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REMOTA PRIORIDADE

Com professores desvalorizados, ensino público virtual expõe as debilidades e o drama dos alunos carentes

Com apoio institucional do Ministério da Educação e da Unesco, pesquisa nacional da TIC Educação, realizada antes da pandemia, aferiu o ensino público a distância e deveria ter servido de alerta para correção de rumos.

Os dados expuseram o drama enfrentado pelos alunos de escolas públicas urbanas, quando a aprendizagem requer o modo virtual. Quase 40% declararam não possuir tablet ou computador em casa.

Sobre conectividade, 21% dos alunos do País informaram que só acessavam a internet pelo celular. Essa situação alcançava 25% na região Nordeste. Quanto aos docentes da rede pública, 53% deles afirmaram como grande dificuldade operacional a ausência de curso específico para o manuseio do computador e da internet.

Agora, quando mais se precisa de uma boa interação virtual entre aluno e professor, observa-se até o agravamento das debilidades, já reveladas em dados conhecidos pelas autoridades governamentais.

Em Alagoas, no chão real das escolas, é grande o drama vivenciado por quem busca conexão diária com as aulas virtuais. A grande maioria recorre ao WhatsApp e enfrenta todo tipo de dificuldade. Se apenas há um celular em casa e o pai precisa levá-lo para trabalhar, por exemplo, aí o filho não tem como se conectar.

A presidente do Sinteal, Consuelo Correia, identifica maior carência nas turmas do programa Educação de Jovens e Adultos. Muitos deles não titubeiam e ficam sem assistir aulas, caso tenham que optar entre a compra de alimentos e a colocação de créditos no celular.

E o governo de Alagoas, que prometeu uma política de inovação em tecnologia educacional, com “transformação profunda” na rede pública de ensino? Como se preparou para a lição de ensinar remotamente, já em pleno segundo ano da pandemia?

O Sinteal afirma que os professores não passaram por uma capacitação voltada para aplicação de aulas virtuais. Entre os profissionais, o sentimento é de indignação, faltam equipamentos e valorização, em meio a uma jornada de trabalho que extrapola os próprios contratos de trabalho.

Nem o prometido bônus de noventa reais, para os professores ampliarem a velocidade da internet em suas residências, conseguiu superar a lentidão e a burocracia governamental. Diferente de 2020, não se justifica este ano o acúmulo de problemas. Eles só comprometem ainda mais a ineficiente qualidade do ensino público, que agora segue no modo remoto de prioridade.