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A italiana que sem braços e pernas fala como "a vida é um barato"

Após ter pernas e braços amputados aos 11 anos, Beatrice Vio superou a depressão e se tornou atleta paralímpica e apresentadora de TV

Após ter os braços e as pernas amputados em consequência de uma meningite C e manifestar a vontade de se suicidar, Beatrice Vio, de 11 anos, ouviu do pai uma frase de encorajamento que mudou sua vida e, menos de dez anos depois, se tornou o nome do programa de TV que ela apresenta no principal canal da Itália, Rai 1.

Em "La Vita è una Figata!" ("A vida é um Barato!"), Bebe Vio, como a jovem é conhecida, entrevista pessoas comuns e celebridades que superam problemas e dificuldades para conseguir realizar o próprios sonhos.

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"A característica principal do programa é a diversão. Convidamos as pessoas a contarem por que a vida delas é um barato, apesar dos grandes obstáculos que encontram pelo caminho", conta ela à BBC Brasil.

Ambientado em um loft hi-tech, o programa é marcado pela espontaneidade e brincadeiras de Bebe Vio, como quando conta que os amigos de escola lhe roubavam as mãos para se distraírem nos momentos de tédio, e até algumas gafes, como quando disse a uma de suas entrevistadas, Sofia Debora, uma escritora de apenas 11 anos, não gostar muito de ler.

Em outra entrevista, o mais jovem talento da moda internacional, o italiano Giannico, conta como enfrentou preconceitos e a falta de credibilidade para ser reconhecido como designer de calçados femininos aos 17 anos de idade. Hoje, aos 21, ele tem clientes como Kate Moss e Lady Gaga, entre outras estrelas. Durante a conversa, Bebe Vio fala sobre sua paixão por saltos altos e narra, entre risadas, as peripécias que precisa fazer para conseguir usá-los com as próteses.

O programa mostra também desafios cotidianos de pessoas comuns, como uma jovem ex-viciada que tenta levar uma vida normal após ter sofrido nove overdoses por uso de heroína, ou um casal que decidiu largar tudo e viajar pelo mundo gastando, juntos, 10 euros por dia.

Os exemplos de superação incluem ainda o do ex-jogador de baseball Oney Tapia, que perdeu a visão em um acidente e revela quais são as atividades que prefere fazer agora que é cego - entre elas, estar ao ar livre em meio à natureza e dançar.

Bebe, em contrapartida, diz que lutar esgrima ficou ainda mais emocionante depois das amputações. "Com as pernas eu podia correr e escapar para o fundo da quadra. Agora, que não posso fugir, é preciso ter mais garra."

Sucesso

Foi justamente através da esgrima que Bebe Vio, hoje com 20 anos, tornou-se conhecida, e não apenas na Itália.

"Quando saí do hospital, eu ainda estava em fase de recuperação, muito assustada e com medo do futuro. A história de Oscar Pistorius (atleta sul-africano) serviu como inspiração para que eu voltasse a lutar esgrima, o esporte que amava e que praticava desde os cinco de idade", diz à BBC Brasil.

Em 2010, Bebe recebeu próteses feitas especialmente para poder lutar esgrima, voltou a treinar e a participar de competições. Em 2012, quando tinha apenas 14 anos, a família achou que ela não estava pronta para competir durante as Paralimpíadas de Londres - a jovem participou do evento como promessa do esporte, carregando a tocha.

De lá pra cá, ela conquistou diversos títulos mundiais. Isso inclui o principal deles, a medalha de ouro no torneio individual de esgrima nas Paraolimpíadas do Rio 2016, além da medalha de bronze na competição em equipe.

Em novembro deste ano, venceu pela segunda vez o Campeonato Mundial de Esgrima Paraolímpica, em Roma. Também em 2017, foi escolhida a Atleta com Deficiência do Ano no Prêmio Laureus do Esporte Mundial, dividindo os holofotes em Montecarlo, em Mônaco, com o maratonista Usain Bolt.

Imagem ilustrativa da imagem A italiana que sem braços e pernas fala como "a vida é um barato"

Motor

Mas o sucesso pessoal não é o motor de Bebe Vio. Há sete anos ela mantém, com a família, uma associação sem fins lucrativos que auxilia crianças e jovens amputados a praticarem esportes.

"Minha missão é fazer com que os esportes paralímpicos tenham o mesmo reconhecimento das demais competições esportivas. E que as Paralimpíadas sejam disputadas na mesma data das Olimpíadas tradicionais."

Do mesmo modo que incentiva os jovens com deficiência a praticarem esportes, ela aceita mostrar ao mundo as inúmeras cicatrizes que tem pelo corpo, como fez no ano passado, durante a campanha internacional para a vacinação contra a meningite C, por meio das lentes da fotógrafa Anne Geddes.

Além do programa de TV em rede nacional, duas autobiografias publicadas e de ter feito o então presidente dos Estados Unidos Barack Obama desobedecer os seguranças da Casa Branca para tirar uma selfie, Bebe Vio é vestida por grandes casas de moda, como Dior, e é modelo de uma das maiores marcas de cosméticos do mundo, a L'Oreal. Parte do que ganha, reverte para a associação, a Art4sport.

Com tanta visibilidade, a atleta, que se diz "viciada em selfies", também acabou sendo alvo de "haters" nas redes sociais.

A resposta veio com ironia: além de denunciar agressores que criaram uma página em uma rede social incitando violência sexual contra ela, a jovem lançou uma campanha em uma emissora de TV "para ajudar a pessoas menos favorecidas, que nasceram com algo a menos que nós".

"Nosso lema é 'doe um neurônio a um hater, assim você poderá duplicar a quantidade de neurônios dele. Juntos, podemos vencer esta batalha'", conta.

"Mas falando sério, temos que mostrar aos jovens que é preciso reagir a qualquer forma de bullying, denunciando os agressores às autoridades policiais. Sempre", diz.

A primeira temporada do programa "A Vida é um Barato" terminou no dia 12 de novembro. Bebe não sabe se voltará à TV como apresentadora.

"Foi uma ótima experiência porque me diverti, conheci pessoas e histórias interessantes. Mas meu objetivo principal continua sendo o de lutar pelo esporte paralímpico", afirma.

"O que me deixa brava são as pessoas que têm possibilidades, mas não se empenham para ajudar os demais. Não é preciso dar dinheiro, muitas vezes basta estar presente, levar e buscar nos treinos. Para ajudar é só querer."

"Divirto-me conhecendo gente feliz e tentando contribuir para a felicidade de outras pessoas", diz. "É por isso que minha a vida é um barato."

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