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HOME > esportes > NACIONAL

Malcom diz que tem saudade e garante: "Vai voltar a ganhar"

Campeão brasileiro em 2015, atacante fala sobre jogar com Messi, lembra episódio de racismo e analisa passagem pela Europa

Anos vitoriosos no futsal, sucesso na base, chegada ao profissional com pouca idade, um título com protagonismo e uma venda para a Europa que, anos depois, segue rendendo milhões por conta das seguidas transferências que dão dinheiro ao clube por meio do Mecanismo de Solidariedade da Fifa.

Projeto de futebol do Corinthians em 2021, essa realidade já foi a de Malcom, campeão brasileiro em 2015 que, no ano seguinte, partiu para o Bordeaux, da França.

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Com uma passagem relâmpago pelo Barcelona na temporada 2018/2019 e há dois anos no Zenit, da Rússia, o atacante de 24 anos falou com o ge e tratou de dar uma dica para os meninos que, hoje, são apostas para mudar a realidade do Timão:

– Respeito é primordial. Saber escutar os mais velhos e não ter vergonha. Com vergonha, você ficará meio acanhado e não vai conseguir mostrar seu talento, seu futebol. Minha dica é saber escutar os mais velhos e não ficar acanhado – disse o jogador.

Perto de conquistar o segundo título do Campeonato Russo pelo Zenit, que lidera a tabela a quatro rodadas do fim (seis pontos à frente do Lokomotiv Moscou), o atacante falou sobre suas experiências na Europa, o episódio de racismo na Rússia e os casos de Covid-19 que teve na família.

Veja a entrevista:

ge: Recentemente entrevistamos um técnico do futsal do Corinthians que trabalhou com os jovens que hoje estão no elenco (Daniel Magalhães) e ele disse que você teve muito destaque na categoria. Tem saudade?

Malcom: – Futsal é o primeiro de tudo, né? A gente aprende a dar um passe mais prensado, mais forte, rasteiro, aquele que chega com precisão. Depois vai para o campo sabendo como fazer. O futsal ajuda muito, depois para aprimorar no campo é muito mais fácil.

– Nosso time era muito bom, eu gostava muito de jogar futsal. Tenho muita saudade. Tenho uns DVDs que meu avô fez para mim dos jogos e às vezes eu olho. Subi aos 16 anos para o profissional e hoje, aos 24, nem me sinto mais jovem. Até uns três anos atrás eu ia no meio da roda de bobinho e era o mais novo. Hoje não sou mais. Fico até preocupado, o tempo passa muito rápido.

Você repostou uma foto do Rodrigo Varanda ao seu lado. Você tinha 18 anos e já estava no profissional. Ele tinha 12 e treinava futsal. Na sua época, também tietava jogadores no Timão?

– Com certeza. Quem jogava os dois, treinava de manhã campo e à noite futsal, ficava no Parque São Jorge direto. Depois do treino da manhã, a gente ficava lá assistindo. Eu lembro de ver Ronaldo e Roberto Carlos. E a gente ficava vendo o treino deles e imaginando: "Eu quero ser jogador". Muitos da minha época se tornaram profissionais, fico feliz por isso, mas triste pelos que ficaram pelo caminho. Não é fácil, exige muita coisa, muito sofrimento, mas quem consegue vê a bonança. Esse caminho não são todos que conseguem, muitos jovens de muita qualidade desistiram. A gente fica triste, mas sabe que estão trabalhando em outras áreas. Se tem fé e quer se tornar jogador, não pode desistir.

Por que você deu certo?

– Eu sempre acreditei que eu iria melhorar minha vida, melhorar a vida da minha família, chegar ao profissional. E as pessoas que estiveram por trás fizeram o melhor por mim e até hoje fazem. É trabalhar firme e não desistir. Muitos acabam sendo emprestados, vão jogar Série C e com 30 anos encerram a carreira porque não têm clube para jogar. A carreira é difícil, tem que ter muita cabeça.

Tem uma passagem legal sobre seu período no profissional. O Corinthians chega a Belo Horizonte para enfrentar o Atlético-MG naquela final antecipada, em 2015. E na véspera do jogo a comissão leva você e o Guilherme Arana para ver o gramado do estádio. Foi algo muito incomum...

– Nós éramos os mais jovens do elenco, então o Tite perguntou se queríamos fazer o reconhecimento do gramado. Não era normal, mas ele pediu para a gente ver a arquibancada, que fica muito perto lá no Independência. A pressão seria grande no domingo. Mas deu tudo certo, fiz até um gol (na vitória por 3 a 0), saímos de lá com 95% do título ganho. É uma coisa que ficou gravada.

Pelo Corinthians, foram 73 jogos e dez gols.

