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HOME > esportes > INTERNACIONAL

Thiago elogia técnica brasileira, mas critica: 'Pior organização do mundo'

Filho de Mazinho guarda do Brasil a paixão pela feijoada e a torcida pelo Flamengo, mas admite que irmão Rafinha é mais ligado ao país

Cinco anos nas divisões de base do Flamengo, dos 10 aos 14 de idade, bastaram para o filho de Mazinho tomar a decisão de se afastar do futebol brasileiro. Aos 24,Thiago Alcântaravive feliz da vida em Munique, titular no meio-campo de Guardiola. O amor pela terra onde nasceu toda a sua família - apenas Thiago é natural da Itália -, pela comida tipicamente verde-amarela e pelo clube da Gávea não levam, no entanto, o meia da seleção espanhola a pensar num futuro no país. Na cidade alemã, ele vive com a esposa e pensa em, um dia, quando acabar a carreira, voltar a morar em Barcelona.

Sempre que pode, assiste aos jogos do Brasileirão e da Libertadores nas madrugadas europeias. Acompanha de perto a Seleção e torce pelo irmão Rafinha, meia do Barcelona que escolheu seguir as pegadas do pai, mas o seu caminho é outro. Em entrevista exclusiva no CT doBayern de Munique, Thiago recebeu a reportagem e não fugiu de qualquer tema. O meia deu o seu ponto de vista sobre o momento atual do futebol pentacampeão mundial.

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- A qualidade do Brasil é indiscutível. Os jogadores brasileiros têm a maior técnica e a maior qualidade do mundo. Em nenhum lugar do mundo, você vai achar essa técnica. Só que é certo que é a pior organização do mundo. O futebol brasileiro tem a pior organização do mundo. Você tem que ter uma balança e fazer as coisas certas dos dois lados. Não vale só a técnica, senão do outro lado desequilibra. Então, seria legal achar essa compensação. As categorias de base devem ajudar no desenvolvimento dos jogadores, não digo desenvolver só para vender mais tarde, mas para fazer deles melhores jogadores mesmo e com uma carreira boa. Acho que é isso que falta: essa organização na base e também mais seriedade nos clubes para acreditarem num treinador durante mais anos, dando sequência ao trabalho dele - afirmou o jogador que morou no Rio de Janeiro quando criança, até se mudar definitivamente para a Espanha aos 14 anos.

Apaixonado pela feijoada brasileira, Thiago nega que se sente mais espanhol que brasileiro. Prefere ser "um cidadão do mundo" e admite que o irmão mais novo, que optou por representar a Seleção, é mais ligado ao país.

- Ajudou muito o fato de o Rafa ter nascido no Brasil. Ele sempre se sentiu brasileiro, sempre se sentiu mais identificado que eu com o Brasil, e acho que ele curte mais do que eu ir para o Brasil também.

Bicampeão alemão pelo Bayern de Munique, Thiago ainda quer conquistar o seu primeiro título da Champions como protagonista. O meia levantou a "Orelhuda" em 2011 com o Barcelona de Guardiola, em Wembley, mas com Xavi, Iniesta e Messi no meio de campo, não teve muito espaço. O caminho para a final este ano depende do jogo de quarta-feira, em Munique, contra o Juventus. O resultado na Itália, empate por2 a 2, é favorável aos bávaros, mas não permite distrações. O filho de Mazinho vê o seu time mais forte do que nos anos anteriores, quando foi eliminado na semifinal por Barcelona e Real Madrid.

- A gente chegou pior nos outros anos porque faltavam jogadores, tínhamos muitas lesões, tanto contra o Real Madrid como contra o Barcelona. E para esta fase da temporada, precisamos de todos os jogadores não só nos jogos, mas nos treinamentos também. Este ano chegamos faltando só dois zagueiros e estamos num momento ótimo do campeonato, em que podemos fazer essa rotação para chegar todo mundo fresco. Acho que sim, que chegamos mais fortes, isso sim.

Champions

O Bayern de Munique enfrenta o Juventus para decidir uma vaga nas quartas de final. Vocês fizeram um primeiro tempo com 70% de posse de bola e 2 a 0 em Turim, mas, quando eles pressionaram, vocês sofreram dois gols. O que é que aconteceu?

