A ideia não é levar vantagem, mas diminuir o prejuízo. Tanto financeiro como o emocional. Afinal, quando comprou ingressos para a decisão do futebol feminino, a professora Lívia Cristo, fã de Marta, sonhava com a medalha dourada inédita, assim como a grande maioria da torcida brasileira. Mas o sonho foi pulverizado na disputa de pênaltis diante da Suécia, na terça-feira. Ir à final no Maracanã, agora, não faz mais qualquer sentido. Por isso, a professora decidiu vender seu ingresso.
Assim como ela, mais de 50 torcedores tentam vender ou trocar seus ingressos na área de convivência do Parque Olímpico nos últimos dias de competição. Tudo para amenizar o prejuízo causado pela euforia de comprar muitos ingressos sem qualquer planejamento. E, de quebra, conseguir, na última hora, entrada para ver de perto alguma competição que tenha ficado fora do pacote de desejos.
- Desisti de ver o Brasil contra a Argentina, no vôlei masculino, para ver a final do vôlei de praia feminino, já que vai pintar medalha para Ágatha e Bárbara. Quero esquecer a decepção com o futebol feminino e tentar melhorar meu saldo nesta Olimpíada. Tanto o emocional como o bancário - diz Lívia, que comprou 27 ingressos e assistiu a 10 competições - afirmou Lívia.
Quando pagou parte do valor dos 40 ingressos adquiridos, a bióloga Denise Araújo nem quis fazer as contas. Sabe que já desembolsou até o momento R$ 4,5 mil, pagos de forma parcelada, e não quer somar tudo por medo do susto que certamente vai levar com o valor total da folia olímpica. Nesta quarta-feira, tentava se desfazer de ingressos da final do futebol feminino pelo mesmo motivo de Lívia, além dos do basquete feminino (a R$ 240), vôlei feminino (R$ 230) e saltos ornamentais (R$ 260).
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- Acho que vou sofrer muito quando a conta toda fechar. Vai ser mais doloroso do que a derrota da Marta. Mas já que estou aqui tento aproveitar o máximo, ver bastante competições e curtir todas as atividades do Parque. Mas pretendo vender o máximo de ingressos que conseguir para não fechar totalmente no vermelho - planeja Denise.
A estudante de Aracaju Luana de Lemos, 27 anos, não contabilizou qualquer prejuízo nesta Olimpíada. Viu tudo o que queria e ainda se divertiu no Parque. Ela comprou dois ingressos para a exibição de ginástica de gala a R$ 450 e tentava vender a preço mais baixo ou trocar para entradas para outro evento. Já as amigas Karina Duarte e Daniele Costa faziam parte do grupo "viúvas do futebol feminino" e tentavam vender seus ingressos para a semifinal e final do torneio.
- Também queremos nos desfazer dos ingressos da semifinal e final do vôlei feminino depois da triste queda da seleção brasileira. Acho que fui meio pé-frio, então o objetivo é diminuir o prejuízo - espera Karina.
Muitos estrangeiros faziam o mesmo por motivos parecidos. O argentino Diego Hernández veio de Buenos Aires para tentar acompanhar o maior número de competições possível, mas na reta final acabou perdendo o pique da largada, quando chegou a ver três eventos em um só dia. Conseguiu vender dois ingressos.