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STF fará audiência sobre crise ambiental e climática no Brasil

Ação judicial de quatro partidos (Rede, PSol, PSB e PT) questiona fim do Fundo do Clima. Sessões começam na segunda (21).

O Supremo Tribunal Federal (STF) fará uma audiência pública para debater a crise ambiental no Brasil e as medidas contra as mudanças climáticas do planeta. Quatro partidos políticos - Rede, PSol, PSB e PT - entraram com uma ação devido à pausa do Fundo do Clima. O relator é o ministro Luís Roberto Barroso.

O evento, que foi convocado no fim de junho por Barroso, ocorre às vésperas do discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na terça-feira (22).

As quatro sessões no STF começam nesta segunda-feira (21), às 9h, e terminam na terça, às 18h. Serão ouvidos representantes da sociedade civil, ministros e autoridades do governo, professores especialistas, ambientalistas, economistas, banqueiros e representantes do agronegócio no Brasil. (Veja abaixo a lista das pessoas que estarão na audiência pública).

O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima está parado. Em maio de 2019, o governo federal descumpriu o prazo e travou 82% do orçamento para enfrentar a mudança climática. Criado em 2009, o fundo apoia projetos para reduzir a emissão de gases que causam efeito estufa e para adaptação do país para os efeitos do aquecimento do planeta, como a falta de água em regiões do semiárido.

Além disso, o fundo faz parte da Política Nacional sobre Mudança do Clima, assim como do compromisso brasileiro firmado no Acordo de Paris. No início do mandato, Ricardo Salles dissolveu a Secretaria de Mudanças Climáticas, órgão governamental responsável pelo Fundo Clima, e demitiu duas autoridades de alto escalão que atuavam no combate ao aquecimento global. Em abril do ano passado, um decreto de Bolsonaro extinguiu seu comitê gestor.

Na semana passada, o Jornal Nacional noticiou um levantamento feito pelo Observatório do Clima, organização não-governamental que reúne 50 entidades da sociedade civil em prol das medidas contra o aquecimento global e, consequentemente, defende a proteção do meio ambiente.

A pesquisa mostra que 1% da verba para preservação do meio ambiente foi aplicada. Com base em dados públicos do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento, os pesquisadores concluíram que, nos primeiros oito meses deste ano, o ministério tinha em caixa mais de R$ 26,5 milhões livres para investir, mas usou pouco mais de R$ 105 mil, 0,4% do que estava disponível.

No ano passado, a situação foi similar, de acordo com a ONG: havia a autorização para aplicação de cerca de R$ 8 milhões não reembolsáveis no fomento a estudos, projetos e empreendimentos, somando os dois grupos de despesas. No fechamento do ano, foram usados R$ 718 mil.

A ação

Os quatro partidos entraram com uma ação de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental, que, como diz o nome, destina-se a proteger os preceitos fundamentais.

O documento foi baseado em documentos que foram compilados pelo Observatório do Clima, que apontam que o Fundo do Clima está congelado desde o início do governo de Jair Bolsonaro.

"A audiência no STF é histórica porque marca a primeira vez que as mudanças do clima chegam à pauta da Suprema Corte. Espera-se que o Supremo incorpore esse tema fundamental em suas decisões de agora em diante, em especial no contexto de pós-pandemia. A janela está se fechando para o mundo agir contra a crise do clima e o Brasil está andando na direção contrária", disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Uma outra ação similar, recebida pela ministra Rosa Weber, também aponta que o Fundo Amazônia está prejudicado - criado em 2008, ele tem como objetivo apoiar medidas contra o desmatamento da floresta nativa do bioma. Nenhum novo projeto foi aprovado e os principais financiadores, Alemanha e Noruega, romperam a parceria com o governo brasileiro.

Pré-discurso

Bolsonaro discursará na terça na Assembleia Geral das Nações Unidas. Pela primeira vez na história, devido à Covid-19, a reunião será transmitida on-line sem encontro pessoal dos líderes.

No ano passado, em sua primeira participação na Assembleia, Jair Bolsonaro falou que Amazônia permanece "praticamente intocada" e que "um ou outro país" se portou "de forma colonialista" devido às queimadas na Amazônia e questionou a soberania do Brasil.