THIAGO:Acho que foi um jogo muito bonito, tiramos um bom resultado. Empatamos, mas não foi pela pela pressão deles. Acho que a gente fez um jogo de tão alto nível no primeiro tempo que no segundo tempo a gente cansou um pouco. Deu uma brecha para eles, eles fizeram 2 a 2. Estamos falando de um time que é tetracampeão da Itália, finalista da Champions. Não é um time qualquer. Moralmente e fisicamente, estávamos cansados. Se a gente tivesse saído de lá com um 2 a 0 ou 3 a 0, este jogo teria entrado para a história do futebol, porque realmente o primeiro tempo foi muito bonito.

Imagem ilustrativa da imagem Thiago elogia técnica brasileira, mas critica: 'Pior organização do mundo'
| Foto: FOTO: Getty Images

Alguns críticos dizem que o Bayern não parece tão em forma nesta fase da temporada por causa da para do Campeonato Alemão em janeiro. Você concorda?

Não, nos últimos dois anos o que fez com que a gente baixasse um pouco o nosso ritmo e bom futebol na reta final foi o fato de termos ganhado o campeonato muito cedo. Se não me engano, um ano foi em março e no outro em fevereiro. Nesses meses, a Liga dos Campeões ainda está no meio. Se por um lado é bom que você pode pensar só na Champions, por outro, não, porque a gente precisava desse ritmo de jogo. Este ano, o campeonato está mais disputado, o Borussia Dortmund está vencendo os seus jogos, então está sendo um campeonato mais competitivo.

Esse ano, o Bayern chega mais forte à fase decisiva da Champions?

A gente chegou pior nos outros anos porque faltavam jogadores, tínhamos muitas lesões, tanto contra o Real Madrid como contra o Barcelona. E, para esta fase da temporada, precisamos de todos os jogadores não só nos jogos, mas nos treinamentos também. Este ano, chegamos faltando só dois zagueiros e estamos num momento ótimo do campeonato, em que podemos fazer essa rotação para chegar todo mundo fresco. Acho que sim, que chegamos mais fortes, isso sim.

Barcelona x Bayern

Quais são as principais diferenças entre o time do Bayern de Munique e o do Barcelona?

Eu não gosto muito de comparações, acho que são sempre odiosas. Mas são muitas, são muito diferentes. Acho que a única semelhança é que os dois times gostam de ter a posse de bola, mas são dois estilos completamente diferentes. É como querer comparar Barcelona a Real Madrid.

Imagem ilustrativa da imagem Thiago elogia técnica brasileira, mas critica: 'Pior organização do mundo'
| Foto: FOTO: Reprodução / Twitter

E entre as duas cidades?

Eu fui criado em Barcelona, a minha adolescência foi toda em Barcelona e foi bem legal. Barcelona é provavelmente a cidade que eu vou morar quando deixar o futebol. Mas Munique é uma cidade bonita, que recebeu muito bem a minha família. Aproveitamos mais aqui, é uma cidade mais relaxada que Barcelona, mas é verdade que Barcelona é muito bonita.

Aqui não tem tanta pressão de imprensa diária?

Como eu sempre fui acostumado ao futebol desde pequeno com o meu pai, eu tenho bem dominada a imprensa. Eu sei quando fazer as coisas, sei o que dizer, como dizer, quando dizer. Então, a pressão é para quem lê jornal e sente pressão por ler notícias sobre ele. Eu gosto de me ver jogar futebol, eu mesmo vejo os meus erros, os meus acertos.

Você é dos que assiste a futebol ou prefere videogame?

Ao contrário. Eu jogo muito muito pouco playstation. Durante o ano, vêm os meus amigos do Brasil, de Vigo, Barcelona e, de dez vezes, a gente joga uma playstation. Então, eu amo futebol. Eu gosto de ver muitos jogos, mas ao mesmo tempo não gosto tanto de play, gosto mais de sair para a rua.

Sangue brasileiro

Você assiste ao Campeonato Brasileiro?

Assisto. Dá para assistir alguns jogos, quando vou dormir tarde depois de um jogo que termina tarde. Dá para assistir sim.

