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Incêndio do Hospital Badim: 8 pessoas são indiciadas por homicídio doloso

Incêndio ocorreu em setembro de 2019. Segundo a investigação, obras estavam irregulares

A Polícia Civil indiciou oito pessoas pelo incêndio do hospital Badim, na Tijuca, Zona Norte do Rio, em setembro de 2019. Elas vão responder por homicídio doloso qualificado e pelo crime de incêndio. A investigação apontou obras irregulares, sistema de prevenção de incêndio com defeito e um plano de evacuação que não funcionou.

Foram indiciados:

  • Marcelo Vieira Dibo e Virginia de Figueiredo Marques - diretores do Hospital Badim.
  • Norbert Bieberle - responsável pela engenharia civil da unidade
  • Alberto Drumond Roca - engenheiro de segurança do trabalho
  • Lucia de Cassía dos Reis Batista - engenheira coordenadora do setor de manutenção do hospital
  • Marcia Regina Pereira da Rocha - chefe do setor de arquitetura do Badim
  • Jorge Luiz Buneder e João Luiz Buneder, diretores da empresa Stemac - responsável pela construção e manutenção do gerador

Cada indiciado vai responder 15 vezes por homicídio doloso qualificado - um crime hediondo, mais duas vezes por homicídio, além do crime de incêndio.

Segundo a Polícia Civil, o incêndio causou a morte de 17 pessoas. O hospital fala em 13 mortes em decorrência do incêndio e mais 9 que estavam internados no dia e que morreram por causas não-relacionadas ao evento.

A perícia realizada após o incêndio mostra que o fogo começou no gerador da unidade e que os tanques de armazenamento estavam instalados em desacordo com as normas vigentes.

Nenhuma das vítimas morreu por queimaduras. A maioria morreu por inalação de fumaça e por complicações pelo desligamento de aparelhos devido à falta de energia no prédio.

Segundo peritos, o incêndio do hospital particular começou por volta das 18h30, com um curto-circuito no gerador de energia, no subsolo do prédio 1. A fumaça rapidamente se expandiu para outros andares, inclusive o do CTI. No dia do incêndio, 103 pessoas estavam internadas na unidade.

Segundo a polícia, esse gerador foi instalado num lugar sem proteção. Ele deveria estar dentro de um compartimento que pudesse resistir ao fogo.

O subsolo tinha sido projetado pra ser uma garagem. Nos fundos havia prismas de ventilação - que funcionavam como uma espécie de chaminé - permitindo que os gases tóxicos e poluentes emitidos pelos veículos seguissem até uma área aberta.

Mas, segundo a investigação, foram realizadas obras irregulares no local, que atenderam critérios de conforto, mas não levaram em consideração a segurança, na mesma proporção.

Um outro estacionamento - localizado três pavimentos acima - passou a ser o novo Centro de Tratamento Intensivo.

De acordo com o inquérito, o CTI foi adaptado de forma errônea em relação ao que determina as normas técnicas de engenharia e arquitetura.

As saídas do gases poluentes foram bloqueadas, mas fechadas com uma estrutra de drywall - uma espécie de gesso acartonado- não resistente ao fogo.

O inquérito diz ainda que as paredes de drywall foram erguidas até um forro e não de laje a laje - o que teria permitido a ascensão da fumaça tóxica durante o incêndio.

A maioria dos pacientes que morreram estava neste CTI.

Sem regularização

A construção não tinha sido regularizada no Corpo de Bombeiros. O hospital deveria ter adequado todos os projetos para ter as licenças de funcionamento necessárias à sua operação.

Os investigadores concluíram também que a tragédia poderia ter sido menor se as medidas protetivas e preventivas contra incêndios tivessem funcionado: alarmes não soaram. Os sprinklers - pequenos chuveiros automáticos instalados no teto - não soltaram água.

E, segundo a polícia, houve algo ainda mais grave: o plano de evacuação do Hospital Badim não funcionou.

Somente funcionários dos pavimentos próximos ao subsolo tomavam conhecimento prévio do incêndio. Enquanto pacientes e funcionários dos andares superiores nada sabiam, o tempo transcorria e em consequência a fumaça se espalhava pelas passagens dos dutos.

O Hospital Badim informou que lamenta as perdas no incêndio e que vem se empenhando pra minimizar o impacto causado às famílias, já tendo firmado 13 acordos.

O hospital disse também que confia em uma melhor análise do Ministério Público e prestará todos os esclarecimentos após ter acesso ao inquérito.

A empresa Stemac informou que não vai comentar o caso porque também não teve acesso ao inquérito.

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