Localizada na orla de Pajuçara, a Praça Multieventos foi palco, nesse sábado (8), do primeiro dia da 10ª Festa das Águas, tradicional celebração ao dia de Yemanjá. A festividade é uma realização da Liga de Grupos Afro-Alagoanos e conta com a parceria da Prefeitura de Maceió. Neste ano, a programação da Festa das Águas abrange, inclusive, o domingo (9), levando diversas apresentações dos grupos locais do segmento da cultura afro ao público presente.
Nesses 10 anos, a Festa das Águas se tornou uma celebração de resistência e apoio à religiosidade de matriz africana, e também de incentivo à cultura afro-brasileira.
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O clima na orla de Pajuçara era de pura alegria, com milhares de pessoas vestidas no típico azul e branco da figura sagrada a quem são dedicadas as festividades dos dois dias de Festa das Águas: Yemanjá, a orixá das águas do mar.
Durante o xirê ("roda", numa tradição livre do Yorubá), que é um dos momentos mais esperados do dia, quando vários grupos culturais e afroreligiosos se reúnem para fazer juntos a grande celebração de canto e dança, Carlos Spinelli, professor e estudante de jornalismo, segurava forte em suas guias brancas, azuis e amarelas, dos orixás que o protegem, para não chorar.
"Essa é a décima vez que venho a este evento", disse Spinelli, emocionado. "Desde a Quebra de Xangô (em 1912, foi o nome dado ao triste episódio de intolerância religiosa no qual o poder público ordenou a destruição de todos os terreiros de religiões afrobrasileiras em Maceió, que detinha, à época, a segunda maior Nação Negra do Brasil), nós estamos tentando mostrar, através de eventos como esse, que estamos vivos, e provando, sempre, a importância desta religião e desta cultura para a identidade do povo alagoano", afirmou.
Identidade esta que deu a tônica da fala de Mestre Sandro, do Coletivo Afrocaeté, de maracatu, poucos minutos antes da entrada do grupo ao palco da Festa das Águas. "Para o nosso grupo, é uma honra fazer parte dessa festa ao lado de tantos amigos", destacou o mestre cercado pelos trajes brancos e pelos instrumento percussivos que os membros de seu grupo vestiam e carregavam.
Christiano Barros era uma dessas pessoas que estavam ao lado de Mestre Sandro, preparando-se para entrar no palco. Entretanto, a sua fala não foi enquanto membro do Coletivo Afrocaeté, do qual já faz parte há alguns anos, mas enquanto organizador da Festa das Águas: e ele estava muito orgulhoso por ser uma das cabeças à frente da décima edição do evento.
"São dez anos de resistência e de existência. Esse é um momento muito especial pra nós, em que tudo é felicidade". Para ele, o apoio da Prefeitura às festividades é importante, porque fortalece a estrutura do evento, tornando possível que a Liga Afro consiga "encher a Praça Multieventos".
"Para realizarmos este grande evento, precisamos de apoio", falou Christiano, antes de se posicionar em direção à entrada do palco.
Veja a programação para este domingo (9):
15h30 - Grupo 1 - Thembá
16h - Grupo 2 - Orquestra de Tambores
16h30 - Grupo 3 - Afrolozzi
17h - Grupo 4 - Afoxé Ofá Omin
17h30 - Grupo 5 - Projeto Erê
18h - Grupo 6 - Mel Nascimento
18h30 - Grupo 7 - Afro Mandela
19h - Grupo 8 - Afojubá
19h30 - Grupo 9 - Banda Ogbon
20h - Grupo 10 - Maracatod@s
20h30 - Grupo 11 - Afoxé Oju Omin Omorewá
21h - Encerramento