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Mestre do papel, Agélio Novaes transforma material em obras de arte

Artista de Viçosa apresenta 80 obras inéditas em nova exposição no Complexo Cultural Teatro Deodoro, em Maceió

O papel, material considerado frágil pelo senso comum, ganha força e novas formas nas mãos de Agélio Novaes, artista plástico alagoano que acaba de inaugurar sua oitava exposição individual, denominada “Meu Mundo é o Papel”. Com ares de mostra coletiva, tal a versatilidade do criador, trata-se de uma oportunidade para embarcar nas paixões, fantasias e até no humor crítico de um dos maiores artistas da sua geração. A exposição está em cartaz na Galeria de Artes do Complexo Cultural Teatro Deodoro, em Maceió, com visitação gratuita até 15 de janeiro.

Agélio Novaes não expunha desde 2017, quando levou à Viçosa, cidade natal do artista, a exposição “Bereguedé e as Festas da Viçosa”. O hiato não foi voluntário, logo depois vieram a pandemia e o isolamento. Para o criador, no entanto, o período foi de reclusão, ora por medo do coronavírus, ora por vontade de experimentar e manipular o papel, se aventurar por outros processos, formas e texturas.

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O resultado pode ser visto na nova exposição, que traz 80 peças, todas inéditas para o grande público. O mestre do papel apresenta colagens e esculturas feitas com sua matéria-prima preferida, mas também gravuras digitais, cujas belezas desafiam o espectador.

Imagem ilustrativa da imagem Mestre do papel, Agélio Novaes transforma material em obras de arte
| Foto: Ailton Cruz

“O papel sempre foi mesmo o meu forte e, de fato, minha vida toda é o papel, como diz o título dessa exposição. Tem interferências de tintas, mas são tintas acrílicas, sem cheiro, por causa da minha alergia”, conta o artista plástico.

Sim, Agélio Novaes é alérgico à tinta desde a infância, quando o pai percebeu o talento do viçosense e o encaminhou à escola de artes do mestre Lourenço Peixoto, aos 9 anos. Se quisesse dar vazão à inquietude que sempre o acompanhou, ele teria que encontrar outro meio de se expressar, um que não lhe tirasse o ar. Foi o que ele fez, entregando-se ao papel.

O artista tem 64 anos e 42 de carreira. Nascido em Viçosa e criado na capital de Alagoas, a vida artística desabrochou no Recife, em Pernambuco, após se formar em Desenho Industrial e começar a trabalhar como desenhista do metrô no estado vizinho. Aposentado pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), hoje ele se dedica exclusivamente à criação e é considerado um dos nomes mais relevantes da arte contemporânea de Alagoas.

Imagem ilustrativa da imagem Mestre do papel, Agélio Novaes transforma material em obras de arte
| Foto: Ailton Cruz

“Eu gosto de fazer o que eu faço. Eu gosto do papel. Eu gosto de criar, de imaginar, de experimentar, acho que sou muito curioso”, diz Novaes, antes de guiar uma visita exclusiva à exposição recém-inaugurada.

“Coloquei esses sete guardiões na entrada, para receber os visitantes”, aponta Agélio, mostrando as cabeças de papel que abrem a exposição na Galeria de Artes do Complexo Cultural Teatro Deodoro. Conversando enquanto destaca, empolgado, algumas das suas obras, ele deixa evidente que o novo momento criativo mantém premissas que o consagraram como o mestre que é: Alagoanidade, cultura popular, a dicotomia entre o sagrado e o profano, a história, a conexão com o homem e o animal, a crítica social, e muita, mas muita imaginação.

A curadoria da exposição é assinada por Walter Karwatzki-Chagas Maffazzioli, escritor, artista visual e doutor em processo e manifestações culturais. Ele didiviu a mostra em três grandes segmentos expositivos: apresentação de obras de parede, formada por colagens planas, colagens em relevo, pintura em papel e infogravuras. As obras esculturais foram realizadas com as técnicas de papietagem e papel machê. E as obras cênicas, formadas por um grande acervo de fotografias de espetáculos, cartazes, figurinos, adereços e materiais cenográficos.

Imagem ilustrativa da imagem Mestre do papel, Agélio Novaes transforma material em obras de arte
| Foto: Ailton Cruz

Na viagem proposta por Agélio há particularidades inéditas e que merecem um olhar mais atencioso dos visitantes: esculturas nas cores brancas; uma série de sete quadros em homenagem aos negros brasileiros e quadros em estilo steampunk (obras ambientadas no passado, no qual os paradigmas tecnológicos modernos ocorreram mais cedo do que na história real).