Imagem ilustrativa da imagem Thiago elogia técnica brasileira, mas critica: 'Pior organização do mundo'
| Foto: FOTO: Fabricio Costa / Globo Esporte

Não está nos meus planos, mas nunca se sabe. O meu pai jogou no Vasco, eu sou torcedor do Flamengo, e quando estava jogando lá, joguei no Flamengo. Mas não diria só vou jogar nesse ou naquele time. Nunca pensei em jogar no Brasil.

Como é que você vê o momento da seleção brasileira: a derrota para a Alemanha por 7 a 1 na Copa do Mundo, a eliminação da Copa América nas quartas de final e tantas dificuldades?

Simplesmente é um tema de ordem. A qualidade do Brasil é indiscutível. Os jogadores brasileiros têm a maior técnica e a maior qualidade do mundo. Em nenhum lugar do mundo, você vai achar essa técnica. Só que é certo que é a pior organização do mundo. O futebol brasileiro tem a pior organização do mundo. Você tem que ter uma balança e fazer as coisas certas dos dois lados. Não vale só a técnica, senão do outro lado desequilibra. Então, seria legal achar essa compensação. As categorias de base devem ajudar no desenvolvimento dos jogadores, não digo desenvolver só para vender mais tarde, mas para fazer deles melhores jogadores mesmo e com uma carreira boa. Acho que é isso que falta: essa organização na base e também mais seriedade nos clubes para acreditarem num treinador durante mais anos, dando sequência ao trabalho dele. Mas repito, eu acompanho o futebol brasileiro, mas não acompanho o suficiente para poder criticar as coisas por lá.

Aqui eles ainda falam do 7 a 1?

Não, não falam mais, eles são bem respeitosos com os brasileiros daqui. Acabou. Foi um resultado bonito, um jogo bonito, eles acabaram campeões do mundo, que é mais importante que o 7 a 1, mas já passou.

Você joga pela seleção espanhola, mas você se sente mais brasileiro ou espanhol?

Ah, eu tenho as duas coisas, eu ando com brasileiro, com espanhol. Não sou de país, sou uma pessoa do mundo, não gosto de viver com essas fronteiras de "eu sou brasileiro ou eu sou espanhol". Não. Curto todo o mundo e gosto de fazer várias coisas.

Pergunto de maneira diferente: o que é que você tem do Brasil e da Espanha?

Toda a minha família é brasileira, os meus irmãos pequenos nasceram no Brasil. Só eu é que não nasci no Brasil (nasceu na Itália), só que eu fui criado na Espanha. Então, é aquela mistura que não dá para descrever o que é tem de um ou de outro. Eu tenho muitos jeitos brasileiros e uma parte da seriedade espanhola. É uma mistura, eu sou um pão de queijo com doce de leite dentro (risos).

O Rafinha é mais brasileiro do que você?

Ajudou muito o fato de ele ter nascido no Brasil. Se eu tivesse nascido no Brasil, acho que a história seria completamente diferente. É certo que, quando eu tinha uns 17 anos, entramos em contato com a CBF, porque a federação espanhola já estava apostando forte em mim, já tinha uma projeção nas divisões de base e ia acabar chegando na seleção principal. Mas, antes disso, a gente queria ver a projeção que o Brasil queria dar. E realmente, naquele momento, a CBF disse não, não vamos levar nenhum jogador que seja criado em categorias de base fora do Brasil. A gente aceitou a situação, e eu fui jogar com a Espanha. Eu já vinha defendendo as categorias de base da Espanha desde os 15 anos. Com toda a honra do mundo, represento a seleção espanhola. Com o Rafa, não, porque o Rafa nasceu no Brasil, ele sempre se sentiu brasileiro, sempre se sentiu mais identificado que eu com o Brasil, e acho que ele curte mais do que eu ir para o Brasil também.

Ele nunca ficou indeciso no momento de escolher entre Brasil ou Espanha?

Aconteceu a mesma coisa com ele. Ele já estava louco para defender a seleção do Brasil, e a CBF falava "não sei, não sei". Mas como tinham três casos passados: o meu, o Rodrigo (Moreno, filho de Adalberto, ex-lateral do Flamengo) e de outro menino que não lembro o nome, e nós acabamos jogando com outras seleções, acham que eles acabaram sendo mais abertos com o Rafinha e aceitaram pegar jogadores de fora. Foi quando abriu a brecha para o Rafa. E o Rafa doido para ir para o Brasil, foi direto e não pensou duas vezes.

