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Brechós físicos e virtuais buscam o consumo econômico e consciente em Maceió

Ideia de economia e sustentabilidade angaria a compra e venda de artigos usados

Imagine comprar um vestido de marca, bem conservado, que custa tradicionalmente R$ 1.200, por apenas R$ 230 e ter uma economia de nada mais, nada menos, que R$ 970. E se, de repente, você encontra mais um vestido no valor de R$ 70, cujo preço de origem é de R$ 450? Uma economia de R$ 380 em tempos de crise é muito bem-vinda. É claro que os valores baratinhos como esses não vão ser encontrados em lojas tradicionais ou de suas respectivas marcas. Mas se você pesquisar direitinho, pode encontrar no seu bairro ou na sua cidade, um novo conceito de compra econômico, sustentável e colaborativo: os brechós.

Na verdade, a venda de roupas e produtos usados não é tão nova assim. Diz-se que este tipo de negócio surgiu no Rio de Janeiro no século XIX, iniciado com um comerciante de Portugal chamado Belchior, e por isso, o nome da atividade conhecida hoje. Mas os conceitos trazidos junto com a prática são novos e estão em alta, porque, atualmente, há um despertar da população no que diz respeito ao consumo consciente e à sustentabilidade.

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A compra e venda de produtos usados se enquadra no que se chama de Economia Colaborativa. Uma pesquisa realizada em Agosto de 2017, pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que oito em cada dez consumidores acredita que o consumo colaborativo tende a tornar a vida mais prática e fácil.

Imagem ilustrativa da imagem Brechós físicos e virtuais buscam o consumo econômico e consciente em Maceió
| Foto: FOTO: Mylene de Barros / Cortesia

As roupas e acessórios, por exemplo, foram os produtos mais comprados em brechós. Segundo a pesquisa, eles foram os artigos de compras de 73,9% dos entrevistados, consequentemente, eles foram também os artigos mais vendidos (24,1%).  Ainda de acordo com a pesquisa, 24% dos consumidores venderam alguma peça do próprio guarda-roupa.

O motivo para o desapego? Segundo o levantamento, 47% buscam este serviço para economizar dinheiro. Mas ainda há outras motivações para grande parte dos consumidores: evitar desperdício (46%), combater o consumo excessivo (45%), ajudar o próximo (36%); troca de experiência com outras pessoas (34%), preservação do meio ambiente (31%), novas redes de relacionamento (30%), melhorar a qualidade de vida (29%) e, por último, vem a oportunidade de ganhar dinheiro (28%).

O levantamento foi realizado com consumidores das 27 capitais brasileiras, entre homens e mulheres, com idade igual ou maior que 18 anos, e de todas as classes sociais.

Desapega - Pega

O investimento é baixo. Ou quase nenhum. Basta apenas ter muitos artigos no guarda-roupa e querer se desfazer de boa parte delas. O sentimento é de desapego. Mas se vier com uma renda extra, melhor ainda. E se não houver tantas roupas assim, pode apostar, há aqueles que querem doar.

Imagem ilustrativa da imagem Brechós físicos e virtuais buscam o consumo econômico e consciente em Maceió
| Foto: Mylene abriu um brechó há um anoFOTO: Cortesia

Foi assim que a brecholeira Mylene de Barros Souza deu o pontapé inicial há um ano no negócio. Ela começou com as peças do próprio guarda-roupa. Hoje, possui 17 fornecedoras que disponibilizam as peças, e em troca, recebem 50% do lucro das vendas. As roupas, bolsas e sapatos são de marcas conceituadas, como Le Lis Blanc, Colcci, Gregory, dentre outras. Todas para o público adulto e feminino.

Os descontos em seu brechó chegam a mais de R$ 900 e os preços ainda podem ser divididos no cartão. Ainda não há pesquisas que dimensionem o mercado de brechós na capital, mas ela confessa que, por aqui, a venda ainda é lenta. O motivo, segundo Mylene, seria o preconceito dos maceioenses com relação a artigos de segunda mão.

"O preconceito existe, porque as pessoas têm a impressão de que as peças são velhas e sujas, mas essa é uma visão errada. As peças são muito bem conservadas, lavamos e tratamos para deixar sempre de cara nova", diz Mylene, que ressalta: "A venda é lenta, mas tá emplacando", afirmando que há compradoras fixas, que chegam a gastar R$ 3 mil em uma única compra.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a atividade de brechós é bastante conhecida e utilizada pela população. No Brasil, a prática é mais bem vista em capitais como São Paulo e Belo Horizonte, como aponta o Sebrae, em última pesquisa divulgada em 2014, após constatar um crescimento de Brechós no país -  210% em cinco anos.

