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Jovem que cantou para exu em trem lotado se pronuncia

Sobre a escolha do ponto, ele disse ao extra que optou por não medir palavras e acredita que Exu pode ensinar as pessoas ‘a lidarem consigo mesmas’

Umbandista há dois anos, o estudante de Tecnologia da Informação Maycon Henrique, de 21 anos, conta que decidiu cantar um ponto — como também são chamadas as cantigas da religião de matriz africana — após quatro semanas ouvindo pregações nos trens da Supervia. No dia em que o vídeo foi gravado, ele estava sem fones de ouvido e diz ter percebido que muitos passageiros também estavam incomodados.

O vídeo de Maycon cantando para o “Povo de Rua” — a falange de Exus e Pombagiras cultuados pelas religiões de matriz africana — viralizou. A gravação mostra o jovem interrompendo uma pregação evangélica com um ponto no interior da composição da SuperVia, que seguia em direção a Baixada Fluminense.

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Nas imagens, é possível ver o vagão cheio e o religioso próximo do rapaz, que inicia a cantoria no mesmo tom de voz que o evangélico. O homem faz uma pausa, mas em seguida continua com o discurso em meio aos passageiros.

Antes de gravar o vídeo, ele chegou a indagar os religiosos sobre o incômodo causado. Ouviu, então, que eles estavam “pregando a palavra do Senhor”, e que “ninguém conseguiria calá-los”.

— Sou uma pessoa muito de boa, e nunca faço questão de arrumar problema. Nesse dia, estava bem nervoso e resolvi gravar um video fazendo o mesmo que eles, como forma de protesto mesmo. Já que eles podem cantar, por que eu não poderia? Nunca vejo pessoas da minha religião cantando ou falando o que acredita por aí — diz o jovem.

Ao GLOBO, o estudante de TI contou ter pensado muitas vezes antes de iniciar a filmagem, feita no fim de fevereiro. No entanto, recomenda que outros religiosos de matriz africana optem por preservar a segurança e a integridade física. O conselho de Maycon é acionar os agentes de segurança da concessionária.

— A todos que se sentirem importunados com essa situação: não reajam da forma que reagi. A gente nunca sabe quem é a outra pessoa que está ali. Infelizmente, isso nunca vai acabar. Se for possível, chamem os seguranças e expliquem a situação. Mudem de vagão, usem fones de ouvido e coloquem um ponto tão alto que vocês nem consigam perceber que estão pregando ali — orienta Maycon, que também pediu uma forcinha espiritual para lidar com o estresse: — Os sentimentos ruins a gente pede para as entidades levarem embora.

‘Não medem palavras’

Sobre a escolha do ponto, Maycon diz que optou por não medir palavras. O jovem acredita que teve a mesma postura que os evangélicos assumem em suas pregações. Ele escolheu uma cantiga que fala as palavras “diabo” e “satanás”.

— Foi mais por conta das palavras. Na hora que um evangélico está pregando, não mede nenhuma palavra para falar sobre a religião deles. Eles podem falar diabo, podem falar satanás, podem falar qualquer palavra quando querem e onde querem — explica.

A iniciativa do garoto dividiu opiniões nas redes sociais. “Até quando teremos que aguentar pregações de religião dentro dos vagões? Todos sabem que não podem, mas não tem fiscalização”, pontuou uma internauta.

Em resposta, a SuperVia afirmou que apoia a diversidade, porém ressalta que a “manifestação religiosa nos trens e estações é proibida”.

“É importante lembrar que a fiscalização é de responsabilidade das autoridades públicas. Contamos com a colaboração de todos”, conclui a concessionária em mensagem enviada a uma usuária através do Twitter.

“Acho que ele ter feito pra afrontar o pastor é desrespeito. Se não tivesse ninguém professando sua fé e ele pregasse algo da religião dele, tudo bem, mas não foi o caso. Aí ele fez realmente pra afrontar, não pra exaltar a fé dele”, escreveu outra internauta.

“O respeito tem que partir dos dois lados, lugar de religião é na igreja!”, comentou outro.

Confira abaixo a íntegra da nota da SuperVia

"A realização de cultos religiosos é proibida dentro dos trens da SuperVia por determinação do Tribunal de Justiça, em uma ação movida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

A concessionária orienta os seus clientes a não fazerem qualquer tipo de manifestação nos trens, independentemente da religião. Avisos informativos são colocados nas composições e, em caso de descumprimento, os agentes de segurança da SuperVia são autorizados a fazer uma advertência. A Polícia Militar pode ser acionada se a ação dos agentes não surtir efeito.

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