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Viúva fala pela 1ª vez sobre morte de Canisso

Adriana Toscano, que concedeu a primeira entrevista desde a morte do baixista, conta que tentou socorrer o músico ainda na cozinha de casa

Pouco mais de uma semana depois da morte do marido, José Henrique Campos Pereira, o Canisso, Adriana Toscano de Vilhena Campos Pereira topou conversar com g1. Os dois estavam juntos desde 1988 e tiveram quatro filhos. "Ainda penso que pode ser um sonho. Olho para os baixos dele em casa e penso que a máquina por trás não está lá, sabe? Isso tudo é muito díficil", conta.

Canisso morreu no dia 13 de março. Ele tinha acabado de voltar para casa, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, depois de um show dos Raimundos, na noite anterior. Dri ou Drika, como é chamada carinhosamente, contou como tudo aconteceu.

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"Naquele dia, Canisso tinha chegado de um show em Santa Catarina, estava bem animado, porque iriam rolar outros shows, e a gente assistiu o Oscar e foi legal. Estava a Nina com o namorado, a nossa outra filha, a Lori, a gente estava feliz. Fomos dormir e no dia seguinte, eu estou treinando, voltei e a gente começou a conversar, fazer um café e ele começou a contar sobre o show de Santa Catarina. De repente, falou isso assim "lembra daquele..." e eu só lembro dele caindo. Levei um susto. Eu lembro que meu coração disparou na hora, corri na direção dele, falei "calma, calma, eu vou te ajudar". E comecei instintivamente a fazer massagem cardíaca, sabe?"

A família chamou o Samu, Canisso foi levado ao hospital, mas não resistiu.

Adriana ficou no hospital por um tempo. "Eu queria me despedir do seu corpo, olhar seus olhos mais uma vez. Eles ficaram super azuis, que eu lembro. Eu queria olhar para eles uma última vez. Acabou que todo mundo foi embora, meus filhos ficaram chorando, todos eles. Ver o sofrimento deles era pior ainda, porque o meu eu conseguia abarcar."

Canisso foi velado e enterrado no dia 15. Antes de fechar o caixão, Adriana tocou uma versão da música "Danny Says", tocada pelo casal.

O casal do rock

Adriana fez questão de mostrar fotos da vida de Canisso, muitas delas inéditas, entre elas a da banda Electra. "Eu tinha uma banda de garotas, era a baterista, ele quem me apresentou as meninas. Essas fotos são importantes, porque o Canisso sempre quis vê-las, mas uma integrante da banda acabou rasgando, na época, depois de uma briga. Quando ele morreu, uma outra amiga me mandou. Eu queria muito que o Canisso tivesse visto. Foi exatamente assim que ele me conheceu."

Adriana e Canisso se conheceram na virada do ano, de 1987 para 1988. Ela com 21 anos, e ele, 20. Os dois moravam no mesmo bairro, Lago Sul. Digão e Rodolfo também moravam por ali. “Digão andava de bicicleta, Rodolfo de skate e o Canisso era um ótimo patinador”. Os três tinham se juntado para tocar Ramones na festa de réveillon, o primeiro da história da banda, ainda com Digão na bateria. Adriana logo ficou de olho em Canisso. "Quando eu olhei para ele, eu vi uma luz diferente", conta.

Adriana tinha acabado de voltar da Inglaterra, para onde foi em 1986, a convite do Green College, da Universidade de Oxford, para remar. Ela era atleta profissional, mas largou a carreira quando voltou a Brasília, no ano seguinte. “Voltei a disputar competições em 2022. O Canisso tinha o maior orgulho das minhas medalhas.”

O segundo encontro dos dois foi no segundo show dos Raimundos. Na época, Dri gostava de ser rodie (assistente de palco) e estava ajudando a Kratz. A banda tocaria junto com os Raimundos no Bar ‘Bom Demais’, na Asa Norte, ainda em janeiro de 1988. O bar não existe mais. “A Cássia Eller frequentava esse bar. Eu estava mexendo nos pedais [de guitarra e baixo]. Canisso se aproximou de mim e começou a fazer perguntas. Eu entendia dos pedais e ele ficou surpreso.”

No mesmo dia, Adriana, sem saber, fez uma coisa que passaria os próximos anos fazendo: ajudaria na produção dos shows dos Raimundos. “Na hora da passagem de som, a banda descobriu que estava sem o pedal de bumbo de bateria. E tinha um na casa da avó do Gabriel [Thomaz, guitarrista e vocalista dos Autoramas], que era do Bacalhau [atualmente baterista do Ultraje à Rigor]. Perguntaram quem poderia pegar. Eu falei eu vou, e fui. No carro, foi eu, Canisso e mais duas pessoas. Canisso ficou surpreso, porque eu gostava de Dead Kennedys [banda punk dos EUA] e sabia dirigir bem, segundo ele. Desse dia em diante foi difícil ficar longe."

Mas esqueça aquela coisa de "Sexo, Drogas e Rock n' Roll". O casal passou meses só conversando. "Ele ficou tentando, eu estava de férias, queria me divertir, mas pouco depois fiquei muito apaixonada. Nos demoramos na amizade, tipo uns 4 meses. Rolava aquela coisa de querer ficar, a gente ficou conversando muito. A gente começou a namorar no dia 5 de maio de 1988. E foi incrível."

Canisso chegou a dizer que os Raimundos não existiriam sem a namorada. No começo, era Adriana quem transportava a banda e os instrumentos para todos os shows. Ela também ajudou nos contratos. “Eu estava acostumada com os contratos da minha época de remadora, negociava tudo. Eu li todos os contratos deles.”

A banda acabou ainda no começo dos anos 1990, voltou em 1992, o sucesso veio em 1994, com o álbum “Raimundos” e as faixas ‘Puteiro em João Pessoa’ e ‘Nêga Jurema’. Canisso e Adriana já tinham dois filhos, Mike, hoje com 31 anos, e Lorena, 30.

Ela ainda foi fundamental para dar mais um empurrão na banda. Ao se mudar para São Paulo, em 1995, encorajou os outros integrantes a fazerem o mesmo. Na capital paulista, a banda ganharia mais visibilidade ainda antes de “Lavô Tá Novo”, que fez a banda estourar. “Eu fui a primeira a mudar para São Paulo. E eles falaram ‘vamos também’. Isso deu muita força para a banda. Eu sei, porque eles sempre falaram isso para mim”.

O casal teve ainda mais dois filhos, Nina, hoje com 22 anos, e Pedro, 19. “Canisso falava que filho é uma benção, porque traz prosperidade. A gente tem uma vida bem diferente de uma família normal. Teve uma época em que a gente morou no Rio de Janeiro, também. A gente ia para a praia segunda, terça-feira, porque chegava do show. E aqui em São Paulo também a gente meio que fazia coisas diferentes”.

Os Raimundos lançaram mais 4 discos com sua formação clássica. Rodolfo Abrantes, vocalista e principal compositor, deixou o grupo em 2001. Canisso chegou a se juntar a ele no Rodox, mas voltou aos Raimundos em 2007, para nunca mais sair. Desde então, Digão, Canisso, Marquim e Caio rodam o Brasil tocando tanto os clássicos da banda, quanto as músicas gravadas com a voz de Digão.

“Não foi fácil. Tivemos muitos altos e baixos. Tudo que a gente teve foi o rock que deu. Eu não me arrependo de nada”, finaliza Adriana que agora está levando um dia de cada vez. “Duas pessoas vivendo tanto tempo junto assim, acaba virando um só. É difícil mudar. Eu tenho agora todo esse processo pela frente. É isso!”.

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