Ela nasceu na cidade de Inhapi , sertão de Alagoas, há 20 anos escolheu morar na Itália. Por lá se tornou artista exclusiva da Giorgio Collection, marca de móveis de luxo do renomado empresário italiano Fábio Masolo. Uma mulher de muita fé e gratidão ao seu povo e a Deus. Quer saber um pouco mais dessa nordestina arretada que vem ganhando seu espaço no cenário Europeu? A coluna te convida a ler essa linda entrevista
Vamos começar falando de uma artista plástica nordestina. Como descobriu sua arte?
Olá Julie, em primeiro lugar te agradeço pela oportunidade de ser entrevista por você e levar um pouco de minha história para o meu amado povo alagoano.
Sempre digo que quando se é artista é porque se nasce com esse dom, desde criança adorava cantar e dançar na frente do espelho, já sonhava muito, escrevia cartas para o meu pai que a trabalho passava a semana fora e isso me deixava com muita saudade.
A gente descobre nossa arte com o coração e alma, temos a necessidade de transmitir amor, vida, sonho… não importa se através de uma cena, canção, poesia, dança, pensamento ou pintura, quando temos esse dom é como não termos pele, sentimos muito, amamos muito e queremos de alguma forma transmitir esses sentimentos através do que fazemos. Arte é emoção, desejo, sentimento, ou temos ou não temos, o tempo nos ajuda a descobrir.
Mas você mora na Itália há 20 anos. Como foi para uma brasileira mostrar seu talento na Europa?
Honestidade, constância e determinação ajuda muito!
Quando fazemos o que amamos, não pesa, a gente faz uma coisa por vez e quando paramos pra ver, já tem um monte acumulada, daí o resto é história. Como mulher do sertão tive a força de não desistir nas primeiras dificuldades, nunca me vendi pra ter nada em troca, sempre fui o que sou e a fé em Deus ajuda, ele sempre está comigo.
Morar na Europa foi a busca de um sonho?
No início talvez, um sonho que na verdade não fazia muito parte de mim, como todo criativo eu amava a beleza, mas com o tempo entendi que a verdadeira beleza vai muito além do que se vê.
Pra pintar é preciso ter muita paciência, o tempo se perde no próprio tempo e consigo me escutar, me sentir e colocar nas obras toda emoção que tenho dentro de mim. Ninguém realiza um sonho sem agir, entendi que na Europa o que eu era, era apreciado, fui ficando, me sentido realizada por ser valorizada pelo meus esforços e daí consegui entender quem eu era de verdade. Tudo aconteceu aos poucos, nunca fiz planos, já viaja na leitura de livros desde criança, amava geografia, história e naturalmente tinha curiosidade de ir descobrindo novos mundos.
E como era a menina Geovana que vivia no sertão em Inhapi - Alagoas?
Uma sonhadora, criança generosa, apaixonada pelo pai e pelos dois irmãos mais velhos, hoje são 3, tenho um irmão caçula. Morria de medo de mainha (risos) E adorava tudo que o sertão tem de bom, venho de uma cultura simples e muito rica de valores humanos, tive uma das mais nobres bases de vida que se pode ter. No meu tempo a palavra de ordem era HONRA, sempre carrego ela comigo em tudo que sou e faço, ela sempre me premiou. Tenho muito orgulho de ser uma mulher sertaneja.
Você é uma artista plástica exclusiva de uma marca de móveis de luxo. Nos conta um pouco dessa conquista
Eu já amava essa marca, ela pra mim que vivo na Itália, é uma entre as melhores marcas Made in Italy, é como falar de alta moda e de moda, tem uma grande diferença… aqui falamos de altíssima moda. Primeiro conheci o diretor comercial da empresa e ele me apresentou ao Fábio Masolo, presidente da empresa, tudo foi amor à primeira vista, tínhamos a mesma visão e filosofia, nosso encontro foi uma soma positiva para ambos, quem compra luxo quer obras de arte únicas e assinadas por um verdadeiro profissional, a Giorgio Collection esta entre as primeiras marcas a ter essa visão que vai além, incluir arte é uma soma que certamente mostra que eles tem visão de futuro.
Casada com Eddy Ratti, como começou a história do casal? E como é viver uma cultura completamente diferente da sua?
Nos conhecemos em Maceió durante as férias dele, mas já tinha estudado e morado na Itália, tudo flui quando se conhece uma língua. Viver em uma cultura completamente diferente, aí não é fácil, precisaríamos de outra página pra falar sobre todos os desafios, lutas, dores, alegrias, vitórias e conquistas, ainda estou me acostumando. (Risos)
E vocês já participaram de um jantar solidário com o príncipe da Itália Emanuele Filiberto de Savoia . Nos conta um pouco dessa ação e como foi serem recebidos pelo príncipe?
O meu encontro com o príncipe já estava sendo planejado por alguns membros da casa real de Savoia há algum tempo. O encontrei horas antes do gala de beneficência, ele já estava preparado sobre quem eu era e assim, no dia do meu aniversário conheci um príncipe. Ele é um rapaz reservado, gentil, dentro de si tem uma simplicidade recolhida, empenhado em manter a Casa Real guiada por sua família por tanto tempo. Ajudam de forma muito discreta muitas pessoas, amaria que a Itália tivesse o rei mesmo com parlamento no poder executivo, acho que é um símbolo, assim como na Inglaterra, são pedaços de histórias que fascinam, mas na verdade por aqui acredito que se acontecer, muita água ainda vai rolar, quem sabe? Foi maravilhoso, fico sempre muito feliz em fazer parte dessa corrente do bem em meio a pessoas como o príncipe e sua família que se preocupa em ajudar em diversos projetos benéficos.
Pensa em fazer algo no Brasil?
Amaria, não somente eu, mas a Giorgio Collection também não exclui, aliás inclui o Brasil em suas metas futuras, principalmente me tendo como partner, estamos abertos para as oportunidades positivas, juntos somos partner de Swarovski também, outra empresa já presente no mercado brasileiro, acho que não falta muito para as coisas acontecerem, torço pra que não demore.
E quais os próximos passos dessa nordestina arretada que vem ganhando o mundo com sua arte?
(Risos)
Certamente ir ao Brasil em breve, tomar água de coco, reever meu povo, mergulhar nesse mar lindo, recarregar as baterias e de quadro em quadro pintar cada um como se fosse o último.
Não excluo uma biografia com minha história artística, aliás falaria da minha infância, da arte e de como foi estar entre dois mundos. Sonho precisa ser acompanhado pela fé, fé precisa ser acompanhada pela ação e em toda ação o importante é não esquecer do amor, tento colocar em prática constantemente tudo isso, o resto entrego a vontade de Deus.
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