Podemos dizer que nossa colunista é uma mulher multifacetada. Ela é daquelas que faz tudo e um pouco mais. Mãe do Juan Alves, de 19 anos e do pequeno Joao Gabriel, de apenas 1 ano e 6 meses. Ela se vira como pode para dar conta dos cuidados com os filhos, das tarefas domésticas e do trabalho, ao qual não abre mão.
E com tudo isso, nós da coluna, Julie Alves, decidimos lhe apresentar a história de muita luta, mas de superação dessa mulher guerreira para homenagear a todas as mulheres brasileiras.
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Nos fale um pouco de sua infância
Morei 40 anos da minha vida em uma comunidade chamada Parque União, que fica em um Complexo de favelas da Maré, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Aos 9 anos meus pais se separaram e a minha mãe Isaura (in memorian) criou eu e meus 3 irmãos sozinha. Com muita luta ela trabalhava de dia e de noite. Tivemos uma vida de muita dificuldade, muita pobreza, mas muita dignidade. Estudamos em escola pública, mas aprendemos valores naquele lugar que trago até hoje comigo.
Você tinha sonhos como toda menina periférica ?
Sempre tive o sonho de ser modelo, sempre quis estar à frente das fotos de família. Até que na minha adolescência fui fazer um curso de modelo e Manequim. A partir dali comecei a fazer alguns desfiles, nada grandioso. Naquela época nos anos 90 ainda existia muito preconceito racial e senti isso na pele... As modelos pretas não tinham muito espaço no mercado, mas ainda consegui fazer alguns desfiles pela C&A e diversas coisas foram acontecendo.
Mas soubemos que você também já foi rainha de bateria ?
Em 1997 fiz a vinheta do Carnaval da extinta rede Manchete, eu fui a garota do carnaval da extinta emissora. Aí fui convidada para ser madrinha de bateria da Acadêmicos de Santa Cruz, que estava no grupo de elite do carnaval carioca. Mas desfilei por outras escolas também como destaque.
E com todo o preconceito que ainda existia, você não desistiu do seu sonho e foi participar de um concurso de miss ?
Meu primeiro grande desfile foi o Miss Rio de Janeiro, onde fui convidada pelo saudoso Paulo Stein e Maria José (in memorian), que são avós maternos dos atores Felipe e Rodrigo Simas. Eles me deram roupas, me ensinaram a andar, ter boas maneiras. Sou muito grata e senti muito quando partiram. Entrei no desafio mais para viver aquela vida de glamour, curtir os passeios, não me enxergava ganhando em meio a tantas meninas lindas. Até que um amigo estilista chamado Neil Brasil me convidou para participar do Miss Brasil das Américas em 1999, no Copacabana Palace. Ninguém me notava, eu era aquela que ninguém acreditava, tampouco me davam credibilidade, mas acredite eu ganhei o concurso! Logo depois fui para a Guatemala com muita dificuldade, por falta de grana, participei do concurso Miss América Latina, na época o empresário Mario Heringer juntamente Neil e minha saudosa mãezinha foram os que me ajudaram.
Como foi seu reinado ?
Após fiquei fazendo alguns trabalhos como miss até que em 2001 engravidei do meu filho mais velho, Juan. Quando isso aconteceu foi um baque, ainda morava com minha mãe na comunidade e ninguém esperava! O pai dele não foi muito legal comigo naquela época. Muitas pessoas me aconselharam a fazer um aborto, mas optei em ter meu filho e passar por todas as consequências que viessem
Seu primeiro filho, Juan Alves foi planejado ?
Não, mas foi um presente de Deus. Tinha acabado de perder um grande amigo Walter Fernando, e ele nasceu em maio de 2002. Logo pensei que precisava ter uma mudança de vida para oferecer algo melhor para ele. Decidi fazer uma graduação, claro que não tinha como ser outra além do jornalismo que já existia dentro de mim. Ganhei uma bolsa de 100% através de uma ONG e realizei meu sonho, me formando em 2009.
Nos conta um pouco de sua trajetória na sua tão sonhada profissão de jornalista ?
Fiz um estágio no site da ONG Comunitas, da saudosa esposa do ex presidente Fernando Henrique, Dona Ruth Cardoso. Ali dava suporte levando oportunidades para os jovens de comunidades, oferecendo capacitação para o primeiro emprego. Aprendi a escrever como jornalista no Jornal 'O Cidadão', um veículo de mídia alternativa que circulava nas favelas do Complexo da Maré. Faltando dois anos para terminar a graduação, fui aprovada para um estágio da defensoria pública do Estado do Rio de Janeiro.. Quando me formei, entreguei meu currículo na Rede Tv, e assumi a função de Webrrepórter, onde permaneci durante 7 anos fazendo matérias para os programas de jornalismo e entretenimento. Tive um quadro de carnaval no jornal local do canal dado pelo querido apresentador Rogério Forcolen. Mas há 4 anos sou a repórter carioca do programa A Tarde é Sua, exibido na emissora diariamente e apresentado pela competente jornalista Sônia Abrão, a quem sou extremamente grata por acreditar em meu trabalho e me dar a oportunidade de aparecer no vídeo para todo Brasil. Essa gratidão se estende ao diretor Elião Abrão, Luciano Capronni e a todos da produtora Câmera 5.
Quem é Julie Elisabete ? Filha, irmã, mãe e amiga
A minha família é o que tenho de mais de precioso. Meu irmão se suicidou em 2010 e depois de 3 anos perdi minha mãezinha para um câncer no estômago. Ela partiu próximo do natal eu a levando em meu carro para o hospital. Isso mexeu muito comigo, sinto muito sua falta. Tenho buscado ajuda psicológica e em Deus para superar essas perdas durante esses anos. Como irmã, sou apaixonada e como amiga, os que são 'Meus Amigos' sabem do que sou capaz.
E depois de 18 anos chegou um outro membro a família, o baianinho João Gabriel ?
Eu e meu marido já estávamos juntos há dez anos, eu queria muito ter um segundo filho e não teria como ser com outra pessoa, então comecei a falar muito com ele a respeito, mas ele não queria devido a nossa idade, eu com 44 anos e ele 53 anos. Até que engravidei em 2018, mas perdi aos 2 meses. Uns 8 meses depois descobri que estava grávida. aos 9 meses pegamos um carro e nos aventuramos na estrada até Salvador para dar o tão sonhado neto baiano ao meu pai - Agnaldo que mora lá, e para nossa alegria em novembro de 2019 chegou nosso pequeno acarajezinho, que é uma benção em nossas vidas.
Para encerrar nos fale um pouco de sua referência e o que é ser mãe para você ?
Sempre admirei minha mãezinha, olhava pra ela com orgulho da mulher guerreira, batalhadora e empoderada que sempre foi. admirava por ela criar os filhos sozinha, mas com muitos valores que a gente não aprenderia em lugar algum. Sei que isso parece meio cliché, mas ao mesmo tempo é tão atual ver mulheres como ela nos dias de hoje. É com essa lição que crio meus filhos. Valores que se aprende em casa para praticar na rua, brigo quando estão errados, mas ofereço muito amor diariamente. Esse com toda certeza é o meu melhor papel, ser mãe! Felizes sejam nossos dias mamães de todo Brasil!
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Mãe de dois meninos, Julie Alves representa as mães neste dia de comemoração | -
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