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Por que são os artistas estrangeiros que trazem o funk nacional a festivais?

Curadoria nacional ignora funkeiros, que são valorizados por astros gringos

A história se repete: no "horário nobre" de um grande festival de música brasileiro, um ídolo norte-americano causa impacto ao levar o funk nacional para seu show. Aconteceu comBeyoncé, que dançou um "Ah, lelek lek lek" no final triunfante do Rock in Rio 2013.

O fenômeno volta a acontecer com Jack Ü, duo dos maiores produtores da música eletrônica atual. Skrillex e Diplo tocaram "Baile de favela" e levaram MC Bin Laden, tranquilo e favorável, ao Lollapalooza.

Fica a dúvida: por que são as estrelas de fora que incluem o funk nacional no topo de grandes festivais, enquanto a própria organização local nem inclui o estilo na programação?

Ídolos mundiais se encantam com músicos que, para muita gente aqui, têm pouco valor ou são só piada. A coisa fica mais séria quando eles ganham o carimbo de qualidade da Queen Bey o dos produtores do Justin Bieber. Por que a gente mesmo não dá esse carimbo?

No Rock in Rio
Em 2013, oG1perguntou para Roberta Medina se Naldo e Anitta poderiam ter espaço no Rock in Rio algum dia.Ela não descartou a hipótese, mas disse: "Eles podem ter espaço desde que exista um contexto. Não é o perfil do evento".

A preocupação de Roberta é válida: dá para imaginar a rejeição no caso da escalação de um desses nomes. E olha que Naldo e Anitta vieram do funk, mas já estão cobertos de um verniz pop que faz a gente até se esquecer de chamá-los de "funkeiros".

Talvez não seja questão de esperar o "funk virar pop". O batidão que chegou por vias gringas ao Rock in Rio e ao Lolla não é do tipo polido. "Lelek" e "Tranquilo e favorável" são produções cruas de artistas independentes. Por isso é mais impressionante o que alcançaram.

A pergunta não vale só para os curadores dos festivais, mas também para nós, na plateia: se vibramos com os funkeiros ao lado deBeyoncée Jack Ü, dá para aplaudi-los sozinhos?

(Uma honrosa exceção deve ser creditada aqui à antenada curitibana Karol Conka. Ela levou sua xará MC Carol ao palco do Lolla, mas ainda em show cedo, fora do "horário nobre").

A produção precária não é opção deles. Os cachês são mais baixos do que os "ostentadores" anunciam - ou inexistentes, nos bailes de rua. Há muita concorrência, poucos profissionais capacitados e pouca gente capaz de investir, ao contrário do "agromoney" sertanejo.

Na precariedade está boa parte do charme de Bin Laden, por exemplo. Mas é só pela tosqueira, ou ele também é um músico talentoso? Marco a segunda opção. Quem riu dos "parças" dançando nos vídeos dele pode não ter notado o ótimo arranjo a capela deles.

Potencial
O funk de SP pode perder a graça caso alguém resolva "profissionalizá-lo", mirando um grande palco. Mas pode ser que surja gente talentosa para a tarefa. "Baile de favela", por exemplo, está um ponto acima de produção nível do funk paulista. Mérito do esperto DJ R7.

Se Diplo eSkrillextransformaram a falta de sal de Justin Bieber em um som delicioso, imagina o que fariam trabalhando um Bin Laden ou outro lek direitinho?

Jack Ü e Beyoncé vieram de longe para esfregar na nossa cara: o funk tem potencial para chegar aos grandes festivais brasileiros.

Talvez vejamos esse potencial virar realidade em futuras edições. Estrutura, valorização do público, atenção de curadores, profissionais criativos além de MCs: um desses fatores pode puxar os outros rumo ao funk num grande palco.

Pode ser que a virada comece comMC Bin Laden, MC João, ou um novo lek em show solo no Lollapalooza 2017. Você iria?

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