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Everton Lessa lança 'Notas Ocultas' e expõe seu bloco de anotações em livro de estreia

ENTREVISTA: Autor conversou com a Gazeta de Alagoas e deu detalhes sobre a participação de psicólogos na obra

É mais comum do que se imagina, acredita Everton Lessa, confessar frustrações e alegrias ao bloco de notas do celular ou ao bom e velho diário de papel. Pelo menos para ele, esses locais já serviram de refúgio, de ombro, de abraço e de espelho. “Você se sentiria confortável em mostrar as notas para alguém?”, provoca o escritor, que acaba de lançar o livro ‘Notas Ocultas: Um rascunho de sentimentos’. O primeiro livro do jornalista alagoano está disponível em formato digital na Amazon.

‘Notas Ocultas’ traz exatamente o que o título propõe, escritos, até então particulares, que revelam histórias vividas pelo jovem escritor desde 2015. De acordo com Everton Lessa, somente agora ele teve coragem de compartilhar suas crônicas, que ele acredita que servem como um alerta para não negligenciar emoções e abraçar somente o que é positivo.

“Estamos treinados para falar apenas de coisas boas, nos apegar somente às partes boas das experiências. Nunca é o oposto. O oposto traz medo ou vergonha. Mas enquanto a gente foge da nossa própria humanidade, esses sentimentos ruins só crescem dentro da gente”, explica Lessa.

Para o autor, lidar com emoções sempre foi algo difícil. Transformá-las em crônicas, escritas no bloco de notas do celular, foi uma maneira de entendê-las. “Essa atitude foi recomendada pela minha terapeuta na época. Com crise existencial, minha vida estava uma loucura e comecei a escrever. Em 2020, decidi compartilhar um que tinha feito como felicitação de aniversário e dias depois vi pessoas repassando e usando o mesmo texto. Foi ali que eu percebi que, talvez, mais pessoas pudessem se identificar com os meus textos”, conta.

O livro é dividido em notas que falam sobre amor, alegria, raiva, ciúmes, tristeza e gratidão. Além dos sentimentos escancarados, a obra também traz a participação de dois psicólogos, que participam, ao final da leitura, como vozes orientadoras. O autor conversou com o Caderno B e diz ser um alívio compartilhar suas notas ocultas e poder, de alguma forma, ser espelho para outros. “Espero que as pessoas se identifiquem e consigam fazer do limão uma limonada, assim como eu fiz”.

GAZETA DE ALAGOAS — O que te motivou a transformar suas notas pessoais em um livro?

EVERTON LESSA — Muitas pessoas me incentivaram a compartilhar meus textos nas redes sociais, quando aconteceu, logo nos primeiros textos, o resultado foi melhor do que o esperado. Inclusive, num texto de aniversário, vi outras pessoas usando trechos e até o texto completo em seus aniversários. Outra experiência foi após o falecimento do meu tio/padrinho. Apesar dele não ter sido vítima de Covid-19, naquele momento que compartilhei meu luto, muitas pessoas me procuraram para falar que estavam vivendo o luto por algum parente ou amigo devido ao momento que estávamos enfrentando. Fiquei surpreso, não imaginei que se identificariam com algo que, na minha cabeça, era tão pessoal. Mas por prezar pelo mundo literário, vi que logo se transformaria em um livro, só não sabia quando.

E como foi o processo de revisitar e de fazer uma curadoria dessas notas?

Foi mais difícil do que imaginei, porque quando defini como seriam divididos os capítulos do livro, percebi que não tinha textos sobre momentos alegres. Em geral, eram voltados para momentos difíceis e relacionamentos frustrados, eu não queria compartilhar apenas isso, então tive que ir mais a fundo e trazer à tona sentimentos relacionados a fatos que nunca havia escrito. Pois quando estamos bem, geralmente não lembramos de falar sobre, ou até mesmo de agradecer, porém, quando estamos num momento delicado ficamos ansiosos e prontos para desabafar. No meu caso, desabo meus sentimentos nas palavras.

Então, quais temáticas conseguimos encontrar no livro?

Separei os textos em capítulos que recebem os nomes de sentimentos/emoções. Então, temos textos sobre amor, alegria, tristeza, ciúmes, etc. Em geral, são textos antigos que escrevi e acabei esquecendo no bloco de notas, alguns nem lembrava que tinha escrito, mas optei por manter da forma que escrevi quando senti aquela sensação. São crônicas baseadas em experiências pessoais. Além de uma conversa com psicólogos que nos mostram o caminho para entender esses nossos sentimentos.

Me fala sobre o seu processo de escrita, como e quando você começou a escrever?

Comecei a escrever há muito tempo, era uma brincadeira. Era sobre músicas, artistas e assuntos da minha adolescência. Logo depois nasceu um blog sobre eventos e ali passei a entrevistar famosos que faziam shows em Maceió. Mas foi através do jornalismo cultural que me permiti me enxergar como escritor literário. Anos depois, abandonei o hábito de escrever, focando apenas nos textos profissionais, mas com a terapia acordei esse lado que estava adormecido e passei a escrever sobre fatos do meu dia a dia, num diário que nunca imaginei que fosse compartilhar.

Você nunca imaginou compartilhar. Então, por que agora?

Após algumas decepções profissionais tomei um choque e revistei meus sonhos. Vi que estava focado nos projetos e sonhos de outras pessoas e esquecendo o meu. Aproveitei para trazer para o debate a importância de falar sobre sentimentos, que foi algo que negligenciei por anos. E estamos vivendo num período onde as pessoas estão mais abertas para falar de suas emoções, então, estou trazendo as minhas para a roda também. (risos)

Quais suas referências na literatura, você acompanha essa nova geração de escritores, que são muito presentes na internet?

Admiro muito o Matheus Rocha, ele é jornalista, baiano, tem um olhar muito parecido com o meu. Ele tem uma presença muito forte na internet e me inspira diariamente. Mas também admiro outros artistas, como o Gui Pintto, que é autor de três best-sellers e me incentivou a seguir meus sonhos numa conversa que tivemos recentemente. E tem o Pedro Guerra, que tem um trabalho muito visual e artesanal em seus livros, o que me inspirou no título do meu livro. Eles são minhas principais referências no momento.

Qual é o convite de ‘Notas Ocultas: Um Rascunho de Sentimentos’ para os leitores?

O meu livro é plural, afinal todos nós sentimos. Trago textos de luto, de gratidão, de amor, etc.. Emoções essas que sentimos todos os dias. Convido as pessoas a visitarem minha intimidade e quem sabe se inspirarem a serem mais abertas para falar sobre seus sentimentos. Por isso que no final trago para a conversa dois profissionais da psicologia, pois valorizo a importância da terapia para que todos possam conhecer o seu íntimo e viverem mais leves. Boa leitura!