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Funcionários relatam que Bruno Krupp foi agressivo em hospital

Informações constam no inquérito que serviu para indiciar médico do influenciador por fraude processual

O inquérito que embasou o indiciamento do médico Bruno Nogueira Teixeira por fraude processual ao atender o modelo Bruno Krupp no Hospital Marcos Moraes traz trechos peculiares sobre a passagem do influenciador digital na unidade.

Profissionais do Marcos Moraes foram ouvidos pelo delegado Aloysio Falcão, da 16ª DP, para apurar o real estado de saúde de Krupp e se o mesmo necessitava de cuidados de uma UTI - como solicitou Nogueira Teixeira.

A conclusão foi de que Krupp sempre estave bem, apenas com algumas lesões oriundas do acidente que terminou com a morte de um adolescente de 16 anos, era rude, grosseiro e agressivo com os profissionais de saúde que o atendiam. Confira alguns trechos.

Enfermeiro que atendeu Krupp

"...paciente apresentava estado geral bom, mas com muitas escoriações devido ao acidente automobilístico. Que o paciente estava acamado, não saia do leito, mas não apresentava sinais que justificassem sua transferência para outro setor. Que em relação ao balanço hírico do paciente o declarante pode afirmar que estava normal, mas o controle rigoroso ficou prejudicado, visto que o paciente estava acompanhado de um amigo que, apesar de orientado, por vezes, não anotava a diurese do paciente.

Que Bruno Krupp, em todo momento, se mostrou rude e arrogante, dando ordens para os profissionais e exigindo exclusividade no tratamento. Que em todo momento Bruno foi atendido por dois profissionais, que se auxiliavam e se resguardavam, caso Bruno fizesse algum tipo de reclamação, visto que o comportamento do paciente era de muita agressividade."

Krupp pediu técnica para 'balançar'

"Que no dia 04/08/2022, por volta de 9h, o paciente apresentava bom estado geral e permanecia na enfermaria do hospital, sendo administrado remédios para dor, curativos e soro, quando em determinado momento a técnica foi até o posto de enfermagem e comunicou que, ao orientar o paciente que o mesmo deveria anotar sua diurese, recebeu a seguinte resposta " que somente conseguia urinar, balançando".

...Que o paciente estava urinando em "patinho" (instrumento para acamados urinarem) todos os outros dias, mas no dia em referência, disse que não conseguia, pois estava de mãos atadas. Que o paciente já veio transferido com as mãos enfaixadas, logo não ocorreu fato novo que justificasse a necessidade de "balanço". Que no dia 04/08/2022 o declarante estava de plantão e registrou diurese de 800 ml em 12 hs, o que é parâmetro normal, sem indicação de complicação."

Krupp parecia bem para médica

"Que a declarante foi chamada para avaliar Bruno Krupp, que ainda estava internado na enfermaria. Que recebeu uma ligação em seguida, dizendo que o paciente teria sido transferido para o CTI e que a declarante deveria avaliá-lo na unidade intensiva. Que no início da tarde a declarante foi até o leito e se apresentou conversando com o paciente que se encontrava acompanhado de dois policiais. Que o paciente estava acordado, lúcido, cooperativo, respirando em ar ambiente, pressão arterial estável, sem uso de aminas.

Que o paciente não apresentava sinais de desidratação, com diurese espontânea, sem cateter vesical de demora, estável hemodinamicamente, sem sinais de congestão pulmonar, somente apresentando escoriações e edemas associados ao trauma. Que o paciente não apresentava sinais de retenção urinária (sem bexigoma). Que a declarante ao analisar o débito urinário das últimas 24 hs e do dia 05/08/2022, até o momento que estava no hospital, o paciente apresentava débito urinário satisfatório.

