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Homem diz a colega mulher que queria que 'escravidão voltasse'

Ex-funcionário de rede de resorts nega as acusações; caso foi registrado em delegacia

O Ministério Público do Rio denunciou à Justiça um homem de 64 anos por injúria racial. Ele é acusado de ter dito a uma colega de trabalho que queria que a escravidão voltasse para que a mulher fosse obrigada a fazer sexo com ele.

De acordo com o MP, o crime ocorreu em 10 de setembro, na copa do escritório da rede de resorts ClubMed, empresa onde os dois trabalhavam, na Zona Sul do Rio.

Segundo a denúncia, Sergio Simões, de 64 anos, disse a Eunice Cides de Oliveira, de 30, que "queria que a escravidão voltasse, porque eu pegaria alguém". Em seguida, diz o documento, Sergio segurou o braço de Eunice e disse que ela "teria que fazer o que eu quisesse. Não teria conversa, você teria que fazer sexo comigo mesmo se não quisesse".

"Naquele momento, eu paralisei. E só conseguia falar pra ele: ?é sério que você tá dizendo isso? Para, eu não quero ouvir isso!?. Enquanto isso ele ria, como se fosse a coisa mais normal do mundo. E fazia gestos, como se estivesse me estuprando e me chicoteando", contou Eunice.

Eunice registrou o caso na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que indiciou Sergio, e encaminhou o caso ao Ministério Público do Rio.

"A Polícia Civil imediatamente começou a apuração, e convocou Sergio, que negou os fatos. Mas ele foi desmentido pelas testemunhas. Porque ele não só cometeu esse crime intolerável, injustificável, como os perpetrou na frente de vários colegas trabalho. A investigação da polícia foi concluída e remetida ao Ministério Público, que entendeu que há provas suficientes para o oferecimento da denúncia criminal", explicou o promotor Sauvei Lai, autor da denúncia.

Se a Justiça aceitar a denúncia, Sergio passa a ser réu. Se condenado, pode pegar de 1 a 3 anos de prisão.

Outro lado

Em depoimento à Polícia Civil, Sergio negou as acusações. Disse que entrou na copa da empresa enquanto Eunice e outras duas colegas conversavam sobre escravidão. Sergio alegou que, ao presenciar a cena, apenas disse "eu casava". O homem também negou ter segurado o braço de Eunice ou ter feito gesto de chibatadas. A GloboNews telefonou para a casa de Sergio, mas a pessoa que atendeu disse que ele não queria dar entrevista, e que o caso será resolvido na Justiça.

Em nota, a rede de resorts Club Med disse que Sergio foi demitido assim que o caso chegou ao conhecimento da diretoria da empresa.

Veja a íntegra danota:

"Ficamos todos consternados quando fomos informados sobre a situação porque é algo que vai totalmente contra nossos valores como empresa. O funcionário foi desligado imediatamente assim que a notícia chegou ao conhecimento da diretoria.

Desde o momento do ocorrido, buscamos abrir diálogo regular com a colaboradora por meio do diretor de RH, com quem ela mantém um canal de comunicação direto. A empresa sempre respeitou as ocasiões em que a colaboradora esteve de licença médica, contando com todo o nosso apoio e compreensão. Apesar do contato realizado pelo advogado, o mesmo não compareceu a nenhuma das reuniões marcadas pelo próprio.

Nosso objetivo é seguir proporcionando um ambiente de trabalho saudável tanto para ela como para todas as pessoas. Por isso, decidimos continuar investindo em treinamentos e na reestruturação de nossa política de diversidade, que se estende aos colaboradores de todo o Brasil. Para tanto contamos com o apoio da consultoria Mais Diversidade, reconhecida em sua área de atuação, e que já iniciou seus trabalhos conosco e nos apoiará neste processo.

Somos uma empresa multicultural e multirracial com milhares de colaboradores de 110 nacionalidades espalhados por escritórios e resorts em todo o mundo e nos orgulhamos disso."

Em 2019, Decradi registra 225 casos

A Decradi foi inaugurada em dezembro do ano passado. Este ano, até o dia 27 de novembro, a delegacia registrou 225 ocorrências, sendo que 39% foram de LGBTfobia; 29% de crimes raciais (sendo a maioria deles, injúria por preconceito); 27% de casos de intolerância religiosa (principalmente contra aquelas de matriz africana, como umbanda e candomblé); e 5% relacionados à xenofobia (casos de ódio contra imigrantes).

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