Os heróis da linha de frente de combate à pandemia estão insatisfeitos. O concurso público lançado pelo governo do Estado na semana passada que seria oportunidade de mostrar a valorização dos profissionais da saúde virou mais um momento de revolta: os baixos salários são alvos de crítica por entidades que cobram melhores condições de trabalho e remuneração.
Reneé Costa, presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Alagoas (Coren/AL), diz que a quantidade de vagas oferecidas é surreal e que vai contemplar menos de 10% da necessidade do estado e a média salarial tanto para os níveis médio e superior é muito baixa. "Inclusive a média salarial apresentada no certame é menor do que está sendo praticada hoje pelo Estado. A média hoje do nível superior da Enfermagem é de R$ 4,5 mil e do médio é entre R$ 2 mil”, explica Reneé Costa. Para o nível superior, o concurso oferece para o profissional da Enfermagem R$ 2,8 mil e médio R$ 1,1 mil.
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“Além da questão da média salarial muito baixa, o concurso não conta com especialidades e podem colocar pessoas sem qualificação. A única coisa que a gente concorda com o concurso são as 30 horas”, acrescenta o presidente do Coren/AL.
Já Marcos Holanda, do Sindicato dos Médicos de Alagoas (Sinmed), afirma que o salário é baixo e mostra o descaso com a categoria. “Realmente muito ruim e mostra mais uma vez o descaso, o não reconhecimento com a classe. Total falta de respeito, quando era hora de prestigiar. Nós já temos o pior salário do Brasil e com isso aí fica muito pior. Vai descer muito mais. O salário hoje é R$ 4,7 mil e está sendo oferecido R$ 3,7 mil ao médico”, diz.
No dia 11 de junho, o Governo de Alagoas lançou edital de concurso para a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), que oferta 1.200 vagas para a área. As inscrições começam no dia 18 e se encerram no dia 23 de julho, segundo informação do portal Agência Alagoas. O procedimento é on-line, feito por meio do site do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), banca organizadora do certame.
Para os cargos de assistente social, biomédico, bioquímico, enfermeiro, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, psicólogo e terapeuta ocupacional, todos de nível superior, as inscrições custam R$ 95 e a média salarial é de R$ 2.873,46. O certame também oferta vagas para o cargo de médico, com as inscrições custando R$ 250. Nesse caso, a média salarial prevista é de R$ 3.707,43 para uma carga horária de 24h semanais. Já para o nível médio, os cargos disponíveis são para técnico de enfermagem, técnico de enfermagem (APH), técnico de laboratório e técnico de radiologia. As inscrições, para esses candidatos, custam R$ 95 e a média salarial dos cargos é de R$ 1.100.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) esclarece que o último concurso realizado em Alagoas para os profissionais de saúde foi em 2003 e que hoje o Estado paga o maior salário das categorias para os profissionais no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus. “O certame está sendo realizado para todas as áreas da saúde pública e que os salários bases serão complementados com adicionais noturnos e de insalubridade, além do Plano de Cargos e Carreiras, consolidando, com isso, um avanço no Estado. Neste enfrentamento à pandemia, o Governo de Alagoas construiu quatro novos hospitais, estruturou 390 novos leitos de UTI exclusivos para pacientes acometidos pela Covid-19 e concedeu mais de 10 mil altas médicas na rede hospitalar estadual”, informa nota da Sesau.