O Arana foi seu grande parceiro no Corinthians, mas vocês tinham muita proximidade com o Gil, que está de volta ao Corinthians. Como foi essa identificação?

– (Risos) O Gil é gente boa demais. Ele nos acolheu desde o primeiro dia, fez uma brincadeira comigo, aí ficamos mais próximos. Foi um paizão no Corinthians, falo com ele até hoje, é um exemplo dentro e fora. Ele sempre ajuda os jovens que estão subindo da base. Às vezes, ficam com vergonha, ele vem, faz a brincadeira dele, você se sente no grupo, ele vê sua opinião. É um líder, muitos se espelham nele, é um exemplo. Como é o Cássio, o Fagner, como era o Ralf. Tenho muitos exemplos: Love, Renato Augusto, joguei só com fera no Corinthians. Levantar a taça de 2015 para mim foi uma honra.

A torcida tem muita saudade deste time...

– E eu também (risos). Pelo ambiente, não porque não está ganhando títulos hoje, mas pelo ambiente saudável, de brincadeira. Tinha o Tite, que era como nosso pai. Foi especial e vai ficar marcado na minha carreira. O ambiente da época foi fundamental para a gente ganhar os jogos e ficar com o título.

Tem acompanhado o Corinthians atualmente?

– Eu acompanho quando posso, aqui são seis horas na frente, às vezes o time está jogando e eu estou dormindo. Acompanho no dia seguinte os melhores momentos. O time do Corinthians precisa de tempo, com tempo vai se aprimorando, alguns meninos subiram, tem o Rodrigo Varanda, tinha o Gustavo Mantuan que vinha jogando. Basta o tempo e tudo vai se encaixar.

– O tempo vai fazer com que o Corinthians volte a ganhar. Jogadores qualificados tem, é Corinthians, o clube não faria a cagada de ter jogadores não qualificados no elenco. Estarei torcendo sempre, independente de estar ganhando ou perdendo. E eles têm família, são muitos jogadores consagrados e tenho certeza que vão voltar a ganhar.

Sobre sua primeira experiência na Europa, como foi jogar pelo Bordeaux, da França?

– Foi o começo de tudo na Europa, o time que abriu as portas para mim. No Bordeaux, comecei a treinar chute de fora da área, o que eu não fazia no Corinthians. Comecei a treinar faltas, pênalti. E comecei a ser visto na Europa toda. Muitos falaram que não seria o passo ideal para mim, mas eu sabia que seria uma vitrine. Foram dois anos e meio intensos, muito felizes, que ficarão marcados na minha carreira.

Pela Bordeaux, foram 99 jogos, 23 gols marcados e 14 assistências

Se contestaram sua ida para o Bordeaux, para o Barcelona ninguém cornetou, né? Aliás, o seu avião poderia ter ido para a Itália, não é?

– A gente estava apalavrado com a Roma, mas o presidente do Bordeaux viu que a proposta do Barcelona financeiramente era melhor para ambos, para o Bordeaux e para mim. Decidiram que eu fosse para o Barcelona e realizei um sonho de criança. Jogar ao lado dos melhores do mundo foi um aprendizado que levarei para o resto da carreira.

Quando encontrou Messi pela primeira vez, ficou igual esses meninos da base do Corinthians?

– Não tem como não ficar. Um cara muito natural, inteligente, entende o jogo rápido, faz de tudo. Ele vai ser considerado um dos melhores da história, se já não é o melhor.

Acabou sendo uma passagem de um ano, um pouco curta. Quais conclusões você tira deste período?

– Foi aprendizado. Aprendi muitas coisas com os melhores do mundo, aprendi a lidar também com todo mundo, fiz amigos. Para mim, levarei para o resto da vida. Realizei meu sonho, fui convocado para a seleção brasileira, fiz gol no maior clássico do mundo (Barcelona x Real Madrid), fiz gol na Liga dos Campeões, não tem sonho maior. Em um ano, ganhamos dois títulos, da Liga e da Supercopa da Espanha. Tenho história para contar com os melhores do mundo.

Pelo Barcelona, foram apenas 31 jogos, com seis gols marcados e quatro assistências

O Barcelona vem tendo bastante dificuldade nas últimas edições da Liga dos Campeões. Como vê essa diminuição de protagonismo na Europa?

– Ah, acho que o Barcelona é um dos melhores, se não o melhor time do mundo. Mas Liga dos Campeões é jogos entre os melhores de cada país. Cada jogo é uma final, às vezes não está num bom dia. Lembro (na semifinal de 2018/2019) que ganhamos do Liverpool por 3 a 0 no Camp Nou, muitos achavam que a gente já estava classificado, pois era um resultado grande, mas sabíamos que não seria fácil no Anfield. E foi o que aconteceu (derrota por 4 a 0). É sempre final, às vezes o cara dá um chute, toca em alguém e entra. Ou, numa desatenção, o cara vai e faz o gol. É Liga dos Campeões.

