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HOME > notícias > CIÊNCIA E SAÚDE

Cientistas cancelam folgas de fim de ano para estudar o vírus zika em SP

Rede de pesquisa para epidemia e microcefalia já tem 31 laboratórios

Os cientistas da rede de pesquisa montada em São Paulo para pesquisa do vírus zika vão passar o recesso de Natal e Ano Novo trabalhando para estudar a doença. Pelo menos 160 pesquisadores, distribuídos por 31 laboratórios pelo estado, estão com projetos em andamento.

Na terça-feira (22), o ICB (Instituto de Ciências Biomédicas), da USP, já tinha conseguido manter culturas do vírus em células -- algo necessário para uso em experimentos e para diagnósticos por DNA. As primeiras fêmeas de camundongo grávidas foram infectadas na véspera de Natal, para um estudo que busca mostrar como o zika pode estar causando casos de microcefalia, fenômeno registrado sobretudo no Nordeste.

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Segundo os cientistas, a expectativa é que, dentro de pouco mais de um mês, já exista um exame para diagnosticar o zika por sorologia -- mais prático, barato e versátil que o de DNA. Isso será essencial para investigar a distribuição do vírus em São Paulo, onde se suspeita que muitos diagnósticos de dengue sejam na verdade casos de zika.

"Os dias em que esse vírus passa circulando invisível já estão contados", afirma Paolo Zanotto, do ICB, que está agora coordenando a rede de pesquisa. A criação da força tarefa partiu de uma iniciativa dos próprios cientistas, há mais de um mês, que movimentaram verbas de outros projetos para começar a trabalhar no zika.

6 desafios da força-tarefa contra o zika

1) explicar como o zika causa microcefalia e entender seus efeitos no sistema nervoso
2) sequenciar o DNA do vírus e obter pistas iniciais para o desenvolvimento de vacinas
3) estudar a interação do zika com o Aedes aegipti para melhorar combate ao mosquito
4) desenvolver um diagnóstico rápido e versátil para identificar casos de zika
5) entender a interação das doenças transmitidas pelo Aedes
6) mapear casos do vírus em São Paulo para planejar ações de combate ao mosquito

A Fapesp (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo), repassou nesta semana aos cientistas um montante de R$ 516 mil para início dos trabalhos em caráter emergencial. Antes disso os pesquisadores estavam realocando verbas de outros projetos para não terem que esperar o dinheiro chegar para começar a comprar materiais de experimentos.

A maior parte dos grupos de trabalho envolvidos no projeto, 16, estão na USP. A Unesp tem 6, a Unicamp tem 3 e o Instituto Butantan 2. A Unifesp, a Faculdade de Medicina de Jundiaí e a Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto) têm, cada uma, um grupo até agora.

Zanotto ainda negocia a participação de mais pesquisadores, incluindo grupos de fora de São Paulo. A Fiocruz foi convidada a se juntar ao grupo, mas não respondeu. Tanto a Fiocruz quanto o Instituto Adolfo Lutz desenvolvem trabalhos paralelamente aos da rede concentrada na USP.

Um dos principais esforços do grupo é o de mapear a distribuição do vírus em São Paulo. Para isso, o laboratório de virologia clínica do ICB, liderado pelo cientista Edison Durigon, firmou um acordo com o laboratório Dasa, que controla as redes Fleury e Lavoisier, para criação de um diagnóstico por DNA.

A ideia é que casos suspeitos em 14 estados do país passem pelas instalações centrais do Dasa em Barueri (SP) e que as notificações sejam enviadas a grupos nos locais de infecção. Com dados acompanhados dos endereços dos pacientes, os cientistas esperam ajudar a planejar ações mais concentradas de eliminação dos mosquitos nos focos de zika.

Durigon e Zanotto usaram a mesma técnica num estudo piloto para controlar a dengue no Guarujá e obtiveram bons resultados.

Para conseguir gerar as quantidades de vírus necessárias para uso pelo Dasa e por todos os cientistas da rede, os cientistas estão trabalhando dia e noite. Com a USP em recesso nesta semana, os prédios com laboratórios das áreas biomédicas são os únicos funcionando em quase todo o campus.

Zika e sistema nervoso

Um dos experimentos mais importantes iniciados agora foram os do cientista Jean Pierre Peron, do ICB, que busca entender a relação entre o zika e o sistema nervoso. "A gente está tentando ver se de fato há alguma relação entre os casos de microcefalia, o zika, e a síndrome de Guillain-Barré, uma síndrome autoimune pós-infecciosa", explica o pesquisador.

A síndrome, que ocorre quand o sistema imune ataca o sistema nervoso, pode ser desencadeada por diversos patógenos, mas suspeita-se que o zika esteja por trás de alguns casos que têm ocorrido no país.

Peron está mantendo em um biotério os camundongos que infectou com o vírus e vai acompanhar o efeito. No caso das fêmeas prenhas, a ideia é verificar se o cérebro dos filhotes será afetado assim como nos casos humanos de microcefalia.

Se os mecanismos moleculares pelos quais o sistema nervoso se deteriora forem identificados, os cientistas esperam encontrar alguma droga que possa interferir no processo.

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