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HOME > notícias > CONCURSO E EDUCAÇÃO

Bolsonaro fala em 'descentralizar' investimento em filosofia e sociologia

Segundo ele, motivo seria usar o orçamento do governo federal para ensinar leitura, escrita e a fazer conta

Nesta sexta-feira (26), o presidente Bolsonaro afirmou que o ministro da Educação, Abraham Weintraub, "estuda descentralizar investimento em faculdades de filosofia e sociologia (humanas)". A afirmação foi feita no perfil dele no Twitter.

Em seguida, um uma segunda publicação, ele disse que a ideia por trás do estudo é respeitar o dinheiro do contribuinte.

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"A função do governo é respeitar o dinheiro do contribuinte, ensinando para os jovens a leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa e bem-estar para a família, que melhore a sociedade em sua volta", escreveu Jair Bolsonaro.

Na ocasião, Abraham Weintraub também citou o Japão, afirmando que o país asiático "está tirando dinheiro público do pagamento de imposto" para as faculdades de filosofia, e que "ele [Japão] coloca em faculdades que geram retornos de fato, enfermagem, veterinária, engenharia, medicina".

Ele deu a entender que pretende repetir o caso japonês no Brasil. "Quem está nos cursos atuais não precisa se preocupar, o direito deles vai ser respeitado, tudo segue vida normal gente", explicou ele.

Críticas de entidades acadêmicas

As afirmações de Bolsonaro e Weintraub sobre ciências humanas não gerarem renda ou melhorarem a sociedade repercutiram de forma negativa entre entidades acadêmicas.

Uma nota com críticas foi divulgada pela Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia (Anpof), e corroborada por outras 27 associações de pesquisadores de áreas de humanidades, como ciências sociais, educação, jornalismo, religiões, cultura e psicologia. Segundo a nota, a declaração mostra "ignorância" por parte do presidente e do ministro.

"As declarações do ministro e do presidente revelam ignorância sobre os estudos na área, sobre sua relevância, seus custos, seu público e ainda sobre a natureza da universidade. Esta ignorância, relevável no público em geral, é inadmissível em pessoas que ocupam por um tempo determinado funções públicas tão importantes para a formação escolar e universitária, para a pesquisa acadêmica em geral e para o futuro de nosso país." - Associação Nacional de Pós-graduação em Filosofia

A Anpof também refutou o exemplo japonês dado por Weintraub, afirmando que, em junho de 2015, o governo do Japão de fato enviou uma carta às universidades "recomendando que fossem priorizadas áreas estratégicas e que fossem cortados investimentos nas áreas de humanidades e ciências sociais".

Porém, segundo a associação, "Após forte reação das principais universidades do país, incluindo as de Tóquio e de Kyoto (as únicas do país entre as cem melhores do mundo) (...), o governo recuou e afirmou que foi mal interpretado".

"A proposta foi inteiramente abandonada quando o ministro da educação teve de renunciar ao cargo, ainda em 2015, por suspeita de corrupção. Da forma como o ministro Abraham Weintraub apresenta o caso trata-se, portanto, de uma notícia falsa", afirmou a Anpof.

Já uma nota assinada pela Associação Brasileira de Antropologia (ABA), pela Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), pela Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) e pela Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) diz que as falas de Bolsonaro e Weintraub provocaram "indignação".

Segundo as entidades, "é tão equivocado e enganoso avaliar as diferentes disciplinas e a reflexão filosófica pela sua aplicabilidade imediata quanto desconhecer a importância histórica das ciências sociais e das ciências sociais aplicadas no desenvolvimento de diferentes tecnologias voltadas à resolução de graves problemas da sociedade".

A nota diz ainda que "a reflexão das ciências humanas e sociais, incluída a filosofia, tem sido tão crucial para a formulação e avaliação de políticas públicas como para o desenvolvimento crítico das demais ciências".

"É inaceitável, portanto, que essas disciplinas sejam consideradas um 'luxo', passível de corte em tempos de crise econômica como a que vivemos atualmente no país ou de 'rebaixamento' por motivação político-ideológica", afirma o comunicado.

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