Por João Gabriel Rodrigues
E depois do adeus, como é que fica? Serginho não vê mistérios. Após se despedir da seleção brasileira em uma grande festa em Brasília, o maior líbero da história diz que a vida continua. Vai passar mais tempos com os filhos, levá-los à escola e encarar os mesmos compromissos das pessoas comuns. As quatro medalhas olímpicas que carrega no peito não o livram da rotina pesada no dia a dia.
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- A minha história acabou aqui e foi do jeito que tinha de ser. Quatro medalhas olímpicas, dois campeonatos mundiais. Eu vou ter saudade dos meus amigos, das pessoas. Não vou sentir saudade de treino, pode ter certeza. Seu corpo precisa descansar. É difícil você jogar vôlei de alto nível, conquistar tudo o que essa seleção conquistou e estar no meio disso tudo. O mundo quer te derrubar, e a gente sempre ganhando, perdendo, mas no pódio. Eu acreditei no meu sonho e consegui. É o que eu falo: não sou diferente de ninguém. Agora, vou ter de pegar meu voo para minha casa, ficar com meus filhos, levá-los para a escola, ir ao banco, lavar o carro, fazer o almoço. Tudo como uma pessoa normal. As pessoas precisam acreditar, não se afundar em problemas e correr atrás.
A volta à quadra, agora, ficará restrita aos jogos do Sesi-SP, seu clube. Serginho acredita que jogará por mais dois anos, até os 42, antes de se aposentar definitivamente. Ainda que seja difícil dizer adeus, o líbero ressalta a importância de se despedir com a cabeça tranquila.
- Ninguém quer jogar voleibol para sempre. Eu não quero jogar para sempre na minha vida. É o fim de uma história, de um sonho. Aconteceu tudo isso na minha vida. Eu choro de felicidade. E de alegria de não jogar mais. Tem de aparecer novos ídolos. O Brasil precisa de gente nas quais as pessoas possam se espelhar e não desistir do sonho. Eu sou um cara, cheguei em São Paulo com nove meses de idade, meus pais trabalhavam em lavoura de café. Através de uma bola, eu mudei minha vida, da minha família, dos meus amigos. As pessoas precisam entender que só há dificuldade se as pessoas entram nela e não querem sair.
- Estou em forma. Quero ir para o meu clube, fazer o que sempre fiz pela seleção, fazer pelo meu clube. Jogar mais uns dois anos. A história tem de se encerrar. Agora, tem de bater palma para outros jogadores, para essa geração. Em 2012, quando parei, de certa forma, sentimos saudade dos amigos. A rotina é muito desgastante, você fica longe dos filhos. Você perde certas coisas que o dinheiro não te traz de volta. Agora, acho que vou começar a viver de novo, ficar perto dos meus filhos, educar direito eles. É isso que importa - afirmou.
Na festa de despedida, teve algo inédito em uma carreira dei vitórias. No primeiro set, tentou marcar um ponto de ataque, anulado pelo juiz - no vôlei, os líberos não podem atacar. No fim, teve a chance de sacar e dar fim ao jogo.
- Ali foi palhaçada mesmo. A festa não poderia ser mais linda do jeito que foi. Sendo homenageado, Bruno e Alison aqui, Bernardo recebendo medalha de ouro. Brasília, obrigado.