Imagem
Menu lateral
Imagem
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > CULTURA

Em 120 anos, Abdulrazak Gurnah é apenas o quarto autor negro a vencer o Nobel

Romancista da Tanzânia foi reconhecido pela Academia Sueca com o prêmio de 2021; saiba quem ganhou antes dele

O romancista tanzaniano Abdulrazak Gurnah, que venceu o prêmio Nobel de Literatura deste ano, é apenas o quarto escritor negro a receber a honraria conferida pela Acedemia Sueca. O resultado pegou todas as bolsas de apostas de surpresa.

Nascido na ilha de Zanzibar e radicado no Reino Unido, Gurnah se tornou rapidamente um expoente da literatura pós-colonial, com os olhos voltados à África Oriental. É o primeiro autor da Tanzânia a ganhar o prêmio, e o segundo autor negro africano depois de Wole Soyinka, da Nigéria.

O comitê do Nobel justificou a escolha do escritor de 73 anos “por sua rigorosa e compassiva investigação sobre os efeitos do colonialismo e os destinos dos refugiados na lacuna entre culturas e continentes”.

O escritor se mudou para o Reino Unido aos 18 anos, depois que um conflito armado estourou em Zanzibar em meio à perseguição estatal à minoria árabe a que ele pertence.

Boa parte de seus livros tematizam uma história parecida à do autor, retratando pessoas que migram da Tanzânia para outros lugares. É o caso algumas de suas principais obras, como “Memory of Departure”, “Paradise” e “By the Sea”.

Muito pouco conhecido no Brasil Abdulrazak Gurnah é autor de dez romances, publicados de 1987 até o ano passado.

NEGROS NO NOBEL

O Nobel de Literatura não é conhecido exatamente pela diversidade. Dos 118 escritores premiados desde a fundação do prêmio, apenas quatro são negros, incluindo o vencedor deste ano.

CONHEÇA OS OUTROS TRÊS

WOLE SOYINKA

Primeiro negro a vencer o Nobel de Literatura, em 1986, Soyinka nasceu na Nigéria e tem proximidade com a cultura brasileira, apesar de só ter dois livros traduzidos aqui -a fábula “O Leão e a Joia” e “Aké: Os Anos de Infância”. No último, publicado no ano passado, ele volta aos anos 1930 e 1940 para narrar a sua infância. Descendente do povo iorubá, procura, por meio de um relato memorialístico, explorar a fricção entre a tradição e a modernidade.

Assim como Gurnah, ele também aborda em sua obra as contradições do colonialismo e não hesita em incluir referências diretas da sua realidade, explorando os reflexos da colonização britânica à qual a Nigéria esteve submetida até 1960. Soyinka foi crítico do regime ditatorial que se iniciou em 1966 no país, o que o levou à prisão. O período resultou na coletânea poética “Poems from Prison” (poemas da prisão), ainda não publicada no Brasil.

TONI MORRISON

Única mulher negra a ganhar o prêmio na história, em 1993, ela é a autora de clássicos da literatura americana, como “Amada”, que venceu o prêmio Pulitzer, o estudo de não ficção “Jazz” e a pungente narrativa de “O Olho Mais Azul”, seu primeiro romance. Morrison morreu em 2019, aos 88 anos.

De modo geral, sua obra é marcada por personagens mulheres negras que revelam as heranças míticas do escravagismo da sociedade americana a partir de suas narrativas. É o caso de Sethe, a protagonista de “Amada”, que se vê obrigada a matar a própria filha para impedir que ela seja capturada por senhores de escravos.

DEREK WALCOTT

Poeta nascido na ilha de Santa Lúcia, no Caribe, ganhou o prêmio um ano antes de Morrison, em 1992. Suas obras são marcadas pelo multiculturalismo e por uma veia cômica e luminosa. O comitê do Nobel descreveu seu trabalho como “uma obra poética de grande brilhantismo, sustentada por uma abordagem histórica”.

Primeiro autor caribenho a receber a maior premiação literária do mundo, Walcott teve sua grande estreia editorial com “In A Green Night: Poems”, uma coletânea de poesia que compreendia sua produção entre os anos de 1948 e 1960. Nela, ele celebra a história e a cultura caribenhas, bem como investiga as marcas da colonização, já que, assim como a Nigéria de Wole Soyinka, seu país também foi uma colônia britânica. Seu livro “Omeros” foi publicado no Brasil pela Companhia das Letras em 2011.