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Alagoas tem seis vezes mais candidatos a pais do que crianças para adoção

No entanto, maioria acaba em orfanatos por não atender a pré-requisitos estabelecidos pelos pretendentes

Uma estatística cruel revela que, para cada criança ou adolescente disponível para adoção em Alagoas, existem pelo menos seis candidatos a pais em busca de um filho. Porém, como quem escolhe uma mercadoria, muitos pretendentes desistem da adoção pelo fato de não ter expectativas como idade, sexo e cor de pele atendidas na procura.

De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), atualmente existem 278 candidatos a pais e apenas 45 crianças e adolescentes alagoanos no Cadastro Nacional de Adoção. O número de pretendentes é 6,17 vezes maior do que a disponibilidade, e, mesmo assim, as casas de passagem da capital e do interior seguem lotadas.

Mas esta não é uma realidade exclusiva de Alagoas. No Brasil, há 34.624 candidatos a pais e 6.319 crianças prontas para a adoção. São meninos e meninas que esperam ansiosos para ter uma família que possam finalmente chamar de sua.

Estatisticamente comprovada, a preferência de quem busca adotar é por crianças com até dois anos de idade, de cor branca e de sexo feminino. Os números do CNJ revelam que, quanto maior a idade, menor a chance de encontrar uma família.

"Os dados mostram uma triste realidade de exclusão. Isso é um grande erro, na minha opinião, porque, quem está adotando, não está comprando uma mercadoria, e sim em busca de um filho. No meu ponto de vista, deveria ser algo natural", explica o juiz Ney Alcântara, titular da 1ª Vara da Infância e da Juventude de Maceió.

Como adotar?

O magistrado explica que, para adotar uma criança, é necessário que o candidato se inscreva no Cadastro Nacional de Adoção e que atenda a critérios estabelecidos pelo CNJ. O primeiro passo, segundo ele, é procurar a Vara da Infância mais próxima e apresentar documento de identificação e comprovante de residência. Em seguida, será agendada uma entrevista.

"Estão aptos para a adoção os maiores de idade, com diferença mínima de 16 anos para quem será adotado; com idoneidade moral; e que sejam autossustentáveis", observa o juiz, acrescentando que não é permitida a adoção por parentes - sejam ascendentes (bisavôs, avós ou pais) ou descendente s(filhos, netos ou bisnetos).

Alcântara ressalta que a única imposição financeira ao pretendente é que ele seja autossustentável. "Não importa se ele é rico ou pobre. O candidato deve ter condições de se sustentar e de sustentar a criança ou adolescente que for adotado. Só isso".

Também não existe restrição no que diz respeito à orientação sexual do pretendente. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a adoção desde que haja vantagem para quem está sendo adotado, "motivos legítimos" e um ambiente propício para o desenvolvimento, independentemente de se tratar de candidatos homossexuais ou heterossexuais.

Transparência é a melhor forma de evitar decepções, diz psicólogo
Para o psicólogo Aluízio Costa, transparência é a melhor forma de evitar frustrações tanto para os pais, quanto para os próprios filhos. Segundo ele, o diálogo deve ser constante e a presença de um profissional especializado para acompanhar a família é fundamental no antes, durante e depois do processo de adoção de uma criança.
"No início, há as expectativas da família e da criança. Depois, vem o processo de adaptação no novo lar. Por fim, a convivência. Todos os processos exigem um acompanhamento constante para que haja uma relação saudável, sem exageros. Nesse processo, ser sincero com o filho é o melhor caminho e evita que as partes se decepcionem ou se frustrem", pondera.
O psicólogo ressalta que, se uma criança tem conhecimento de que é adotada, torna-se mais fácil lidar com os questionamentos naturais que surgem ao longo do caminho. "É importante que a família expresse o amor, mas que explique que a criança é filha do coração, mesmo que ela ainda não entenda exatamente o que aquilo quer dizer. Será um processo bem menos traumático para as duas partes e evitará problemas maiores no futuro", acrescenta.
Aluízio Costa lembra que ainda existe muito preconceito sobre o assunto e que um dos reflexos disso é o grande número de crianças disponíveis para adoção. "A maior parte das pessoas quer um bebê, porque acredita que pode moldar a personalidade dele. Mas, na verdade, a personalidade é moldada ao longo da nossa vida. Por isso, não há motivos para deixar de adotar devido à idade".

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