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Escutas telefônicas comprovam contaminação de água mineral no RS

Três pessoas foram presas; bebida estava com 'impurezas', segundo áudios

Depois do leite e do queijo, uma nova fraude foi descoberta no Rio Grande do Sul. Uma operação deflagrada na quinta-feira (23) pelo Ministério Público descobriu que água mineral foi contaminada. Três pessoas foram presas no Vale do Taquari.

Escutas telefônicas obtidas durante a investigação comprovam contaminação na bebida (leia a transcrição do diálogo abaixo). A empresa mineração Campo Branco, que fica na cidade de Progresso, foi interditada. Ela é responsável pela industrialização da água de quatro marcas.

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Entre elas, a "Do Campo", que teve quatro lotes considerados impróprios para o consumo.

Exames comprovaram que a água estava contaminada. A sujeira aparece boiando até dentro das embalagens. Segundo o Ministério Público, a fonte de onde a água era captada ficava perto de um criadouro de porcos e galinhas. "Água com problemas, com coliformes fecias, mofo, limo", lista o promotor Mauro Rockenbach, responsável pela investigação.

Dois sócios e um químico industrial da empresa foram presos e outras cinco pessoas foram afastadas. De acordo com a investigação, eles sabiam que a água estava contaminada. Numa conversa interceptada, com autorização da justiça, o químico e um dos sócios falam sobre a qualidade da água.

- Que que aconteceu com a água aí?

- Não, a água, eu acho que é toda ela, todo lote tá com, sei lá, um resíduo dentro, tu movimenta ela vai umas impurezas pra cima e pra baixo, vai movimentando dentro dela e o pessoal está me devolvendo as águas.

O coordenador da 16ª Coordenadoria Regional de Saúde do Rio Grande do Sul, Vitor Hugo Gerardt, foi afastado do cargo por determinação da Justiça, devido à suspeita de envolvimento no esquema. Segundo nota divulgada pelo governo gaúcho, foi aberta uma sindicância para investigar a conduta do servidor.

"A sindicância terá o objetivo de apurar eventual responsabilidade e participação do servidor nas fraudes", diz o texto divulgado pelo Piratini.

Operação Gota D?Água

Durante a ação denominada Operação Gota D?Água, realizada em Progresso  e Lajeado, no Vale do Taquari, e em Porto Alegre, três pessoas ligadas a uma mineradora foram presas, e foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede da empresa. Em entrevista coletiva após a ação, o promotor Mauro Rockenbach afirmou que a conduta do funcionário público foi importante para que a fraude ocorresse. Ele responderá por prevaricação.

"Ele estava acobertando a atividade ilícita da mineradora, por ligações políticas. Ele foi indicado pelos sócios da fonte para que ocupasse o cargo de coordenador", disse Rockenbach.

Procurado pela RBS TV, Gerhardt disse que precisa de mais informações para falar sobre o assunto. "Irei falar assim que tiver um parecer mais detalhado do que ocorreu", afirmou.

De acordo com Rockenbach, a empresa Mineração Campo Branco não tinha a licença necessária para atuar no ramo desde 2013.

"Em consequência do trabalho realizado hoje, a Vigilância autuou a Campo Branco por ter um responsável técnico sem capacitação específica para assinar a produção e também por comercializar produto impróprio. A Fepam interditou por duas razões: a falta de licenciamento de operação, ou seja, essa ação não poderia estar ocorrendo desde 2013,  também porque havia um poço clandestino e um curso de água que é uma fonte de contaminação", disse o promotor.

Segundo o MP, a empresa atendia as marcas Do Campo, Carrefour, Biri Biri e Roda D'Água, que usavam a água da mesma fonte. O produto chegou a ser distribuído pela companhia aérea Azul, que, no entanto, havia suspendido o contrato em abril deste ano devido a uma insatisfação com o produto.

Entre os presos, dois são sócios da empresa e o terceiro é um químico industrial. Eles são suspeitos de planejar a venda do produto com índices acima do permitido da bactéria Pseudomonas aeruginosa, coliformes totais, limo e mofo, além de partículas de sujeira. A estimativa é que 932 milhões de litros do produto tenham sido comercializados desde janeiro de 2016.

O órgão aponta que os responsáveis pelas empresas continuaram com a produção e comercialização da água mesmo tendo conhecimento da contaminação, diz a investigação. A prova seriam lotes já envasados nos quais foi encontrada a bactéria. O organismo é  responsável por diferentes tipos de infecções: urinárias, do sistema respiratório, da pele, oftalmológicas, entre outras, e é mais encontrado em ambientes hospitalares.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estabelece que a água engarrafada para consumo humano deve ser totalmente livre de coliformes e Pseudomonas aeruginosa, devido à vulnerabilidade de crianças e idosos a esses microrganismos.

Uma indústria e um distribuidor de água mineral já vinham sendo investigados pela Receita Estadual por suspeita de sonegação de impostos.

O advogado Flavio Ferri, sócio da Mineração Campo Branco e irmão de um dos presos, preferiu não se manifestar sobre o assunto.

Distribuidor da marca Do Campo, Ênio Crestani afirmou que um lote da água foi retirado do mercado. O empresário acredita que há um "mal-entendido", e que desconfia de "sabotagem". "É impossível ter água contaminada aqui. Ficamos em um lugar alto, no meio do mato, não tem risco de contaminação. A universidade aqui faz análises. Isso vai ser esclarecido", acrescentou.

Por meio de nota, a Carrefour diz ter suspendido a Mineração Campo Branco do seu quadro de fornecedores, e que está retirando o produto das gôndolas dos supermercados de sua rede. "Os fornecedores da sua marca própria são auditados periodicamente, a fim de cumprir uma série de requisitos rigorosos de qualidade. Qualquer desconformidade culmina com o desligamento da empresa do seu quadro de fornecedores, medida já adotada neste caso", acrescenta o texto.

A Azul destacou que desde o início de abril a empresa "não faz mais parte de sua lista de fornecedores". Os responsáveis pelas marcas Biri Biri e Roda D'Água não foram localizados pela reportagem.

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