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Alagoas pode sofrer 'apagão' de professores na Educação básica

No último semestre, Ufal deixou de preencher 700 vagas disponíveis em cursos de Licenciatura

Dados de um estudo recente podem ser motivos de dor de cabeça para quem se preocupa com o futuro da educação no país. Uma projeção divulgada pelo Instituto Semesp apontou para a possibilidade de faltarem professores da Educação Básica no Brasil, em 2040.

Os motivos são os mais variados: salários não atrativos, com abandono precoce da carreira; falta de interesse dos jovens por cursos de licenciatura; aposentadoria dos atuais docentes até lá, entre outros.

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Na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ao contrário do que possa parecer, o cenário de desinteresse por cursos de nível superior já é uma realidade. Para se ter uma ideia, no último semestre letivo, a universidade deixou de preencher 700 vagas que estavam disponíveis, em variados cursos, o que inclui alguns que, tempos atrás, eram considerados bastante concorridos, como de Engenharia.

A situação nos 32 cursos de licenciaturas ofertados pela Ufal não é muito diferente. Tradicionalmente preenchidos por alunos que vivem em uma situação mais vulnerável, muitos desses estudantes até chegam a ingressar e frequentar as salas de aula, mas não conseguem concluir por falta de condições.

Com os cortes de bolsas e dificuldades financeiras pelas quais as universidades públicas de todo o País têm passado, muitos acadêmicos não conseguem continuar frequentando as aulas sem os incentivos financeiros, como as bolsas ofertadas para monitores. O resultado disso é que eles largam o curso para trabalhar e conseguir ajudar no sustento da própria família.

No último semestre, de acordo com o pró-reitor de Graduação da Ufal, Amauri Barros, alguns cursos de licenciatura tiveram menos da metade das vagas preenchidas, mesmo com todas os chamamentos feitos via Sistema de Seleção Unificada (Sisu). “Esse é um fenômeno nacional, resultante da falta de incentivo por parte do Ministério da Educação e de valorização da Universidade Pública, porque não basta garantir o acesso, é preciso dar apoio e incentivo para que os alunos, em especial os mais vulneráveis, possam continuar frequentando a sala de aula.

A Ufal tem feito todo o esforço para ocupar as vagas, mas não está sendo fácil”, pontua o pró-reitor. O jovem Williames Vinicius dos Santos Vieira, de 22 anos, é uma das pessoas que precisaram deixar o curso de licenciatura em História no campus da Ufal em Arapiraca para poder trabalhar. Com todas as dificuldades impostas pela pandemia, ele se viu sem opção e sem alternativas e largou os estudos em 2021.

“Eu fiz seis semestres de História e o que me levou a me afastar do curso foi a necessidade, principalmente durante a pandemia, quando eu precisei arrumar um emprego. Os estágios na área da licenciatura, quando não são voluntários, o que é o caso da maioria, têm um auxílio muito baixo, de 400 ou 500 reais, dinheiro com o qual não dá para sobreviver. Então, eu precisei me afastar para arrumar um emprego”, pontua.

Williames relaciona as dificuldades enfrentadas por quem faz um curso de licenciatura. Entre elas, as poucas vagas ofertadas quando surgem concursos públicos e as baixas remunerações, que ficam em torno de um salário mínimo ou um pouco mais. Isso sem contar na falta de estrutura quando o professor chega à sala de aula na rede pública, quando se depara somente com “quadro e giz” para trabalhar. Mesmo assim, ele conta que ainda pretende retomar os estudos na universidade, mas que, neste momento, a volta para a sala de aula não é uma prioridade.

“A necessidade me obrigou a me afastar do curso para trabalhar e buscar outras coisas. Eu pretendo voltar, pretendo me formar, mas isso deixou de ser minha prioridade no momento. Estou trabalhando e pretendo organizar a minha vida financeira primeiro. Vou voltar porque é algo que eu gosto, a área da História é algo com a qual me identifico”, fala o jovem, que atualmente trabalha no setor administrativo de uma empresa.

Esperança

A estudante Francine Leôncio Mendonça de França, de 22 anos, vai na contramão da tendência nacional, projetada pela pesquisa da Semesp. Ela é um dos exemplos de que a nova geração ainda pode se interessar pelos cursos de licenciatura, apesar de todas as dificuldades.

A acadêmica ingressou na Ufal como aluna do bacharelado em História, mas pouco mais de dois anos depois, migrou para a licenciatura na mesma área. Filha de professora da rede pública, ela tentou “fugir” da docência, inclusive com o incentivo da própria mãe, mas não conseguiu driblar o próprio destino.

“Meu ingresso para a licenciatura não foi direto. Primeiro eu entrei no bacharelado em História por opção própria e só vim mudar para a licenciatura depois de dois anos e meio cursando o bacharelado, durante o período da pandemia. Apesar de gostar bastante do bacharelado, que é mais focado na pesquisa em si, o receio de ficar desempregada me fez trocar para a licenciatura, pois apesar do salário de professor ser incompatível com o trabalho que ele realiza, o mercado ainda é bem maior do que para um pesquisador. Mesmo que ser professora não fosse minha principal prioridade, eu sempre soube que acabaria me tornando uma, pela situação do campo da história no país”, afirma a universitária, que atualmente está no 6º período.

Ela conta que se sente bastante à vontade à frente de uma sala de aula e diz que se vê trabalhando como docente em um futuro próximo. “Quando eu entrei na licenciatura e comecei a ver na prática o que é realmente dar aula, me senti bastante à vontade. É maravilhoso estar em contato com os jovens em formação e poder contribuir com esta formação. Minha mãe é professora de Biologia da rede pública e sempre me alertou para as dificuldades da área. Na verdade, ela tentou me afastar da docência, porque a área é bastante desvalorizada e o trabalho é grande, mas não deu certo. Eu acredito que pela educação nós podemos transformar o país”, fala a estudante.

Francine é consciente em relação ao terreno que está pisando e aponta as dificuldades que sabe que vai enfrentar quando entrar no mercado de trabalho. “As maiores dificuldades, além da desvalorização e dos salários baixos, as estruturas das escolas públicas são bem precárias e isso impede que o professor desenvolva atividades mais dinâmicas e interativas, fugindo dos padrões de aulas expositivas que não atraem os alunos. A parte boa é, com certeza, ensinar o que se ama, e a História sempre foi a minha paixão durante a escola. Então você poder repassar seus conhecimentos é incrível”, fala.

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