Mesmo após 30 anos de sua morte, Ayrton Senna segue sendo a principal referência no mundo do automobilismo quando o assunto é Brasil. E sua admiração por parte de uma geração nascida após 1994 reforça a importância do tricampeão para o esporte; é o caso de Charles Leclerc, cuja admiração pelo ídolo brasileiro também o ajudou a construir um imaginário positivo sobre o país.
- Para mim, (o que passa pela cabeça no Brasil) é o Ayrton Senna. Ayrton foi o único ídolo que tive em toda a minha vida. Meu pai era um grande fã de Ayrton e me transmitiu a paixão por ele, embora eu nunca tenha tido a chance de vê-lo na vida real ou de vê-lo correr. Mas, sim, Ayrton era muito, muito especial. Mas, além disso, penso na paixão, na paixão que existe pelo automobilismo, pela Ferrari, e é muito, muito especial voltar ao Brasil e sentir tanto, tanto amor - disse o piloto da Ferrari ao ge.globo, em gravação do podcast "Na Ponta dos Dedos", nesta quinta-feira.
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Senna foi vítima de um acidente fatal no GP de San Marino em 1994, três anos antes de Leclerc, que acabou de completar 27 anos, nascer. Mas o passar do tempo não amenizou o impacto do tricampeão falecido na categoria, que celebra a cada GP de São Paulo o legado do ídolo.
Esse legado ajudou a construir uma fã-base sólida do automobilismo no país que recebe a F1 há pouco mais de cinquenta anos. E se as gerações mudam, sobretudo em um esporte cada vez mais dominado por torcedores jovens, a paixão pela categoria só cresce.
Leclerc sabe bem do quão passionais os fãs podem ser: anualmente, o monegasco é recebido com presentes, abraços e pedidos por fotos com torcedores ao desembarcar nos aeroportos do país para o GP em Interlagos. E apesar de sofrer com alguns tumultos, o piloto da Ferrari vê a "muvuca" com bons olhos:
- De cara, você entende o quanto significa para o povo brasileiro sediar um GP de Fórmula 1, ver os pilotos, e é bom ver essa paixão, porque com o passar dos anos, mais jovens também estão lá, e isso é um bom sinal para o esporte; significa que há muito interesse nas gerações mais jovens, e isso é muito, muito importante para nós. Então é isso. É muito legal de se ver. Ver que a paixão no Brasil ainda está em alta é muito legal.
O monegasco venceu três corridas em 2024: em casa, no GP de Mônaco; na casa da Ferrari, no GP da Itália e, mais recentemente, no GP dos Estados Unidos. Hoje, ele tem apenas 24 pontos de desvantagem para o vice-líder do campeonato Lando Norris, embora não veja o título como um objetivo alcançável a quatro rodadas para o fim da temporada.
- Foi muito, muito especial conseguir isso (vitórias). No entanto, agora tenho que me concentrar no que está por vir. E o que está por vir é 2024 porque, por mais que 2025 esteja próximo, ainda temos uma temporada para terminar e ainda queremos ganhar o título de construtores. É para isso que todos nós estamos trabalhando. A começar por aqui, no Brasil. É uma das minhas pistas favoritas da temporada e temos de nos sair bem aqui - avaliou o monegasco.
Com um total de 59 pontos disponíveis para a mesma equipe e até 34 dentro do que um piloto pode garantir em um fim de semana com corrida sprint, Leclerc pode já sair do Brasil vice-líder do Mundial e a Ferrari, liderando o campeonato de construtores.
De olho em uma vitória no Brasil, o retrospecto é positivo para a Ferrari, maior vencedora do Autódromo de Interlagos com nove triunfos. Já para Leclerc, os números sinalizam que ele terá mais trabalho: o monegasco nunca subiu ao pódio em São Paulo. Em 2023, ele sequer largou e bateu com problemas no carro.
A entrevista completa com Charles Leclerc estará disponível neste sábado, 2 de novembro, no blog Voando Baixo e no podcast "Na Ponta dos Dedos"!