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Babalorixás e Ialorixás alagoanos recebem título de Dr. Honoris Causa

Reconhecimento ocorreu em Pernambuco e é decorrente da contribuição dos selecionados para a cultura e sociedade

Levando o nome e força alagoana para a Câmara Municipal de Recife, em Pernambuco, quatro sacerdotes do candomblé de Alagoas receberam o título de Doutor Honoris Causa na tarde da última quarta-feira (14).

Os babalorixás Célio de Iemanjá, Gigi de Iemanjá e as Ialorixás Sol de Oyá e Tita de Oxum, todos de Maceió, foram contemplados com as outorgas concedidas pela Ordem dos Capelães do Brasil e pela Faculdade FEBRAICA - Formação e Especialização Brasileira e Internacional de Capelania. Durante a cerimônia de entrega, cerca de 120 religiosos de matriz africana receberam o título.

Historicamente, recebem o título de Doutor Honoris Causa personalidades eminentes, nacionais ou estrangeiras, que tenham se destacado singularmente por sua contribuição à cultura, à educação, à filosofia da Religião ou à humanidade. O prêmio já foi outorgado em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e, agora, em algumas capitais do Nordeste, como Pernambuco, que contemplou sacerdotes de Alagoas, Paraíba e Natal.

Pai Célio de Iemanjá trabalha há mais de 20 anos com a cultura afro em Alagoas

Trabalhando em prol da cultura e religiosidade afro-brasileira dentro e fora de Alagoas, o babalorixá Célio de Iemanjá é, há mais de 20 anos, uma das referências do Estado. Com projetos e ações culturais e sociais, o sacerdote, que já tem 40 anos de iniciação dentro do candomblé, é o responsável pelo primeiro afoxé de Alagoas, o Afoxé Odô Iyá, pela Lavagem do Senhor do Bonfim de Maceió e diversos trabalhos que valorizam a cultura negra e ajudam a população de terreiro.

Para Pai Célio, receber a outorga é de suma importância, pois o título é dedicado à sua ancestralidade e uma forma de reconhecimento do Estado Brasileiro aos povos de matriz africana.

“Os nossos ancestrais vieram de África e trouxeram os seus saberes e fazeres tradicionais que estão vivos até hoje dentro dos terreiros de candomblé. Eu e diversos babalorixás e ialorixás somos responsáveis pela transmissão dessas tradições. Assim, eu me torno sim um Doutor Honoris Causa nesse sentido. Na causa afro, na causa cultural e toda uma conjuntura que está dentro dos terreiros”, reflete o sacerdote.

Com trabalhos sociais no bairro do Village Campestre 2, a ialorixá Sol de Oyá, desde 2014, realiza ações sociais, levando um pouco de amor e atenção a toda comunidade periférica, com o intuito de mostrar a todos que o candomblé é uma religião de acolhimento e respeito ao próximo.

“Receber essa outorga é uma sensação de vitória e glória, pois nossa luta está sendo reconhecida e respeitada, mostrando que estamos no caminho certo. A chegada do título me encoraja a continuar lutando cada dia mais por mim, pelos meus e por todos aqueles que virão”.

O babalorixá Gigi de Iemanjá, que há 20 anos realiza ações dentro do bairro do Eustáquio Gomes, compartilha do mesmo sentimento e afirma que, além da sensação de estar no caminho certo, a chegada do título também traz uma sensação de maior segurança.

“Voltei para meu terreiro me sentindo mais seguro, pois o reconhecimento nos proporciona a segurança que estamos no caminho certo diante de nossa egbé [comunidade], juntamente com tudo que ela representa”.

Ialorixá do Ilê Maroketú Asé Omó Osún, mãe Tita de Oxum revela que a emoção de receber a outorga, ser chamada de doutora e partilhar do momento com diversos irmãos foi maravilhosa.

“Tenho 20 anos lutando pelo nosso povo, pela nossa cultura e pelo nosso espaço, então, o sentimento é de mais uma realização e de dever cumprido. Acredito que ainda temos direito a muito mais e a luta continua. Eu, como mulher alagoana, preta e de comunidade irei continuar em busca de nossos direitos”.