Imagem
Menu lateral
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
Imagem
Imagem
GZT 94.1
GZT 101.1
GZT 101.3
MIX 98.3
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > CULTURA

Artistas alagoanos refletem sobre políticas públicas e desafios do setor cultural

No período eleitoral, quem trabalha com arte e criatividade elege o que deve ser prioridades para futuros gestores

Campanhas eleitorais são cercadas por promessas, mas também por diálogos e esperança. É isso o que artistas alagoanos afirmam ao relatar as expectativas para a gestão cultural dos próximos quatro anos. Em Alagoas, um dos mais potentes celeiros culturais do Brasil e que abriga diversos folguedos populares, fazedores de cultura querem mais valorização do setor e apoio aos artistas, que ainda amargam as perdas decorrentes da pandemia.

Entre as demandas que eles esperam que sejam priorizadas pelo próximo gestor da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-AL) estão uma política realmente séria de editais, mais diálogo com quem produz cultura, e a implementação da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, que, segundo eles, existe apenas no papel.

O mestre de coco Jurandir Bozo afirma que Alagoas está em dívida com a cultura e que há demandas antigas consideradas importantes para estruturar o setor. "A cultura popular é hoje o segmento da arte que mais se encontra vulnerável dentro de Alagoas. A política de editais é muito positiva, mas na cultura popular isso tem se estreitado e deixado muitos mestres de fora, praticamente excluídos do processo".

De acordo com Bozo, um exemplo disso é a Lei Aldir Blanc, que teria 150 prêmios de 10 mil reais para os mestres, mas os premiados não chegaram nem a 60, pois muitos não fazem ideia de como participar desses processos. Esse é um desafio da próxima gestão.

A queixa da dificuldade dos editais também é da classe teatral. O ator Jamerson Soares tem percebido o aumento da reclamação da burocracia para realizar inscrições nos processos seletivos, que muitas vezes possuem critérios desnecessários, confusos e informações fora de ordem.

Artigos Relacionados

Ainda se recuperando dos impactos negativos da pandemia, os atores e atrizes também anseiam por mais políticas públicas voltadas ao fazer teatral. A falta de investimento nos artistas locais e a propagação da ideia de que “todo artista é vagabundo” dificulta a evolução do cenário cultural de Alagoas, alega o ator.

“Tem muito artista que rala noite e dia para conseguir o seu pão no dia seguinte. E é triste quando ele é desmerecido por quem não acredita que a arte pode quebrar fronteiras e trazer a revolução. Esperamos que mais leis e editais sejam publicados, mais apoio e auxílio sejam dados, que as políticas sejam voltadas para o acompanhamento do artista iniciante”, conjectura Jamerson Soares.

“Também seria interessante se fosse criado um fundo de recursos apenas para os artistas alagoanos. É cansativo ficar explicando o quão necessário é assistir a um filme, um espetáculo de teatro, de dança. A sociedade também tem que fazer a parte dela de entender que o artista é um profissional do artesanato humano, é ele que reflete sobre o mundo, suas inquietações e ideias, e é a partir do assistir, do ir a um espaço cultural, que se produz catarse, um tipo de transformação, matéria para compor sentido ao mundo. Arte dá cor a esse mundo cinza”, ressaltou o ator.

Outra questão abordada pelos fazedores e incentivadores da cultura local é a falta de diálogo com os profissionais. Muitas vezes, iniciativas não acontecem — ou ocorrem, sem que exista uma conversa entre quem produz e quem é responsável por gerir as políticas públicas voltadas ao setor.

O presidente da Academia Alagoana de Letras, Alberto Rostand Lanverly, afirma que é necessário que as instituições que incentivam e cuidam da cultura alagoana sejam ouvidas. O Conselho Estadual de Cultura precisa ser mais valorizado e fortalecido, para que as decisões tomadas por ele sejam referendadas pelo executivo que irá assumir o governo de Alagoas a partir de janeiro.

“Estimamos que quem assumir a cadeira do governo no próximo ano, dê ênfase a esses pontos da cena cultural. Um Estado que tem como um dos seus pilares de sustentação a cultura, tem muito mais facilidade de desenvolvimento. Nós temos algumas instituições culturais fortíssimas e é preciso ter mais diálogo com elas, temos ideias, cabeças pensantes, mas executar é complicado. Quanto mais diálogo com os fazedores de cultura melhor”.

Para o artista e militante Igbonan Rocha, é preciso que os próximos gestores lutem também pelas demandas do povo preto e os profissionais da cultura periférica, instituindo ações permanentes, que incentivem, promovam e sistematizem projetos nas próprias comunidades. Além disso, projetos culturais que sejam estratégias para a promoção da educação nos seus diversos segmentos também poderiam fazer parte de um plano de gestão na Secult/AL, defende Igbonan.

“Eu sinto falta, tanto no legislativo estadual quanto no federal, de representantes afro-brasileiros, que lutem pelas demandas do nosso povo no que tange à cultura, religião, assistência social e muitas outras necessidades que só nosso povo entende e necessita. Como escreveu Caetano Veloso: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

*Estagiária sob supervisão da editoria de Cultura

App Gazeta

Confira notícias no app, ouça a rádio, leia a edição digital e acesse outros recursos

Aplicativo na App Store

Relacionadas