A vasectomia, uma das cirurgias urológicas mais realizadas em todo mundo, tem como objetivo alcançar a esterilização do homem. Ou seja, após a confirmação do sucesso do procedimento com o espermograma, o casal não necessita utilizar nenhum método anticoncepcional adicional. Com certa frequência, o homem se “arrepende” da cirurgia e deseja ter filhos de forma natural novamente. Isso em geral acontece em decorrência do início de um novo relacionamento. Desta forma, muitos homens procuram o urologista para avaliar a possibilidade de reverter a vasectomia.
A reversão da vasectomia é um procedimento cirúrgico realizado para reconectar os ductos que foram cortados pela vasectomia. A chance de sucesso varia de 60-90% de acordo com alguns fatores descritos abaixo. Esse procedimento, muito diferente da vasectomia, é muito complexo e requer a utilização de fios cirúrgicos mais finos que um fio de cabelo e de microscópios potentes, com aumento de 10-25x para realização da reconexão.
Então, uma vez que o paciente procure a avaliação do urologista, como definir qual paciente é um bom candidato para a reversão da vasectomia?
Os principais fatores levados em consideração são:
- A idade da parceira: estudos americanos apontam que casais onde a mulher tem idade superior a 38 anos, realizar a reversão da vasectomia pode atrasar os planos de gravidez do casal e reduzir as chances de sucesso. Isso se deve ao relógio biológico da mulher, onde a reserva de óvulos (célula reprodutora feminina) e a fertilidade reduzem bastante nesta faixa etária.
- Perfil hormonal e histórico de uso de anabolizantes: pacientes com exames de sangue que apresentem sinais de falência testicular devem ser mais bem investigados e aconselhados.
- Histórico da fertilidade prévio à vasectomia: pacientes que tenham filhos previamente à vasectomia são provadamente férteis. Para os pacientes sem histórico de paternidade, pode ser necessário realizar uma biópsia testicular prévia à cirurgia de reversão.
- Tempo da vasectomia: o tempo da vasectomia pode influir no tipo de cirurgia realizada. Basicamente existem dois tipos de conexão que podem ser feitas. Pacientes com menor tempo de vasectomia tem maior chance de realizar a conexão do tubo proximal com o tubo distal (vasovasostomia). Esse procedimento funciona como uma conexão boca a boca com tubos de similar tamanho e apresentam taxas de sucesso maiores (90%). Pacientes com maior tempo de vasectomia tem maior probabilidade de realizar uma cirurgia que envolve o bypass (ponte) entre o ducto deferente proximal e o epidídimo (órgão que fica em volta do testículo). Esse procedimento tem alta complexidade e menor chance de sucesso (60%).
- Definição de quantos filhos o casal quer ter: casais que desejam ter 2 ou mais filhos, devem pensar em realizar a reversão, já que o método se torna financeiramente mais viável que a fertilização in vitro (FIV).
- Desejo do casal: muitas vezes nos deparamos com situações em que o casal tem fatores que falam contra a reversão da vasectomia, porém desejam tentar ter filhos naturalmente.
- Custo: a reversão de vasectomia tem um custo muito menor que a FIV e não dificulta a realização da FIV nos casos de falha da reversão. O contrário não é verdadeiro.
Por fim, a recuperação no pós-operatório também difere muito da vasectomia, e, por ser um procedimento mais delicado, requer maior resguardo por parte do paciente. Em geral é recomendado repouso relativo por uma média de catorze dias, período que pode variar de acordo com a cicatrização de cada indivíduo. Outro fato importante na recuperação é a necessidade de abstinência sexual completa por três semanas.
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