muitas cobranças.

O processo de aceitação do corpo pode ser lento, mas quando ocorre, são inúmeros os benefícios. Ao conquistar a autoestima, a mulher consegue entender o processo da sua essência, capaz de conquistar objetivos e sucesso no que deseja.

"A mulher plus size, ao sair da 'prisão' do padrão estético de que a mulher mais magra é mais bem aceita na sociedade, quando ela se aceita, fica muito mais preparada. Se sente bonita, sensual dentro do corpo mais 'cheinho'. Respeita seu corpo e biotipo. Isso é muito importante", disse.

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| Foto: FOTO: Arquivo Pessoal

Um grande incentivo

A empresária Taiane Celice, a Miss Alagoas Plus Size 2015, resolveu trazer o concurso para o Estado. Ela conta que, após ser coroada a Miss Alagoas Plus Size 2015 e retornar para casa, percebeu que precisa apoiar e orientar as mulheres grandes que tinham interesse em participar.

"Para o miss Brasil fazer um concurso aqui em Alagoas tinha que ter ao menos 15 candidatas. No meu, foram 13 meninas que apresentaram interesse, mas eles acabaram gostando das minha fotos e me abordaram. Foi como inscrições diretas, quando você paga uma taxa e representa o estado. Fiquei entre as 10 e o meu vestido ganhou em 1º lugar. Foi uma emoção", relembra.

Muitas pessoas, segunda Taiane, a procuraram para descobrir como funcionava o universo de miss. "E eu percebi que as meninas precisavam de alguém que pudesse orientar e senti a necessidade de ficar a frente disso".

Através de um InstaBlog (@sualindaplus) e no Facebook, a Miss começou a apresentar modelos de outros estados, falar sobre roupas e temas relacionados ao universo plus size.

"Depois fiquei pensando como seria quando tivesse que passar a coroa, e resolvi comprar a franquia. Ano passado, a primeira edição, foi um sucesso, lotamos o teatro Deodoro e agora já está quase tudo pronto", contou Taiane.

O Miss Alagoas Plus Size 2017 acontecerá no dia 12 de novembro, no Teatro Deodoro. São 17 candidatas, de 19 a 38 anos. "Para mim a questão da coroa não é o principal. O importante é conscientizar, o que mais vale é ver as meninas recuperando a auto estima. É muito difícil para eles se apresentarem como plus size. Até na hora que elas me procuram, geralmente, eu começo a conversar, falar coisas que já aconteceram, trocar experiências. São casos de meninas que não iam para uma praia, que achavam que não iam namorar. E tudo mudou a partir do momento em que elas começaram a se ver bem".

Para a segunda edição, o concurso conta com uma equipe. "Tem uma psicóloga e uma nutricionista que estão acompanhando as meninas e depois ficarão acompanhando o reinado da Miss".

Dando suporte as candidatas do concurso Miss Alagoas Plus Size 2017, a psicóloga diz que a importância da iniciativa é entender que mesmo não tendo as medidas perfeitas no padrão imposto pela sociedade, as mulheres podem descobrir e construir uma nova imagem, provando que as mulheres acima do peso são lindas e que a beleza não está necessariamente ligada à magreza.

"No concurso estou trabalhando com as candidatas a autoestima, com conversas, com atividades", falou.

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| Foto: FOTO: Divulgação

Candidatas

Cinco candidatas do Miss Alagoas Plus Size 2017 deixaram seus recados aos leitores daGazetaweb. Confira abaixo:

Rayanne Lima , de 22 anos: 

"Hoje eu tenho uma relação de amor e cuidado com o meu corpo, aonde nenhuma balança ou espelho me assusta mais. Muito pelo contrário, me olhar no espelho é algo que me deixa feliz e orgulhosa por ver que eu amo cada curva, cada coisinha".

Alessandra Menezes, de 26 anos:

"Eu precisava estar naquele palco. Meu coração palpitou mais forte ao ver aquelas meninas enfrentando tudo e todos pra mostrar que temos valor e que somos lindas. Foi assim que me senti quando estive mais de perto a esse universo Plus size. Acredito que foi uma decisão que vai mudar aspectos emocionais e sentimentais da minha vida. Eu preciso mostrar às pessoas como é ser plus, linda e feliz. Todos precisam saber".

Vanessa Agra, de 25 anos:

"Desde pequena, sofri bullying (com violência) na escola, e preconceito no seio familiar, entre os amigos, entre os paqueras e namorados. A gordofobia está tão enraizada, que muitas vezes as pessoas nem notam que estão sendo preconceituosas. Mas na gente, que estamos ouvindo os comentários, está doendo. E o pior, muitas vezes a gente deixa esse comentário entrar fundo, e criar cicatrizes que são difíceis de sarar".

Luizi Diniz, de 29 anos:

"Participar do concurso é uma forma de conquistar autoestima para as mulheres que se sentem excluídas pelo padrão de beleza que a moda impõe? Este concurso é de extrema importância para o emponderamento feminino,não apenas da classe Plus Size,mas todas as mulheres quem tem dificuldade com auto aceitação, para nós participantes é muito mais motivador, pois estamos vivenciando momentos especiais, um aprendizado para vida, é transformador de uma forma totalmente positiva,e através disso nos tornamos incentivadoras das pessoas que nos cercam, é um incentivo a auto estima".

Louise Reys, de 26 anos:

"Veja que cada corpo é singular. Você pode ser o que quiser ser e continuará sendo linda por ser única. Perceba o que em você pode valorizar: Seja busto bonito, ou bumbum mais turbinado, um cabelo legal, um olhar atraente, ou um sorriso iluminado... E invista nisso! Tome para si que só você é responsável por você mesmo e não deixe que outras pessoas tirem o valor que você tem".

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