Pessoas que serão ouvidas no STF a partir de segunda-feira (21):

Segunda-feira (21), das 9h às 13h - Autoridades e órgãos públicos

Davi Alcolumbre (Presidente do Senado);

Rodrigo Maia (Presidente da Câmara dos Deputados);

Augusto Heleno (Ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República);

Marcos Pontes (Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações);

André Mendonca (Ministro da Justiça e Segurança Pública);

Bento Albuquerque (Ministro de Estado de Minas e Energia);

Ricardo Salles (Ministro de Estado do Meio Ambiente);

Tereza Cristina (Ministra de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento);

Nabil Moura Kadri (Chefe do Departamento de Meio Ambiente e Gestão do Fundo Amazônia no BNDES), e Raphael Duarte Stein (Gerente do Departamento de Meio Ambiente e Gestão do Fundo Amazônia no BNDES);

Eduardo Fortunato Bim (Presidente do Ibama);

Marcos de Castro Simnovic (Diretor de Criação e Manejo de Unidades de Conservacão do ICMBio);

Juan Felipe Negret Scalia (Coordenador-geral de promoção ao etnodesenvolvimento/Funai), Azelene Inacio (Coordenadora regional do Interior Sul/Funai); Jocélio Leite Paulino (Chefe de coordenação técnica local em Delmiro Gouveia/Funai); Dr. Arnaldo Zunizakae (Agricultor);

José Mauro de Lima O' de Almeida (Secretário do Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará);

Tatiana Schor (Secretária de Ciência e Tecnologia do Amazonas);

Rubens Antonio Barbosa (Presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de São Paulo);

Alessandro Molon (Deputado federal- PSB).

Segunda-feira (21), das 14h30 às 18h15 - Organizações sociais e institutos de pesquisa

Inger Andersen (Diretora executiva do Pnuma);

Fabiana Alves (Coordenadora de clima e justiça do Greenpeace Brasil);

Sônia Guajajara (Coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil - APIB);

Renato Morgado (Transparência Internacional Brasil);

Maria Laura Canineu (Diretora da Human Rights Watch Brasil);

Maurício Voivodic (Diretor executivo do WWF Brasil);

Karen Oliveira (Gerente de relações institucionais da TNC Brasil);

Conectas Direitos Humanos;

Instituto Democracia e Sustentabilidade;

Marina Motta Benevides Gadelha (Conselheira federal e presidente da Comissão Nacional de Direito Ambiental do CFOAB);

Carlos Nobre (Iniciativa "Terceira Via Amazônica"/Projeto Amazônia 4.0);

Paulo Moutinho (cientista sênior e cofundador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - Ipam);

Brenda Brito (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia - Imazon);

Mauricio Guetta (Consultor Jurídico do Instituto Socioambiental - ISA);

Mariano Cenamo (Diretor de Novos Negócios do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável - Idesam.

Terça-feira (22) - das 9h às 12h30 - Academia

Armínio Fraga (Ex-presidente do Banco Central);

Ricardo Abramovay (Professor do Departamento de Economia da FEA/USP);

Beto Veríssimo (Pesquisador sênior do Imazon);

Ingo Wolfgang Sarlet (Professor titular da PUC-RS) e Tiago Fensterfeiner (Defensor Público);

Ricardo Galvão (Ex-diretor do Inpe);

Izabella Teixeira (Ex-ministra do Meio Ambiente, 2010-2016);

Witkowski Frangetto (Gerente de Projetos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - Pnuma);

Pedro de Camargo Neto (Master of Science pelo Massachusetts Institute of Technology);

Sergio Margulis (Ex-secretário de Desenvolvimento Sustentável da Presidência da República, 2013-2015);

David Boyd (Relator Especial das Nações Unidas sobre Direitos Humanos/2018 e Professor na Universidade British Columbia);

Thelma Krug (Pesquisadora aposentada do Inpe e vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima - IPCC);

Tasso Azevedo (Coordenador-técnico do Observatório do Clima);

Bráulio Ferreira de Souza Dias (Professor da UnB e ex-secretário-executivo da Convenção Sobre Diversidade Biológica da ONU);

Joana Setzer (Professora da London School of Economics).

Terça-feira (22) - das 14h30 às 18h - Atividades empresariais

Luciana Villa Nova Silva (Gerente de Sustentabilidade da Natura Brasil);

Hugo Barreto (Diretor de Sustentabilidade e Investimento Social da Vale);

Pablo Machado (Diretor Executivo de Relações e Gestão Legal da Suzano);

Candido Bracher (Presidente do Itaú Unibanco);

Marina Grossi (Presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável);

Alexandre Mendonça de Barros (Associação Brasileira do Agronegócio);

Rodrigo Justus de Brito (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil);

Deputados federais Arnaldo Jardim; Zé Vitor, Sergio Souza (Frente Parlamentar da Agropecuária);

José Altino Machado (Associação dos Mineradores do Tapajós);

Roberto Rodrigues (Organização das Cooperativas Brasileiras e coordenador do Centro de Agronegócio da FGV/EESP);

Ricardo Manoel Arioli Silva (Associação Brasileira dos Produtores de Soja);

Frank Rogiere de Souza Almeida (Fórum Nacional das Atividades de Base Florestal);

Deputado federal Rodrigo Agostinho (Frente Parlamentar Ambientalista);

Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica.

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