Mylene afirma que esta não é sua renda fixa - já que trabalha em uma loja de venda de produtos de nutrição. Mas ela diz que o lucro no brechó corresponde a 30% do que recebe no mês, o que lhe garante o pagamento das despesas pessoais.

Brechó virtual 

Imagem ilustrativa da imagem Brechós físicos e virtuais buscam o consumo econômico e consciente em Maceió
| Foto: FOTO: Cortesia

Não é preciso uma loja física para vender os acessórios. É no Instagram que o casal Lucas Cavalcante, de 24 anos, e Carlos Gomes, de 19 anos, têm o seu brechó. Tudo começou devido a uma necessidade econômica. A dupla teve ajuda dos amigos, que começaram a doar roupas. Mas a economia e a necessidade de ter uma renda complementar não foram os únicos motivos.

"Tínhamos o desejo de trazer para Maceió a ideia de consumo consciente de roupas a um preço justo e acessível. E brechó é troca, é intercâmbio. Tivemos ajuda de amigos e até agora funcionamos dessa maneira: trocando, comprando e alimentando, sempre de forma consciente", explica Lucas, que também é estudante de Relações Públicas.

As primeiras peças divulgadas na rede social foram vendidas mais rápido do que eles imaginavam. As vendas aumentaram, segundo ele, após realizar ensaios, com amigos que se disponibilizaram gratuitamente em ser fotografados para divulgar as peças que vão desde calças, a blusas, jaquetas, blazers e chapéus.

Lucas afirma que tem cuidados com as peças que chegam, desde o lavado, até a forma como são guardadas antes de chegarem aos clientes. Para ele, não é admitido vendê-las em péssimo estado, com rasgados, ou sujas. Além disso, ele e seu companheiro costumam customizar os acessórios, bordando-os, adaptando-os, e dando-lhes uma nova 'cara'.

Agora, o casal pretende lançar o site. Atualmente, a atividade é levada como prática complementar, mas Lucas já considera focar no brechó para alavancar as vendas.

"Infelizmente, não posso me dedicar completamente porque ainda tenho que me dividir entre faculdade e estágio, mas minha intenção é de investir cada vez mais futuramente, com o objetivo de dar estabilidade a mim e ao meu parceiro e sócio", finaliza.

Economia e consumo consciente: casamento que dá certo 

Imagem ilustrativa da imagem Brechós físicos e virtuais buscam o consumo econômico e consciente em Maceió
| Foto: FOTO: Reprodução/ Internet

"O consumo colaborativo ainda evolui a passos lentos na capital, mas é uma tendência crescente em relação ao comércio global". A afirmação é do economista e mestre em Economia Aplicada, Lucas Sorgato. Ele acrescenta que "com certeza crescerá na cidade [Maceió] ao longo dos próximos anos".

Segundo o economista, a crise financeira pela qual passa o Brasil estimula o consumo de artigos usados, seja de roupas, acessórios, telefones, ou até mesmo de aluguéis e caronas compartilhadas, por exemplo. Mas o que está em alta mesmo é a sustentabilidade. E é esta nova consciência global que tem gerado o que se conhece como economia colaborativa.

"A lógica é da sustentabilidade mesmo, que é uma onda crescente em diversos países e regiões e que advém da busca por tornar o ambiente mais adequado para a geração atual e futura. Aliada a isso, a redução de preços/custos entra como um forte aliado para a prática da economia colaborativa", explica o economista.

A indústria têxtil, responsável pela produção de roupas é uma forte causadora de degradação ambiental. Utilizar as roupas e os acessórios de forma mais duradoura minimiza os impactos, porque acarreta em uma diminuição na produção dos tecidos.

Lucas Sorgato explica que este tipo de economia pode permanecer por muito tempo.

"Acredito fortemente que essa nova economia já está alterando a forma de consumo/negócios pelo mundo, que começa a gerar novos empreendimentos e produtos para atender este crescente público".

Para o economista, a crise tem contribuído, mas, de toda forma, quando o país se estabilizar economicamente, não deve interferir no consumo consciente da população e nem no interesse de quem quer vender.

"Alguns itens estão sendo usados como renda extra (bicos), dada a crise econômica que ainda assola o País. Entretanto, quando o país recuperar sua capacidade de crescimento e geração de emprego, a economia colaborativa se manterá e aquelas que ficarem nela vão, possivelmente, tratar como renda fixa principal, pois são novas formas de trabalho"

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