Como foi trocar o Barcelona pelo Zenit?

– Sair do Barcelona por sair eu não sairia. Foi por continuar jogando a Liga dos Campeões, não sair da vitrine da Europa e também a gente tem família, né? Cuido da minha família aqui e no Brasil, então financeiramente foi melhor para as duas partes. Decidi sair para jogar, no Barcelona estava sendo pouco aproveitado. Tomei uma decisão difícil, muitos não saíram do Barcelona, muitos preferem ficar e se manter no banco porque é Barcelona. Eu decidi jogar.

– E o Zenit é um grande clube na Rússia, todo ano está jogando Liga dos Campeões. É um time vitorioso, estamos quase encaminhando um terceiro campeonato seguido, que seria o meu segundo. Aliás, cheguei com o pé direito, ganhamos os três campeonatos e estou muito feliz aqui. Pude trazer minha família, nesta fase de coronavírus está complicado. Trouxe eles para ficarem aqui comigo.

Sua mãe (Flávia de Oliveira) revelou no Instagram que vocês tiveram sete casos de Covid-19 na família. Ela e seu irmão (Samuel) tiveram sintomas mais graves, né? Como foi tudo isso?

– Acho que eles pegaram Covid-19 no aeroporto em Istambul, na Turquia, onde fizeram escala. Tive contato com eles por quatro dias e depois fui para outra casa com minha namorada, pois não estávamos contaminados e não pegamos ainda. Eles ficaram na minha casa por ser maior, para poderem andar. Minha mãe e meu irmão ficaram muito mal, mas superaram a Covid.

– Tiveram todo o suporte do Zenit, que nos deixou um médico 24h (disponível). Podia ligar 5 horas da manhã que ele vinha cuidar deles. Fiquei preocupado, isso não é brincadeira. Mas eles superaram, hoje estão sorridentes.

E uma das vacinas é russa, a Sputnik. Como está a vacinação por aí?

– Aqui todo mundo já está vacinado. Eu, como peguei uma gripe, não pude ainda. Mas minha namorada já tomou as duas doses. No clube todo mundo já tomou. O Zenit está muito focado nisso, estão dando a vacina no estádio nos dias de jogo, liberando para o povo.

Vida normal em São Petesburgo, então?

– A gente tem medo, né? Fui ao mercado hoje, vou de máscara por não ter pegado o corona ainda, mas o pessoal que passa na rua e dentro do mercado não está mais de máscara. Eles já tomaram a segunda dose, então a vida está normal, tem torcedor no estádio.

Você chegou ao Zenit em agosto de 2019 e, desde então, sofreu com algumas lesões. O início foi mais difícil do que o imaginado?

– Quando cheguei, tive uma lesão muscular no músculo do chute, perdi muito tempo pela lesão, e depois tive pequenas lesões no colateral do joelho, torção. A gente usa um tipo de chuteira, mas aqui tem que trocar por causa dos campos, escorrega muito por causa da neve, os campos ficam mais fofos, então você se lesiona facilmente. Estou voltando a jogar agora, recuperando a forma física e espero que esses últimos jogos sejam de muitos gols e vitórias para a gente ser coroado com mais um título.

Quando você chegou, alguns torcedores fizeram protestos racistas. Como viu a situação? Essa relação com a torcida mudou com o passar do tempo?

– Acho que para mim não faz diferença se tiver racismo ou não. Vim para jogar futebol. Dou meu melhor, não importa se um ou dois vão achar isso. Estou decidido: vim fazer historia e ganhar muitos títulos. Se conseguirmos, será meu quarto em dois anos. Ser vitorioso é muito importante para um atleta.

Em entrevistas na época, você chegou a dizer que até cogitava jogar pela seleção russa. Cogita mesmo? Não prioriza um caminho na seleção brasileira?

– Com certeza, sou brasileiro, quem não quer jogar pelo seu país? Agora, se não vier a oportunidade, tem que ter um plano B. Penso em jogar na seleção brasileira, sim, como todo atleta brasileiro sonha. Esse é meu maior sonho. Vamos em busca. Primeiro voltar a jogar, voltar a fazer gols, voltar a me destacar para depois pensar sobre isso.

Então, seis anos após deixar o Corinthians, virou fluente em francês, catalão e russo?

– (Risos). Não, não...Falo bem francês, falo espanhol e um pouco português, mas russo é difícil, hein? Mas a gente se vira no campo, algumas palavras eu consigo desenrolar no campo.

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