A análise dos exames laboratoriais demonstrava as escorias introgenadas estáveis desde a admissão no hospital ( creatinina 0,9 e uréia 16) CPK em queda progressiva ( o valor mais alto apresentado pelo paciente foi em torno de 2250 e no dia da avaliação estava em 1460), sem acidose metabólica, nem distúrbios eletrolíticos. Que a declarante concluiu se tratar de um caso de rabdomiólise leve com baixa probabilidade de evolução para insuficiência renal aguda, sem indicação de hemodiálise. Que a declarante foi apresentada para o médico assistente (Bruno Teixeira) e relatou o caso para o mesmo e deu sua avaliação, sugerindo a suspensão de hidratação venosa, furosemida e bicarbonato, medicação prescrita pelo médico assistente. Que o médico Bruno não questionou o parecer da declarante. Que ao final do parecer a declarante optou pela alta pela nefrologia, sem necessidade de acompanhamento nefrológico, por se tratar de paciente jovem, sem comorbidades maiores, com rabdomiólise leve com boa evolução clínica e laboratorial. Que no momento do exame feito pela declarante o paciente NÃO APRESENTAVA INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA, mesmo internado na UTI. Que a função renal do paciente era normal, tendo o paciente recebido alta do CTI no dia 06/08/2022, segundo relatos."

Médico de Krupp foi indiciado

O delegado Aloysio Falcão, da 16ª DP, que investiga o caso atropelamento seguido de morte promovido pelo modelo Bruno Krupp, indiciou na quarta-feira (17) o médico Bruno Nogueira Teixeira por fraude processual no episódio em que ele transferiu o modelo para uma UTI.

Em depoimento na delegacia, o médico disse que tomou a decisão porque o quadro clínico do paciente 'estava se encaminhando para uma insuficiência renal' sendo necessário o encaminhamento para uma UTI e postergando a transferência de Krupp para uma unidade prisional.

"indicio Bruno Nogueira Teixeira pela prática do crime de Fraude processual em processo criminal, que se restaram apurados indícios suficientes de autoria e materialidade delitiva, diante da análise das evoluções médicas, depoimentos da equipe médica do Hospital Marcos Moraes, juntada de artigos médico-científicos e contradições no depoimento do indiciado', escreveu o delegado em sua decisão encaminhada o Ministério Público.

O delegado se baseou no depoimento da equipe médica do Hospital Marcos Moraes, em que todos foram unânimes em dizer que o quadro clínico de Krupp sempre foi satisfatório para estar em enfermaria, sem alteração nos exames, e que aferição do volume urinário eliminado por dia foi prejudicado por um amigo de Krupp, que o acompanhava, e que nunca anotava a diurese do paciente, mesmo após orientação da equipe.

Médico negou qualquer fraude

No dia 9 de agosto, o médico Bruno Nogueira Teixeira prestou depoimeno na 16ª DP, no inquérito em que é investigado por possíve fraude processual. Ele foi contratado pela família do modelo e influenciador digital Bruno Krupp para cuidar dele após o acidente de trânsito que terminou com um adolescente de 16 anos morto.

"Fui chamado para poder avaliar um paciente vítima de um politrauma severo e esse paciente evoluiu, como acontece em muitos casos desse tipo, para injuria renal aguda, que é uma lesão renal decorrente das rupturas das fibras musculares", comentou.

"O quadro estava se encaminhando para uma insuficiência renal aguda e por isso o paciente, pelo potencial de gravidade que envolvia o quadro de saúde dele, eu recomendei uma internação no UTI", explicou o médico.

Bruno Teixeira ainda afirmou que não conhecia a família de Bruno Krupp antes do acidente que terminou com a morte do adolescente João Gabriel.

"Fui envolvido profissionalmente no caso, não tenho nenhuma relação com a família da vítima. É um caso de comoção nacional e é por isso que estou sendo ouvido. Antes de mais nada, eu queria prestar minhas condolências à família do João Gabriel", comentou.

Apesar do médico afirmar que Krupp precisava de atendimento em uma UTI por possível problema nos rins, os laudos do Hospital Marcos Moraes, onde o modelo estava internado, liberavam o paciente para cumprir prisão preventiva em uma unidade prisional.

O caso

Bruno Krupp, de 25 anos, se envolveu em um acidente de trânsito no qual atropelou e matou um adolescente.

Caso fique comprovado que o médico atuou para enganar a Justiça no caso Bruno Nogueira pode ser enquadrado no artigo 347 do Código Penal, que fala em induzir juiz ou perito a erro, e que tem pena de detenção, de três meses a dois anos, e multa.