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Temos todo o tempo do mundo?

Ele passa rápido, não volta, nem perdoa e pedimos sempre mais porque achamos que temos pouco. Ele é o tempo, o senhor dos destinos e um dos deuses mais lindos, cantarola Caetano Veloso. E ele é relativo, para termos a certeza, basta perguntar ao nadador que treina anos para baixar milésimos de segundos a sua marca e a uma mãe que espera ansiosa os nove meses pela chegada do seu primeiro filho.

A relatividade do tempo é mesmo instigante, passa rápido demais para os apaixonados quando estão juntos e segue a lentos passos quando separados, quase na mesma proporção do amor. Inclusive a canção “Porque não paras relógio”, eternizada por Altemar Dutra, foi escrita pelo compositor (o mexicano Roberto Cantoral) quando recebeu a notícia, que a sua esposa, acometida de uma grave doença, não amanheceria o dia com vida. Desesperado, ao andar nos corredores do hospital, viu um relógio e compôs a canção, suplicando para ele parar.

Os adolescentes dos anos 80 cantavam ao som da banda Legião Urbana, que tinham todo tempo do mundo e, assim, a certeza se repete (desde sempre) na mentalidade de quase todos os jovens que ainda não sentiram as vivências com o passar do tempo. Se perguntarmos a um idoso (embora esse tenha tido a mesma percepção quando jovem), sobre o tempo, o seu entendimento tanto subjetivo quanto cronológico, estarão moldados pelas experiências vividas. E quase em uma resposta aos jovens, é muito comum ouvirmos dos idosos: Já não tenho mais todo o tempo do mundo...

Atualmente as pessoas trabalham e funcionam em um ritmo frenético e acelerado, sempre repetindo para si mesmas que não tem tempo e assim, obviamente, nunca terão. E não estamos falando de diminuir o ritmo, mas de organizar prioridades. Da mesma forma que não adianta estar presente sem estar fazendo-se presente, quando, por exemplo, falamos de relacionamento, filhos, família, pois tempo é qualidade e não, quantidade. Mas a queixa pelo tempo, como se ele fosse o antídoto a tudo, é frequente na maioria das pessoas e, seguramente, mesmo com tempo, fariam da mesma forma...

Segundo Alexis de Tocqueville, as inquietações, os medos e a culpa dos tempos modernos, fazem com que as pessoas nunca vivam o presente. Tempos modernos? Esse texto foi escrito por ele em 1940! A modernidade já começava a interferir na relatividade do tempo, inclusive na atualidade, alguns futuristas atentam para o fato de que em meio ao mundo digital, até o nosso ciclo circadiano foi alterado na questão do dia e da noite, trazendo ansiedade e alterando a percepção do tempo.

O publicitário Nizan Guanaes, em um dos seus filmes, nos traz – Se o tempo fosse nos dizer algo, certamente nos diria: pensem menos em mim, e mais em vocês, pois é perdendo tempo com o que se ama, que se ganha à vida. Afinal, o segredo do tempo não está nas horas que passam, mas nos momentos que ficam.

Como diziam nossos pais e repetimos aos nossos filhos: tudo no seu tempo. Mas cá entre nós, com a vida, aprendemos que o tempo é hoje, o tempo é o agora. Depois o hoje será passado e o futuro ainda acontecerá e a nossa felicidade não merece esperar tanto tempo...