O Rafinha vem se recuperando de uma grave lesão no joelho, você acha que ele está pronto para voltar a defender a Seleção nos Jogos Olímpicos e até na Copa América?

Rafa é um grandíssimo jogador. Trabalhou muito para recuperar, não está a 100% porque precisa de jogos. Mas, assim que ele voltar a jogar, acho que o motor vai engrenar novamente, vai voltar a jogar. Eu acho que, para a seleção olímpica, ele vai com certeza. E, se abrir uma brecha para ele na seleção principal, ele vai estar lá. Foi um azar muito grande, porque, desde que eu venho acompanhando a carreira dele, foi a melhor etapa como profissional dele. Quando ele estava crescendo, cortaram as "asas dele" (aconteceu a lesão), mas voltou, está bem. Eu gosto muito do estado físico que ele tem agora.

Você acha que o Barça pode liberá-lo para as duas competições?

Não sei, mas pelo menos ele pegaria ritmo, o que seria bom para os dois, porque o Barça ganha um jogador com mais ritmo, e a seleção brasileira ganha um bom jogador nas duas competições.

Qual é o segredo da seleção espanhola, que, apesar das rivalidades entre Barcelona e Real Madrid, levantou dois troféus consecutivos da Eurocopa e mais um Copa do Mundo?

Nós somos profissionais o suficiente para, na hora que chegamos lá na seleção, nós esquecemos. A gente fecha um grupo, tem um belo grupo lá. Essas coisas são do dia a dia, e cada jogador pode ligar para o outro se não ficou resolvido. Xingar, discutir e se entender. Isso não é desculpa para a seleção não ter um bom ambiente.

Guardiola, Messi e Neymar

Todos nós conhecemos o sucesso do Guardiola como treinador, mas não sabemos muito sobre como é trabalhar com ele...

É bom, é bom. É uma pessoa que respira futebol 24 horas por dia, está em cima, reclamando. Reclamando, não, mas, se você fizer uma coisa 99%, ele procura esse 1% mais para você fazer e completar os 100%. É o primeiro a chegar aqui e é o último a ir embora. Está sempre vendo os jogos, sabe aquele ponto diferenciado de vencer um jogo. Depois de 5, 10, 50 minutos, uma hora vendo o jogo, ele fala para você: vamos ganhar desse jeito, e a gente vai lá e ganha. Confiamos nele. Não só pelo que ele diz, mas porque a gente faz e isso acontece: estamos numa boa posição no campeonato, na Champions e na Copa da Alemanha. Então, existe muito respeito e confiança entre o jogador e o treinador.

Há alguma hipótese de você segui-lo para o City?

Não, hoje em dia não, eu estou bem aqui, prolonguei o meu contrato tem poucos meses e eu me sinto muito bem aqui. A ideia é ficar vários anos.

Você vê o Neymar perto de vencer a Bola de Ouro ou o Messi ainda vai continuar vencendo o troféu por muitos anos?

É que o Messi é muito diferenciado comparado aos outros jogadores que eu vi na minha vida. É certo que o Neymar está aí. Todos os jogadores podem ter um bom ano e um ano menos bom. Eu acho o Messi muito melhor que o Cristiano Ronaldo, e o Cristiano já ganhou a Bola de Ouro. Mas o fato é que o Neymar pode ganhar, é óbvio, porque é um jogador de primeiro nível e acho que está perto.

Além do Messi que a gente vê dentro de campo, o que é que faz realmente a diferença que nós não vemos?

É um animal competitivo, que quer ganhar sempre, faz as coisas mais simples do mundo, mas faz do melhor jeito possível. É rápido, tanto em velocidade como de reação. Eu acho que as qualidades que ele tem são todas muito boas. A destreza motora dele é muito maior do que a de qualquer jogador. É essa a diferença dele e a mentalidade de querer ganhar e fazer a diferença sempre.

Melhor a seleção do Brasil ou da Espanha?

Nesse momento, eu só falo dentro de campo.

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