Imagem
Menu lateral
Imagem
compartilhar no whatsapp compartilhar no whatsapp compartilhar no facebook compartilhar no linkedin
copiar Copiado!
ver no google news

Ouça o artigo

Compartilhe

HOME > notícias > CIÊNCIA E SAÚDE

Cientistas podem mapear evolução de epidemias por amostras de sangue

Estratégia desenvolvida por brasileiros pode ser usada para estimar a imunidade coletiva da população para outras doenças infecciosas

Um estudo internacional liderado por cientistas brasileiros mostrou ser possível entender a evolução das epidemias a partir da análise de amostras disponíveis em bancos de sangue. A prevalência de determinados anticorpos na população ajudam a montar um cenário do momento e como as infecções se espalharam.

O estudo, publicado na revista Life em 22 de setembro, se baseou originalmente na análises de amostras de sangue de oito cidades brasileiras: Recife, Fortaleza, Salvador, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Manaus. A partir delas, os pesquisadores puderam fazer um “retrato” da pandemia de Covid-19 no país.

Eles acreditam que o mesmo pode ser feito para fazer o cálculo de soroprevalência – que mostra a presença de anticorpos na população – de forma mais ágil e barata do que o feito atualmente, baseado em amostras aleatórias. O processo também poderia ser usado para estimar a imunidade coletiva da população para outras doenças infecciosas.

Foram feitos testes, entre março de 2020 e março de 2021, de 97.950 amostras coletadas em bancos de sangue e os pesquisadores mediram a prevalência de anticorpos do tipo imunoglobulina G (IgG). A presença de IgG indica se uma pessoa já teve contato com um patógeno, como o coronavírus.

Esse tipo de monitoramento é importante para que autoridades entendam as características de uma epidemia e possam estruturar políticas públicas, detectando, por exemplo, os locais onde as medidas de prevenção e tratamento estão funcionando.

Eles observaram que houve uma heterogeneidade na incidência das infecções no país, com diferenças de infecção por grupos e uma variação extensiva da taxa de letalidade, segundo contou o principal autor do estudo Carlos Augusto Prete Junior, pesquisador da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), à agência da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp).

A taxa de casos de Covid-19 em dezembro de 2020, antes de a variante Gama se tornar dominante, variou de 19,3% em Curitiba a 75% em Manaus, por exemplo. A soroprevalência foi consistentemente menor em mulheres e doadores com mais de 55 anos, por exemplo.

As cidades com maior soroprevalência também tiveram maior mortalidade. Entre 1º de março de 2020 e 31 de março de 2021, a taxa de mortalidade por idade variou de 1,7 óbito por mil habitantes em Belo Horizonte a 5,3 mortes a cada mil pessoas em Manaus, que teve o dobro da mortalidade de Fortaleza, a cidade com a segunda maior proporção de mortes entre as analisadas.

O estudo foi liderado por cientistas do Centro Conjunto Brasil-Reino Unido de Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE), e contou com pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade de Oxford e Imperial College de Londres, ambas no Reino Unido, e da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos.