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Mutum: monitoramento da ave símbolo de Alagoas será retomado

Dos seis exemplares soltos em uma área de mata situada no município de Rio Largo, dois continuam vivos no local

Dois dos seis exemplares do mutum-de-alagoas que foram introduzidos em uma região de mata situada no município de Rio Largo voltarão a ser monitorados por equipes de especialistas logo após o término do período chuvoso. O projeto de reintrodução e acompanhamento do desenvolvimento da ave, que é considerada símbolo de Alagoas, foi suspenso por mais de dois anos em razão da pandemia.

Os três casais de aves, ameaçados de extinção, foram trazidos para o estado após passarem quarenta anos em cativeiro. Atualmente, existem apenas 110 exemplares da ave no mundo, sendo que as que não estão em Alagoas podem ser encontradas na Fundação Crax, situada no município de Contagem, em Minas Gerais.

A ideia do projeto de reintrodução é observar o comportamento delas dentro da mata nativa e saber se conseguem sobreviver sozinhas, se alimentando, se reproduzindo e fugindo dos predadores mesmo estando longe dos humanos. Das seis aves que foram trazidas ao estado, quatro delas morreram meses após a inserção na mata, mas as outras, que são duas fêmeas, continuam resistindo bravamente, fazendo com que a experiência dentro do habitat natural seja um sucesso.

De acordo com o professor curador das Coleções Ornintológicas do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do projeto de reintrodução dos mutuns nas matas alagoanas, Luís Fábio Silveira, a adaptação das aves à vida livre foi excepcionalmente boa, apesar de os dados coletados ainda serem poucos, tendo em vista a paralisação dos trabalhos durante o período pandêmico.

“Temos ainda poucos dados porque o projeto ficou paralisado durante os dois anos da pandemia, e será plenamente retomado após a estação chuvosa de 2022. A retomada será dada a partir do final da estação chuvosa, com a busca ativa pelos animais na Mata do Cedro. Certamente, a pandemia atrapalhou muito o projeto na medida em que não pudemos fazer o monitoramento diário que vínhamos fazendo desde setembro de 2019”, pontuou o professor.

Entre as aves soltas na mata, apenas os machos foram monitorados por GPS, tendo em vista que o equipamento, quando colocado nas fêmeas, poderia atrapalhar durante a cópula. Luís Fábio ressalta ainda que as aves, ao serem soltas, recebem alimentação suplementar até serem capazes de procurar comida sozinhas na floresta, que tem quase 1.000 ha. de área.

O mutum-de-alagoas protagonizou o primeiro caso na América Latina de reintrodução de um animal extinto na natureza. E são raríssimos os casos semelhantes no mundo. Entre eles, estão o caso do falcão-das-ilhas-maurício [Falco punctatus], o condor-da-califórnia [Gymnogyps californianus] e o corvo-havaiano [Corvus hawaiiensis].

PAPAGAIOS AMEAÇADOS DE EXTINÇÃO ESTÃO EM OBSERVAÇÃO NO IPMA

Com o mesmo objetivo de reintroduzir animais ameaçados de extinção em seu habitat natural, foram trazidos de São Paulo para Alagoas, no início deste mês, 60 exemplares de papagaios da espécie Amazona rhodocorytha, conhecido como chauás. Vítima do tráfico de animais, eles foram colocados em viveiros situados no Instituto para Preservação da Mata Atlântica (IPMA), que se tornaram seus novos locais de moradia.

De acordo com o professor Fábio, as aves devem ficar no local entre 4 a 6 meses, até serem soltas em matas do estado. “Neste momento, eles agora precisam ganhar mais musculatura de voo, além de incrementar as relações sociais nos seus bandos. Depois que eles forem aprovados nos exames comportamentais, sanitários e físicos, eles serão soltos”, avalia.

A ação para reintrodução das aves na mata tem a coordenação do IPMA, em conjunto com o Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA/AL), a Secretaria de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Semarh), o Ministério Público do Estado de Alagoas (MP/AL), Batalhão de Polícia Ambiental (BPA/AL), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Universidade de São Paulo (USP), Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (FAPESP) e Universidade Federal de Alagoas (Ufal), além de empresas do setor privado.