“Eu gosto de imaginar essas interferências lúdicas, imaginativas nos ambientes, nos cenários. Tudo é vapor, tudo é balão. São coisas antigas, mas tem o contemporâneo também, é uma mistura que me agrada”, conta, enquanto aponta para um quadro em que o Teatro Deodoro pode ser visto cercado por zepelins.

Na sessão de infogravuras, salta aos olhos retratos de figuras da cultura popular, reinventadas em bonitas provocações. É o caso da “Rainha Grávida”, com Viçosa, o berço da cultura alagoana, de fundo. E do “Mateus” do Guerreiro trajado a caráter, envolto às luzes que certamente exprime enquanto dança e que, até então, somente poderiam ser vistas por olhos sensíveis como o de Agélio.

Imagem ilustrativa da imagem Mestre do papel, Agélio Novaes transforma material em obras de arte
| Foto: Ailton Cruz

“Viçosense é muito ligado ao folclore, às coisas populares. A partir das pesquisas, a gente se aprofunda, vai descobrindo e redescobrindo as coisas, e juntando com toda essa nossa memória. Eu pego uma coisa que é da gente e tento dar a minha contribuição, com uma linguagem contemporânea”, afirma o artista.

“E eu gosto de humor, meu trabalho tem humor, uma certa coisa. Não gosto de nada muito sério. Como esse cupido aqui, que é barrigudinho, tem asas minúsculas, traços diversos, diferente do que vemos como um cupido normalmente”, explica Agélio, mostrando mais uma das obras da nova exposição.

NOS PALCOS

Em 1994, Agélio Novaes recebeu um convite da Associação Teatral das Alagoas (ATA) para fazer o cenário de uma nova peça de teatro. Aceitou, mas pediu para que ele também fizesse o cartaz, os figurinos e até o cenário. Começava ali uma outra faceta do artista, que também é cenógrafo, figurinista e aderecista de algumas importantes produções teatrais dos últimos anos.

Imagem ilustrativa da imagem Mestre do papel, Agélio Novaes transforma material em obras de arte
| Foto: Ailton Cruz

É a primeira vez que essa face do Agélio Novaes vem a público. A sessão traz uma coleção de figurinos, cartazes e peças cenográficas que compuseram espetáculos como “Pelo Buraco da Fechadura”, estrelado por Homero Cavalcante e pelo também viçosense José Márcio Passos.

“É uma parte que quase ninguém conhecia, né? Eu gosto de cenografia e figurino, de trabalhar com tudo isso. E pedi para fazer tudo porque eu queria entregar um conjunto, uma nova obra dedicada às obras teatrais. Acho que todo artista é cenógrafo e todo cenógrafo é artista”, expõe Agélio.

Na exposição, é possível ver figurinos da ATA resgatados, de 15 anos atrás, e também produções novas, como as peças feitas à mão para a Companhia Teatral Mestres da Graça, de Palmeira dos Índios.

Imagem ilustrativa da imagem Mestre do papel, Agélio Novaes transforma material em obras de arte
| Foto: Ailton Cruz

“Eu espero que lote, que o público abrace essa exposição, que é uma síntese. Acho que será uma experiência legal. Acho muito interessante que aqui, no Teatro Deodoro, muita gente vai passar e conferir, pessoas que muitas vezes nunca vieram a uma galeria. Estou empolgado”, completa o artista.

Agélio Novaes foi convidado especial da Diretoria de Teatros do Estado de Alagoas para encerrar o calendário de exposições do Complexo Cultural Teatro Deodoro. A Galeria de Artes Visuais do local fica aberta as segundas, terças, quintas, sextas e sábados das 8h às 18h; às quartas-feiras das 8h às 20h; e aos domingos e feriados das 14h às 17h. A visitação é gratuita. As visitas guiadas - para escolas, instituições ou grupos - podem ser agendadas pelo e-mail [email protected] ou no número (82) 98884-6885.

“No conjunto dessas obras somos colocados diante de três aspectos essenciais para o fulgor da vida. O artista nos aguça à fantasia, à memória e ao estranhamento”, adianta e finaliza o curador Walter Karwatzki-Chagas Maffazzioli.

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