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Seca do Rio Solimões revela ruínas históricas da coroa portuguesa

Com o baixo nível das águas do rio, as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga voltaram a aparecer


				
					Seca do Rio Solimões revela ruínas históricas da coroa portuguesa
Ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga são reveladas com a seca do Rio Solimões. Roney Elias, Rede Amazônica

A seca severa que atinge a região do Alto Solimões este ano revelou um tesouro arqueológico do Amazonas: as ruínas do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga. Localizado na margem esquerda do rio, abaixo do terminal hidroviário da cidade, o forte, construído no século XVIII, foi uma peça-chave para o domínio de Portugal sobre a região, em um período marcado pela disputa territorial com a Espanha.

O forte, que desempenhou um papel estratégico na defesa contra as expedições espanholas, estava escondido no fundo do rio, mas agora, com o baixo nível das águas, as ruínas voltaram a aparecer. Nesta sexta-feira (30), o rio atingiu a menor cota registrada na história, com -0,94 metro, em Tabatinga, sendo a maior seca dos últimos 40 anos.

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Apaixonado pela região do Alto Solimões, o historiador Luiz Ataíde, tem se dedicado por 20 anos a estudar o local, buscando vestígios daquela época. Entre os achados, estão peças de louça e munições usadas pelos militares quando o forte ainda funcionava.

"Quando o forte incialmente foi fundado no dia 15 de julho de 1766 pelo Sargento-mor Domingos Franco, acompanhados de novos soldados, era apenas de taipa, coberto de palha, posteriormente foi feito de alvenaria entre 1872 e 1874", lembrou Ataíde.

A luta pela conquista da área de fronteira entre o Brasil, Colômbia e o Peru é marcado por dois momentos histórico, sendo eles: o Tratado de Madri, em 1750, que garantiu a soberania da região ao governo português; e o Tratado de Santo Idelfonso, em 1777, onde a coroa espanhola pede de volta à Portugal a área territorial onde hoje se encontra a região do Alto Solimões.

Para honrar a coragem dos militares, o Exército Brasileiro construiu um memorial que reproduz parte da estrutura do forte. O espaço, que inclui canhões e outras peças da época, pode ser visitado no Museu do Comando de Fronteira Solimões, dentro do Parque Zoobotânico de Tabatinga.

"A ação desses militares apoiados pela população foi de fundamental importância para que esse território se mantivesse nas mãos da coroa portuguesa, o que posteriormente seria Brasil", explicou o curador do memorial, sargento Bruno.

Apesar de ter sido inundado pelas águas do Solimões em 1932, o Forte São Francisco Xavier continua sendo um símbolo de resistência. Atualmente, está inscrito no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Seca no Solimões

No Amazonas, o percurso do Rio Solimões é dividido em três trechos, chamadas "calha", e banha 24 cidades do estado. O Alto Solimões, onde se atingiu a menor cota já registrada, é a "porta de entrada" do rio no Brasil. Ele segue descendo rumo as proximidades de Manaus, passando pelas calhas do Médio e Baixo Solimões.

A estiagem severa já impacta todo o estado do Amazonas e fez com que o governo estadual decretasse, na quarta (28), situação de emergência para todos os 62 municípios amazonenses. Para 2024, o governo estadual prevê uma seca severa que pode ser tão grave quanto, ou até pior do que, a enfrentada no ano passado.

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