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Crianças mais velhas espalham Covid tanto quanto os adultos, diz estudo

Pesquisadores sul-coreanos analisaram contatos de infectados e concluíram que crianças entre dez e 19 anos podem espalhar vírus tanto quanto adultos

À medida que mais países flexibilizam as duras medidas de isolamento social implementadas para combater a pandemia do coronavírus, uma pergunta intriga autoridades de saúde de todo o mundo: as escolas devem reabrir ou não?

O fechamento desses estabelecimentos de ensino foi uma das primeiras ações adotadas por muitos governos, com base na premissa de que as crianças, apesar de serem muito menos suscetíveis a desenvolver os sintomas mais graves da covid-19, poderiam contagiar adultos, facilitando a propagação do vírus.

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Ou seja, elas seriam o que especialistas chamam de "super-disseminadores".

Por outro lado, vários experimentos de pequena escala, realizados na Europa e na Ásia, mostraram que crianças pequenas são muito menos propensas a ser infectadas e a espalhar o coronavírus.

Agora, um estudo em larga escala na Coreia do Sul parece trazer uma resposta mais clara: segundo os pesquisadores, crianças menores de dez anos transmitem o coronavírus para outras pessoas com muito menos frequência do que os adultos, mas esse risco não é zero. E aquelas entre dez e 19 anos podem espalhar o vírus tanto quanto os adultos.

A reabertura das escolas pode, assim, causar novos focos de infecção, alerta a equipe responsável pelo estudo, liderada por Young Joon Park, médico de medicina preventiva responsável pela equipe de Epidemiologia e Gerenciamento de Casos do Centro Nacional de Resposta de Emergência Covid-19, órgão criado pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças da Coreia do Sul para traçar as estratégias de combate à pandemia no país.

Os pesquisadores identificaram 5.706 pessoas que foram as primeiras a relatar sintomas da covid-19 em seus domicílios entre 20 de janeiro e 27 de março, quando as escolas foram fechadas, e depois rastrearam os 59.073 contatos desses "casos-índice".

Eles testaram todos os contatos domiciliares de cada paciente, independentemente dos sintomas, mas apenas contatos sintomáticos fora do domicílio.

Eles descobriram que crianças com menos de dez anos tinham aproximadamente a metade da probabilidade dos adultos de espalhar o vírus para outras pessoas, em linha com as constatações de outros estudos.

Isso pode acontecer porque as crianças geralmente exalam menos ar - e, portanto, menos ar carregado de vírus - ou porque exalam esse ar mais perto do chão, tornando menos provável que os adultos o respirem.

Risco pode crescer

Apesar disso, na avaliação dos autores do estudo, o número de novas infecções desencadeadas por crianças pode aumentar quando as escolas reabrirem.

"As crianças pequenas podem apresentar taxas mais altas de infecção quando as escolas reabrirem, contribuindo para a transmissão comunitária da covid-19", diz a pesquisa.

Outros estudos já haviam indicado que o grande número de contatos de crianças em idade escolar, que interagem com dezenas de outras pessoas durante boa parte do dia, pode potencializar seu menor risco de infectar outras pessoas.

Como os pesquisadores rastrearam os contatos apenas de crianças que se sentiram doentes, ainda não está claro o papel daquelas assintomáticas (sem sintomas) na transmissão do vírus.

Mas, segundo eles, o grupo mais preocupante é o dos pré-adolescentes e adolescentes, pois a probabilidade de eles infectarem mais pessoas é maior, podendo ser inclusive superior à dos adultos. Não se sabe, porém, se isso é uma casualidade ou se deve ao comportamento das crianças.

Isso porque essas crianças mais velhas, apesar de terem estrutura física parecida à de alguns adultos, podem ter os mesmos hábitos anti-higiênicos que as crianças pequenas. Também têm mais situações de socialização, comparadas às mais jovens.

Nesse sentido, especialistas advertem que as escolas precisam se readaptar para evitar a propagação da doença.

Isso significa que, além de implementar o distanciamento social, encorajar a higiene das mãos e o uso de máscaras, também devem decidir quando e como testar alunos e funcionários - incluindo, por exemplo, motoristas de ônibus - quando e por quanto tempo exigir que pessoas estejam em quarentena e quando decidir fechar os estabelecimentos e reabri-los.

Mas tais decisões são difíceis de serem tomadas já que as evidências sobre a transmissão do coronavírus nas escolas estão longe de serem conclusivas até agora, acrescentam.

Países como Dinamarca e Finlândia reabriram escolas com sucesso, mas outros, como China, Israel e a própria Coreia do Sul, tiveram que fechá-las novamente.

No Brasil, a reabertura das escolas está prevista para acontecer no início de agosto. Casos de estabelecimentos de ensino que decidiram reabrir precipitadamente causaram surtos em algumas cidades, como em Barbacena, em Minas Gerais.

Limitações

Apesar de ter sido feito em larga escala, o estudo tem limitações importantes.

Os pesquisadores assinalam que a primeira pessoa em uma família a desenvolver sintomas da covid-19 não é necessariamente a primeira a ser infectada.

E como as crianças são, de forma geral, menos propensas a apresentar sintomas do que os adultos, o estudo pode ter subestimado o número de crianças responsáveis pela cadeia de transmissão em suas famílias.

Apesar disso, de acordo com especialistas, embora não ofereça respostas definitivas, o estudo indica que as escolas podem aumentar o nível de vírus em uma comunidade.

"O papel da transmissão domiciliar de SARS-CoV-2 em meio à reabertura de escolas e à redução do distanciamento social ressalta a necessidade de um estudo epidemiológico sensível ao tempo para orientar as políticas de saúde pública", diz Park.

"O rastreamento de contatos é especialmente importante à luz das futuras ondas SARS-CoV-2, para as quais o distanciamento social e a higiene pessoal continuarão sendo as opções mais viáveis para prevenção. A compreensão do papel das medidas de higiene e controle de infecção é fundamental para reduzir a disseminação da família, e o papel da máscara dentro de casa, especialmente se algum membro da família estiver em alto risco, precisa ser estudado".

Segundo Park, na "atual estratégia de mitigação que inclui distanciamento físico, é importante otimizar a probabilidade de redução de doenças individuais, familiares e comunitárias".

"A implementação de recomendações de saúde pública, incluindo higiene das mãos e respiratória, deve ser incentivada para reduzir a transmissão do SARS-CoV-2 nos domicílios afetados", conclui.

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