Conchambranças de Quaderna fala de corrupção e é atração no Arena
Comédia se destaca por marcar, em 1987, o retorno triunfal do teatro de Ariano Suassuna após um hiato de mais de 25 anos
Se tem alguém que apresentou o Sertão como um universo cultural e lúdico, foi Ariano Suassuna com o seu Movimento Armorial, lançado em 18 de outubro de 1970, há exatos 53 anos. O espaço era então colocado em segundo plano na cultura brasileira. Com o Movimento Armorial, Suassuna construía uma arte erudita com elementos autenticamente nacionais, fundindo a cultura popular com o intrincado universo erudito. Subvertia a estética regionalista dos anos 30, demasiadamente preocupada com questões sociopolíticas.
Em suas obras, o sertanejo sempre foi transportado para um universo mítico, retirado de sua vida comum e colocado no centro de uma narrativa lúdica, resgatando assim o espírito mágico dos folhetos do Romanceiro Popular do Nordeste.
O escritor, dramaturgo e poeta paraibano radicado em Recife tinha sua marca própria: uma estética despojada e lúdica de abordagem da cultura sertaneja. Um grande expoente literário da cultura nordestina. Rompeu barreiras e caiu nas graças do público brasileiro. Quem não lembra de João Grilo e Chicó, personagens inesquecíveis de O Auto da Compadecida?
Entre as diversas obras, a comédia Conchambranças de Quaderna se destaca não apenas pelo regionalismo, mas por marcar, em 1987, o retorno triunfal do mestre do teatro após um hiato de mais de 25 anos. Composta por três atos independentes, a obra é atual por trazer questões sobre corrupção.
Ela ganhou uma nova adaptação e será com esse pano de fundo que o Teatro de Arena (anexo ao Teatro Deodoro) recebe neste domingo (19) a comédia. As apresentações, que contam com muito regionalismo em cena, acontecem em sessões às 18h e 20h30. O espetáculo faz parte da conclusão da turma de iniciantes do curso livre de teatro do Centro de Pesquisas Cênicas (CEPEC) que contou com uma preparação durante sete meses até a montagem final e tem a direção de Aldine de Souza; a peça conta ainda com a direção de movimento, iluminação e cenografia de Claudemir Santos, além de uma grande equipe de profissionais.
O público vai poder acompanhar a história de Pedro Diniz Quaderna, protagonista de “Romance d’A Pedra do Reino”, publicado em 1971. Ali, encontramos o personagem —que declara ser descendente de legítimos reis brasileiros— preso, e ele reconta a sua história e as lutas nas quais se envolveu. Um sertanejo astuto e sedutor que tenta sobreviver a custo de tirar vantagens dos outros. Entre os causos está a saga de duas irmãs prometidas em casamento.
Segundo a diretora do espetáculo, Aldine de Souza, as características circenses da montagem estão em consonância com a obra de Suassuna, que conheceu o teatro no circo, nos melodramas e espetáculos de mamulengos —teatro popular de bonecos nordestino. Quaderna ganhará vida por três atores - eles se revezam como o personagem principal em cada ato.
“Assim como outras obras de Ariano Suassuna, essa em específico tem três atos que são independentes. São histórias completamente diferentes. Em algumas adaptações, os diretores optam por encenar apenas um ato, mas conseguimos juntar todos para apresentar ao público alagoano”, conta Aldine de Souza.
A escolha pelo regionalismo vem sendo uma marca dos espetáculos produzidos pelo CEPEC, em especial, dando vida a obras de Ariano Suassuna, um dos fundadores do Teatro Popular do Nordeste. “Meu intuito é tabelar as montagens de Suassuna. Acho muito rico de cultura popular, em movimento armorial, fundado por ele que tinha a intenção de realizar uma arte autêntica brasileira baseada nas raízes populares, trazendo o suprassumo da cultura nordestina, nossos hábitos, nossas artes, tipicamente da nossa terra, seja na música, nas artes plásticas, dança. Vamos ressaltar, vibrar a cultura nordestina que é trazida também para nossa estética”, explica Aldine de Souza.
E todas essas características estarão presentes, seja no cenário, na maquiagem e principalmente no figurino. Tudo pensando para a estética dialogar entre si, dentre as funções primordiais do teatro. No espetáculo, a sonoplastia será feita ao vivo com muito coco de roda, com Marcos Topete, além da participação de Cristiano Kiko, que é artista plástico e responsável pelo cenário.
Serviço:
Conchambranças de Quaderna
Dia: 19 de novembro
Local: Teatro de Arena Sérgio Cardoso
Sessões: 18h e 20h30
Ingressos: R$ 25,00 (todos pagam meia)
Vendas: Plataforma Sympla
Elenco:
Antony Alan, Artur Souza, Camila Cavile, Dafne Lima, Edgard Camilo, Ernesto de Lira, Gabryel Galb, Juliana Carmo, Kyvia Amorim, Leonardo André, Luiz Otávio Kunty, Ronaldo Cansanção, Sarah Muniz, Suzany Rodrigues e Vinicius Ferreira. Alunos Convidados: Pedro Salves e Victor Soares.
Ficha Técnica
▪️Direção, Adaptação e Figurino (concepção): Aldine de Souza;
▪️Diretor de Movimento, Iluminação e Cenografia: Claudemir Santos;
▪️Artista Plástico: Cristiano Kiko;
▪️Maquiagem: Alexandre Nascimento;
▪️Figurinos (confecção): Alícia Costa;
▪️ Adereços: Elisa Gomes;
▪️Sonoplastia ao Vivo: Marcos Topete;
▪️ Contra-Regra: Ahyas;
▪️Videomaker: Victor Soares;
▪️ Produção Executiva, Fotografia e Designer: Romeo De Luca.
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